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Secretaria confirma desconto para professores em greve

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Professores da rede estadual que estão em greve há cerca de um mês decidiram montar acampamento em frente ao NRE (Núcleo Regional de Educação) em Cascavel. Eles começaram a chegar ao local pouco depois das 06 horas de ontem (25), sentaram-se na escadaria que dá acesso ao núcleo e impediram a entrada dos servidores que trabalham no local. Os protestos em frente aos núcleos aconteceram em todo o Paraná, mas em Cascavel os manifestantes optaram em montar acampamento por tempo indeterminado.

A ideia era impedir o envio de faltas que podem ter sido encaminhadas por alguns diretores a pedido da Seed (Secretaria de Estado da Educação). Professores dizem que houve muita pressão na semana passada para que os diretores encaminhassem as faltas dos grevistas. Ontem, a secretária de Educação Ana Seres confirmou que o governo está processando o desconto em salário dos dias parados. Ela também comentou sobre os protestos em frente aos núcleos.

Lamento tudo isso, pois os Núcleos Regionais têm que trabalhar, inclusive nos passando os relatórios de faltas, explicou a secretária.

Na manhã de ontem, cerca de 40 diretores de escolas estiveram reunidos na APP-Sindicato em Cascavel para discutir a questão. De acordo com o professor Celso Correa Junior, diretor do Ceebja Wilson Antonio Neduziak, a grande maioria dos diretores não encaminhou o relatório de faltas.

Pode ser que exista um ou outro que tenha enviado porque a pressão foi grande na semana passada, diz.

De acordo com o diretor, houve ameaças de processos administrativos e muita pressão para cima dos diretores. Eles elaboraram uma ata na qual afirmam que não aceitam a pressão do governo e reafirmaram que não irão enviar o relatório de faltas. A APP-Sindicato pretende apresentar hoje uma denúncia junto ao MP (Ministério Público) e ao próprio NRE por assédio moral. Na tarde de ontem assinaturas estavam sendo coletadas para protocolar o documento.

Vamos protocolar o documento e pedir que o Ministério Público investigue, diz Celso. Ele explica que a lei que garante o direito à greve proíbe que os dias parados sejam descontados.

Ontem, no momento em que os professores chegaram ao NRE para acampar no local, a chefe do núcleo, Inez Dalavechia, já estava no prédio. Os professores suspeitam que ela chegou ainda de madrugada porque sabia do protesto e se antecipou para poder transmitir as faltas. Inez afirma que as faltas foram encaminhadas para Curitiba ainda na sexta-feira (22), mas não soube dizer o número exato de diretores que encaminharam as faltas.

A chefe do NRE deixou o local por volta das 10 horas. Os professores fizeram dois cordões humanos até a rua para ela passar por entre eles enquanto cantavam a música Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré. Visivelmente constrangida, Inez tentou cantar junto com os professores, sorriu, se despediu deles e ouviu gritos de Fora, Beto Richa. Na saída, ela disse que os professores estão exercendo um direito deles e que é preciso ser respeitado. Segundo ela, o NRE tem buscado dialogar com os grevistas.

O professor Daniel Matoso, da APP-Sindicato, disse que os professores ficarão em frente ao NRE por tempo indeterminado até receberem uma orientação do comando estadual de greve.

A secretária de Educação reforçou o apelo pelo retorno das aulas e pediu aos pais de estudantes que procurem as escolas de seus filhos e conversem sobre a possibilidade de atendimento das crianças e adolescentes. Há casos de escolas abertas, mas que não estão funcionando totalmente, pois os alunos não vão, disse Ana Seres.

A secretária frisou ainda que esta segunda paralisação, já com 25 dias de duração, compromete o calendário escolar, sendo especialmente prejudicados os alunos que farão Enem e vestibular.

As aulas, em alguns casos, só serão encerradas em fevereiro de 2016. Como há casos de escolas abertas, fechadas ou em funcionamento parcial, cada Núcleo Regional de Educação terá que elaborar e homologar calendários específicos para a realidade local.

Até ontem, eram 352 escolas fechadas, entre as 2.158 que compõem a rede estadual. As demais funcionam totalmente ou parcialmente.

Socioeducadores

Mais uma categoria do funcionalismo público do Paraná entrou em greve ontem (25). Dessa vez, os socioeducadores anunciaram a paralisação que começou na parte da manhã em Curitiba e deve estender-se para outras unidades do Estado durante a semana.

Nós começamos a paralisação hoje em Curitiba e em outras cidades a paralisação deve começar no decorrer do dia ou da semana, falou o presidente do Sindec (Sindicato dos Servidores da Socieducação do Paraná), Dirceu de Paula Soares.

As atividades realizadas pelos socioeducadores com os adolescentes infratores serão interrompidas parcialmente, sendo mantidos apenas os serviços essenciais.

Em Cascavel, na manhã de ontem, ainda não havia paralisação dos serviços.

Os socioeducadores se unem a outros servidores do estado que reivindicam reajuste salarial, que contemple pelo menos a reposição inflacionária dos últimos 12 meses. A categoria também pede contratação de mais funcionários e melhores condições de trabalho.

No Paraná, já estão em greve os professores, os agentes penitenciários e servidores do sistema penitenciário e servidores da saúde.

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