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Sem acordo, começa greve dos funcionários dos Correios no Paraná

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Começou na noite de terça (19) a greve dos cerca de 1.300 funcionários dos Correios do Paraná. A decisão de paralisação por tempo indeterminado foi tomada em assembléia. A paralisação envolve também os trabalhadores dos sindicatos de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Brasília (DF), Campinas (SP), Ceará, Espírito Santo, Goiás, Juiz de Fora (MG), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Ribeirão Preto (SP), Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Maria (RS), Santos (SP), São José do Rio Preto (SP), Sergipe, Santa Catarina, Uberaba (MG) e Vale do Paraíba (SP). Na manhã desta terça (20), os trabalhadores estão reunidos na frente da sede dos Correios no Centro da Cidade, na João Negrão.

Após mais de 40 dias de atraso para dar início às negociações, começaram na semana passada, as tratativas entre trabalhadores e diretoria dos Correios para a Campanha Salarial 2017/18. No terceiro dia (14), a empresa apresentou uma lista que retira diversos benefícios e conquistas do acordo coletivo anterior. A proposta da empresa foi imediatamente apelidada como “pacote de maldades”, já alinhada à Reforma Trabalhista, o que é, na prática, a exclusão de várias cláusulas benéficas para o trabalhador. O presidente da empresa, Guilherme Campos, não compareceu às reuniões, o que foi interpretado pelo comando de negociações como desrespeito e desprezo pelos trabalhadores.

Entre as conquistas trabalhistas que a ECT quer retirar dos trabalhadores, destacam-se o fim da obrigatoriedade dos concursos públicos; fim de pagamento de horas extras, instituindo banco de horas; fim da entrega de correspondências pela manhã, já flexibilizando e aumentando a jornada durante a tarde e a noite; retira a segurança armada dos bancos postais e das agências; extingue as cláusulas de proteção às gestantes, que poderão trabalhar em locais impróprios ou insalubres (salvo se houver recomendação médica, mas o médico será designado pela empresa e não precisa ser um especialista); exclui as comissões regionais que tratam da violência contra a mulher e da violação dos direitos humanos; retira a indenização por morte ou invalidez permanente; exclui textos que dificultem ou criem barreiras para a execução da Dispensa Motivada; extingue a fiscalização do cumprimento do acordo coletivo de trabalho por parte do sindicato e proíbe o aceso de dirigentes sindicais nos locais de trabalho; acaba com a participação dos aposentados nas ações da ECT entre outras medidas.

O secretário geral do Sindicato dos Talhadores dos Correios no Paraná (Sintcom-PR), Marcos Rogério Inocêncio (China), comenta que essa é a pior de todas as propostas das últimas cinquenta décadas de história dos Correios. Para o líder sindical, o objetivo é de enxugamento e sucateamento da estatal visando a privatização, já tendo anunciado a abertura do capital como início do processo. “O objetivo é muito claro: colocar os Correios no segundo pacote das privatizações, entregando para o capital estrangeiro privado. O reflexo disso serão as demissões, precarização do trabalho terceirizado, o fim das entregas nos locais mais distantes e de difícil acesso, onde a iniciativa privada não tem interesse em atuar. Obviamente, as empresas que assumirem o papel dos Correios terão a proteção do Estado para operar em certos lugares sem concorrência e os serviços custarão mais caro”, apontou China.

Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal.

Segundo nota da direção dos Correios, a paralisação parcial, iniciada nesta quarta-feira (20) por alguns sindicatos da categoria, não afeta os serviços de atendimento dos Correios. Até o momento, todas as agências, inclusive nas regiões que aderiram ao movimento paredista, estão abertas e todos os serviços estão disponíveis.

Nesses locais, a empresa já colocou em prática seu Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população. Os Correios informam que o movimento está concentrado na área de distribuição — levantamento parcial realizado na manhã de hoje mostra que 93,17% do efetivo total dos Correios no Brasil está presente e trabalhando — o que corresponde a 101.161 empregados, número apurado por meio de sistema eletrônico de presença. No Paraná, 90,89% do efetivo está presente e trabalhando — o que corresponde a 5.389 empregados.

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