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Soldado que atirou em dois policiais tinha passado por avaliação psicológica no fim de 2017, diz Sesp

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Exame de Lucas Santos Araújo não detectou problemas, conforme a secretaria. Ele morreu no domingo (02), depois de atirar contra dois colegas de corporação, em Ivaiporã (Foto: Reprodução/RPC)

O soldado Lucas Santos Araújo, que atirou contra dois colegas da corporação em Ivaiporã, no norte do Paraná, tinha passado por avaliação psicológica no fim de 2017, e o exame não atestou nenhum problema, segundo a Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (Sesp-PR).

“Não foi detectado nada (…) Então, além de não ter o indicativo dos familiares e dos colegas, dessa eventual alteração, ele foi recentemente avaliado”, afirmou o secretário de Segurança Julio Reis.

O subtenente Luiz Antônio Abba, que tinha investigado Araújo em um processo administrativo, e o soldado Robson Alves Medina morreram na troca de tiro na 6ª Companhia Independente de Polícia Militar (PM), no domingo (02). Lucas morreu em frente à companhia, e a polícia diz que há indícios de que ele tirou a própria vida.

A Corregedoria da PM apura as causas das mortes, e a Polícia Civil também investiga o caso. Além disso, um inquérito foi aberto para apurar o resultado da avaliação psicológica.

 

Exames psicológicos anuais

Problemas de saúde, a maioria psicológicos, são responsáveis pelo afastamento de 4,8 mil dos 16 mil policiais militares do Paraná. A lei determina que, uma vez por ano, todos os policiais militares e civis passem por uma avaliação psicológica com médico, psicólogo e assistente social.

Mas, para a Associação de Praças do Estado do Paraná (Apras), essa norma não vem sendo cumprida pelo estado.

“O Comando diz que o faz de maneira pontual, ou quando o próprio policial procura, ou quando os policiais vão ser avaliados nos cursos que são feitos ao longo da carreira. Mas não é feito da forma que a lei determina”, afirma Carlos Alberto Lopes de Souza, da Apras.

O secretário Julio Reis, diz que, apesar da determinação, é muito difícil que todos passem pela avaliação anual. Mas que, no caso da PM, no ano passado, 95% fizeram o exame psicológico.

“São 23 mil servidores. Todo ano, passar por isso, não é fácil a aplicação”, pontua Reis.

 

Sepultamentos

O enterro do subtenente Luís Antônio Abba foi marcado por homenagens e honras militares, no Cemitério Municipal de Ivaiporã.

Abba, que estava na polícia militar há 26 anos, também era pastor evangélico. No velório dele, a sede da igreja ficou lotada. A filha do subtenente, Elisabeth Abba, disse que a polícia era uma paixão do pai.

“Assim como a igreja, essa igreja que ele tanto trabalhou. Vinte e seis anos cuidando dessa igreja também. A igreja e a polícia eram o amor dele”, afirmou.

O soldado Robson Medina estava há dois anos na PM. Primeiro ele foi velado em Ivaiporã, onde trabalhava e morava com a mulher e os filhos. Depois, o corpo dele foi transportado para Arapuã, cidade que fica a 20 km de Ivaiporã, onde foi sepultado. Familiares e amigos puderam se despedir do militar.

“Ele foi um homem honrado, um homem de Deus, e ele fez o melhor que podia fazer aqui na terra”, disse a irmã do soldado, Rosemeire Medina.

Durante o velório, houve comoção dos colegas da PM. O enterro teve também muitas homenagens e honras militares.

Para o amigo, o soldado André Miranda, é difícil descrever a perda dos dois colegas de trabalho.

“Você perder duas pessoas com a bondade deles, é imensurável. Não tem palavras para descrever. Vão ficar para sempre na memória e no coração”, lamentou.

O corpo do autor do atentado, o soldado Lucas Santos Araújo, foi levado para Pitanga, na região central do estado, onde ele morava com a família.

A comandante da PM no Paraná, Audilene Rocha, participou das homenagens e disse o Inquérito Policial Militar foi aberto imediatamente para apurar as circunstâncias do atentado.

 

Relembre o caso

Segundo a Central de Operações Policias Militares (Copom), quando chegava para assumir o turno, o soldado Lucas Santos Araújo atirou no subtenente Luiz Antônio Abba, morto no local, e no soldado Robson Alves Medina, que morreu no hospital.

Abba e Medina estavam em um carro que sairia do quartel. No banco de trás havia mais um policial, que não foi ferido.

No momento dos disparos, policiais que estavam na companhia teriam tentado conter o soldado. Houve troca de tiros entre os policiais.

Lucas morreu em frente à companhia e, segundo a polícia, tudo indica que ele tirou a própria vida. “Ele atirou em dois [policiais], e depois as imagens, tudo indica que ele mesmo atirou contra si”, afirmou a comandante da PM, Audilene Rocha.

Segundo o comandante da 6ª Companhia Independente da Polícia Militar, Elio Boing, o subtenente Abba foi responsável pela conclusão do Formulário de Apuração de Transgressão Disciplinar (FATD) contra o soldado Santos Araújo.

Abba foi responsável apenas pela apuração e conclusão da falha administrativa. A punição ainda não tinha sido aplicada porque o processo administrativo estava em fase de recurso no Comando Regional da Polícia Militar.

Além disso, segundo a PM, ele também foi considerado culpado em um processo administrativo por falsa denúncia.

Nenhum dos processos internos culminaria na expulsão do soldado da corporação, apenas em penas disciplinares, ainda conforme a PM.

 

Com RPC

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