Fale com a gente

Policial

Produção de maconha migra para a fronteira com o Paraná

Publicado

em

Divulgação
Em todo o Paraguai, cerca de seis mil hectares são usados para o cultivo da maconha

 

A produção de maconha em regiões tradicionais do cultivo no Paraguai, como Capitan Bado e Pedro Juan Caballero, no Departamento de Amambay, diminuiu muito nos últimos três anos. Essa produção, porém, migrou para outros departamentos, como Canindeyú, na fronteira com o Paraná. A informação foi dada ontem (16) à reportagem do Jornal O Presente por uma fonte do diário no Paraguai, que prefere o anonimato.
O motivo da queda, diz o informante, é a diminuição do espaço destinado à cultura. Ocorre que o cultivo da maconha, embora tenha preço elevado no Brasil, no Paraguai é para os produtores semelhantes à “mandioca”, ironiza a fonte brasileira, que cita, ainda que o produto perdeu espaço nas regiões citadas para a agropecuária e soja, que se tornaram atrativas.

Em todo Paraguai, a estimativa é de que seis mil hectares sejam destinados ao cultivo da maconha (cada área é utilizada, por ano, em média para três safras), sendo que em cada um deles é produzido aproximadamente três mil quilos da droga. Essa média nacional se manteve nos últimos anos, mas as regiões-focos dos produtores mudaram. Em média, de 3,5 a quatro mil hectares eram usados para plantio de maconha no Departamento de Amambay. “Capitan Bado não produz nem 10% do que produzia antes, praticamente acabaram as plantações”, afirma o brasileiro.

Migração
Com a migração da produção de maconha para o Departamento de Canindeyú, grandes organizações criminosas se instalaram na fronteira do Paraguai com o Paraná. A droga, que antes saía do Paraguai pelo Mato Grosso do Sul, na fronteira seca, agora vem pelo Lago de Itaipu. “Sai tudo por aí. Antes se via apreensões de caminhões com dez, 15, 20 mil quilos de maconha no Mato Grosso do Sul, que saíam de Capitan Bado e Pedro Juan, agora não pegam mais nada. Às vezes pegam 500, mil quilos. Agora, sai tudo pelo Lago de Itaipu”, afirma o brasileiro.
A saída, segundo ele, considerando o Lago de Itaipu, de Guaíra a Foz do Iguaçu, ocorre mais por Guaíra.  
De acordo com o informante, os grandes narcotraficantes que estavam em Amambay, lá permaneceram, vindo para Canindeyú apenas os pequenos, que agora já são grandes. O trecho entre Guaíra e Ciudad Del Este é dominado pelo Comando Vermelho (CV), enquanto a Fronteira seca do Mato Grosso do Sul ficou por conta do Primeiro Comando da Capital (PCC), interessado no comércio de crack e cocaína.

Crack
Os grandes traficantes do Departamento de Amambay, porém, não saíram do Estado devido à baixa na produção de maconha. Segundo o brasileiro, partiram para um ramo bem mais lucrativo, o crack. “Os caras que eram traficantes de maconha viraram de crack. Existe cocaína também, mas o mais forte é o crack”, informa. A margem de lucro é bem maior, comenta. “A maconha não dá muito lucro na fronteira, só quando chega a São Paulo, por exemplo. Aqui (Paraguai), é só pra viver”, justifica.  
A fonte explica que a cocaína pura, matéria-prima do crack, vem de avião da Bolívia e Colômbia. No Paraguai ela é ‘batizada’ e um quilo virá até três de crack. Para se ter ideia do lucro, na Bolívia o quilo da cocaína sai por cerca de
US$ 1,1 mil e quando chega ao Paraguai custa US$ 3,5 mil. Em São Paulo, o quilo da droga já chega por US$ 8 mil. “E é uma coisa que não dá volume, você coloca dez quilos no tanque (do veículo) e vai embora, ninguém te pega. A maconha tem que encher um caminhão pra ganhar dinheiro, aí é difícil. A margem de perda da mercadoria (crack) também é menor”, relata.
O quilo da maconha ‘tradicional’ no Paraguai custa em torno de R$ 20. Já outras ‘especiais’, como a ‘mentolada’, ‘haxixada’ e ‘hidropônica’ tem um preço cerca de três vezes maior, tendo em vista que são mais fortes. 

Copyright © 2017 O Presente