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Política

Em quatro meses, governo do Paraná gasta apenas R$ 70,4 milhões com obras

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Jorge Woll

Raridade: duplicação da rodovia que liga Pinhais a Piraquara, faz parte dos poucos investimentos em andamento no estado

 

Com a 5ª maior economia do país, o governo do Paraná fez investimentos de apenas R$ 70,4 milhões ao longo dos quatro primeiros meses de 2015. O valor é irrisório se forem levadas em conta as palavras do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, de que um estado do porte paranaense tem de investir em torno de R$ 5 bilhões ao ano.

Além disso, o dado reforça as afirmações do próprio Costa de que os ajustes fiscais feitos desde o ano passado são necessários para que o Paraná deixe de ter verba suficiente apenas para pagar pessoal.

O balanço das contas do Executivo no 1º quadrimestre do ano foi divulgado em Diário Oficial com data da próxima segunda-feira (08). Nos próximos dias, o balanço deve ser apresentado formalmente aos deputados estaduais. Os dados mostram que o governador Beto Richa (PSDB) terá dificuldades para contornar os problemas de caixa e retomar obras.

Entre janeiro e abril, o governo empenhou (ou seja, reservou recursos no orçamento) R$ 70,4 milhões para investimentos. Considerados os valores efetivamente pagos, o montante é de apenas R$ 11,2 milhões. Para efeito de comparação, o total empenhado corresponde a somente 4,56% do que o Executivo estadual empenhou para investir durante todo o ano passado. Para manter o ritmo de 2014 sem projetar qualquer aumento nos recursos , a quantia investida neste ano já deveria estar na casa dos R$ 386,3 milhões.

O quadro se torna ainda mais preocupante se comparado aos cerca de R$ 7 bilhões para investimentos previstos na Lei Orçamentário Anual (LOA) de 2015. Fica evidente nos números que sistematicamente a Fazenda vem superestimando o orçamento estadual. Em 2014, por exemplo, foram investidos apenas R$ 1,545 bilhão dos R$ 6 bilhões que constavam da previsão na LOA daquele ano.

Um estado com um orçamento de R$ 50 bilhões não pode investir só R$ 1 bilhão, tem de investir R$ 5 bilhões, costuma dizer Mauro Ricardo Costa.

A falta de investimentos no Paraná tem relação direta com a fatia do orçamento que é consumida com o pagamento de funcionários. Nos primeiros meses do ano, Costa chegou a afirmar que o governo estava contando os centavos para manter em dia a folha. Para que isso fosse possível, contou com a ajuda dos outros poderes do estado, que abriram mão de recursos a que tinham direito no orçamento do estado.

Nesse sentido, o Executivo conseguiu reduzir as despesas com pessoal de dezembro de 2014 para abril deste ano: de 46,76% da sua receita corrente líquida para 45,97%. A queda garantiu que o governo ficasse abaixo do limite prudencial de 46,55% estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Com a provável mudança da data-base do funcionalismo de maio para janeiro, o índice deve se manter estável no segundo quadrimestre, mas certamente voltará a subir nos últimos quatro meses do ano, quando os servidores receberão parte da reposição inflacionária.

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