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Política Em busca de alternativas

Assembleia debate impacto dos acidentes com motos no sistema de saúde

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Audiência pública com o tema "Maio Amarelo - Os impactos dos acidentes de moto no Sistema de Saúde" realizada ontem (08) (Foto: Sandro Nascimento/Alep)

A busca de alternativas para a diminuição do número de acidentes de trânsito, especialmente de acidentes envolvendo motocicletas, motivou uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná nesta terça-feira (8), como parte da campanha do “Maio Amarelo”, de conscientização por mais segurança no trânsito. Com coordenação do deputado Delegado Recalcatti (PSD), com apoio dos deputados Rasca Rodrigues (Podemos) e Hussein Bakri (PSD), a reunião debateu especialmente aspectos relacionados aos impactos dos acidentes na saúde pública.

Segundo dados apresentados pelo diretor técnico do Hospital Cajuru, de Curitiba, Juliano Gaspareto, o custo anual para atendimento de politraumatizados no trânsito chega a R$ 100 milhões. O hospital absorve 70% das ocorrências de Curitiba e o restante da Região Metropolitana. Cerca de 570 acidentados de moto chegam mensalmente ao atendimento do Pronto Socorro.

“São recursos elevados para atenção nos casos de trauma por acidente de trânsito. Fazemos cerca de cinco mil atendimentos por mês de politraumatismos referentes a acidentes de trânsito. Mas no caso das motos, elas representam 13% de todo o orçamento destinado para o atendimento de traumas. Isso poderia ser muito bem canalizado para outras áreas, se houvesse uma perspectiva de educação e conscientização no trânsito”, afirmou.

Da experiência hospitalar, além dos casos de morte, existe ainda elevada parcela de sequelas em razão dos acidentes. Para os reflexos neurológicos, de todos os atendimentos 14% envolvendo motos deixam alguma lesão. “Quando não temos uma situação de morte instantânea ou mesmo de morte no hospital, existem ainda situações de graves sequelas, principalmente de afetação neurológica”, acrescentou Gaspareto.

 

Conscientização

O perfil das pessoas envolvidas com acidentes de trânsito envolvendo motos diz respeito especialmente a homens (73%) na faixa de 18 a 24 anos. Na opinião da presidente do Instituto Paz no Trânsito (Iptran), Heloísa Rocha, é preciso mudar a mentalidade dos motoristas. “O trânsito sou eu e todos nós. Enquanto nãos mudarmos esta mentalidade de que o outro é uma ‘pessoa’ no trânsito, e não um carro ou uma moto, vamos continuar com elevados números de acidentes. A mudança precisa vir pela consciência de que o trânsito mata e de que precisamos respeitar as pessoas”, acrescentou.

Em 2018, conforme dados apresentados pela coordenadora do projeto Vida no Trânsito, da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Anna Ruzyk, 66 pessoas morreram com envolvimento em acidente de motos, na capital do Paraná. Os acidentes acontecem principalmente aos sábados à tarde e nas madrugadas de domingo e de segunda-feira. “Nosso ponto de atuação é trabalhar na conduta das pessoas. O trânsito precisa ser previsível. O desrespeito à sinalização, a alta velocidade e o álcool foram os principais fatores causadores de acidentes em 2017”.

No ano passado, as autuações por embriaguez ao volante foram 1.253, somente em Curitiba. Neste ano os números já chegam a 301 infrações. E os casos de homicídio no trânsito em 2017 foram de 138, segundo dados apresentados pelo delegado-chefe da Delegacia de Delitos e Acidentes de Trânsito da Capital, Vinícius Augustus de Carvalho.

 

Educação

Para o deputado Delegado Recalcatti, o principal objetivo agora é ampliar as campanhas de educação e formação de condutores, despertando a consciência para os perigos e responsabilidades no trânsito. “Apenas multar não resolve. Precisamos orientar a população. Vemos um grande abuso, além da imprudência das pessoas no trânsito. Por isso é necessário um amplo trabalho de conscientização, para que a gente previna o acidente, porque, às vezes, além de um acidente fatal, tirando vidas, ficam ainda grandes e permanentes sequelas”.

Sobre a discussão realizada no Legislativo, o deputado Rasca Rodrigues ressaltou a relevância do debate para amplificar o tema e buscar mecanismos de apoio e informação para a sociedade. “São os jovens que estão envolvidos nestes acidentes e representam os maiores números nas estatísticas, com mais de 50% dos casos, que quando não são fatais, têm outras graves consequências. Importante pensarmos neste assunto, fazermos uma reflexão, pois o Estado pode viabilizar políticas públicas de orientação e educação”.

Para o deputado Hussein Bakri, as atitudes dos motoristas devem ser o principal foco de atenção para que possamos vir a ter no futuro um trânsito mais seguro. O parlamentar acredita que campanhas permanentes de educação e orientação, principalmente com as crianças e jovens, são uma forma eficiente de fomentar a discussão nas famílias. “A questão é a atitude. Uma atitude pode mudar toda uma realidade no trânsito. Por isso, se um filho alerta o pai, o tio e o avô, sobre os cuidados ao dirigir, teremos condutores muito mais conscientes”.

Participaram da audiência pública representantes da Secretaria Municipal de Trânsito de Curitiba (Setran), do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), da Secretaria de Estado da Saúde, de médicos ortopedistas, além de representantes dos motociclistas.

 

Com assessoria

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