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Política

Esperamos que as questões políticas sejam deixadas de lado neste momento, diz Copatti

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Maria Cristina Kunzler/OP

Prefeito eleito Airton Copatti: É claro que o melhor teria sido conseguir a maioria na Câmara para ter uma administração mais tranquila neste sentido, mas isso faz parte da democracia

 

Foram apenas 143 votos de diferença, mas o suficiente para garantir a vitória do médico veterinário Airton Copatti (PMDB) e do vereador Evandro Grade (Zado) (PDT) como prefeito e vice-prefeito eleitos de Santa Helena, respectivamente, para a gestão 2017/2020. Eles disputaram a eleição contra o atual prefeito Jucerlei Sototiva (PP) e o vice Margon Strassburger (SD), que não conseguiram garantir mais um mandato.

Um dos fatores que contribuíram para o sucesso nas urnas foi o fato de que a oposição se uniu e formou a coligação Novo Tempo Por Santa Helena (PMDB, PDT, PPS, PTN, PSB e PSC). Desta forma, a disputa ficou polarizada em apenas duas candidaturas à majoritária. Além disso, Copatti e Zado contaram com o desgaste da atual administração, que durante o mandato acumulou recursos em caixa e deixou de investir em áreas consideradas essenciais, apontam os oposicionistas.

Em entrevista ao Jornal O Presente, o prefeito eleito fez uma análise do resultado da eleição e mostrou preocupação sobre como deve receber a prefeitura no dia 1º de janeiro, especialmente em relação às finanças. Na semana passada houve o primeiro contato para início da transição, a partir do qual ele deve ter conhecimento sobre como está o Poder Executivo. O peemedebista também enaltece que a geração de empregos deve ser uma das prioridades e comenta a respeito do fato do seu grupo não ter conseguido alcançar a maioria dos eleitos para a próxima legislatura na Câmara de Vereadores. Confira.

 

O Presente (OP): O senhor disputou uma campanha com um candidato à reeleição, o que teoricamente é mais difícil por ter a máquina pública a seu favor. A que o senhor atribui o resultado nas urnas?

Airton Coppatti (AC): Na nossa avaliação entendemos que dois grandes fatores contribuíram para a vitória no dia 02 de outubro. Uma em relação à atual administração e outra sobre a nossa campanha, que foi feita de forma democrática, desde as primeiras conversas com os partidos, construção dos nomes e das propostas, em que envolvemos a população de forma geral. Isso tornou a campanha forte e emotiva, as pessoas participaram de forma voluntária, querendo e buscando uma renovação em termos de proposta e de nomes. Isso se deu no dia 02 de outubro. De outra parte houve uma reprovação da atual administração na forma como está sendo feita, principalmente em alguns pontos. O governo deixou para aplicar os recursos no último ano e, no entendimento da população, trata-se de uma velha prática. A população precisa de saúde, educação, dentre outros serviços, durante os quatro anos. Percebemos na campanha que a população rejeita este tipo de administração. Os recursos foram sendo acumulados nas contas e não foram aplicados nos setores essenciais, como na saúde, educação, agricultura e pecuária e em setores que são deficitários em Santa Helena, como na geração de empregos.

 

OP: O senhor já tem conhecimento do quanto o caixa da prefeitura possui atualmente em recursos?

AC: Foi formada a equipe de transição para fazer este levantamento. Vamos buscar todos os dados de forma transparente, como em relação aos contratos, saldo bancário, contratos futuros, convênios, enfim, tudo aquilo que é necessário saber para que a partir de 1º de janeiro possamos desenvolver nosso trabalho. Sabemos que o atual prefeito prorrogou alguns contratos, mesmo antes de discutir com a equipe de transição para que se fosse possível chegar em um entendimento se haveria ou não necessidade deste ato. Isso pode comprometer a administração e as finanças, principalmente para o próximo ano. Enquanto isso sabemos que há uma necessidade grande de desenvolvimento como na geração de empregos. Para tanto precisamos que a prefeitura esteja em condições para que possamos realizar este trabalho. Ele (prefeito) tem falado que tem dinheiro em caixa, mas sabemos que há também muitos compromissos futuros. Esperamos que a prefeitura não esteja em uma situação comprometedora para que não prejudique o nosso primeiro ano de administração.

 

OP: O senhor acredita que a transição será dará em um processo tranquilo?

AC: O que espero é que seja tranquilo, porque a população necessita que seja assim para que o município consiga se desenvolver. Já no primeiro ano precisamos tocar muitas coisas que ficaram paradas nos últimos anos. Isso vai depender de uma transição agora e de um bom entendimento neste sentido, até para que setores prioritários tenham, a partir de 1º de janeiro, condições de trabalharmos. Isso vai depender de como serão os trabalhos e a transição nestes dois meses que restam da administração. Sabemos que o prefeito tem encaminhado à Câmara de Vereadores projetos de forma atropelada e sem uma discussão com a comunidade, enquanto outros que deveriam ter tido andamento e que são prioridades não estão sendo atendidos. Isso dificulta muito e seria necessário nesta transição um bom entendimento. Esperamos que as questões políticas sejam deixadas de lado neste momento, porque o benefício precisa ser em prol da população para que o município tenha, a partir de 1º de janeiro, condições de fazer um bom trabalho.

 

OP: O senhor teme assumir um governo já comprometido?

AC: Estão sendo feitas prorrogações de contratos, o que entendemos que deveriam ter sido discutidas com a equipe de transição e com a equipe da prefeitura para se buscar se era o melhor caminho, além de outros investimentos que estão sendo propostos somente agora, os quais necessitariam de um planejamento maior.

 

OP: Há contratos então que o senhor por rever quando assumir o governo?

AC: Com certeza, porque precisamos fazer uma administração transparente. Há contratos que precisamos avaliar se realmente trarão benefícios para o município ou se podem comprometer a administração, principalmente no primeiro ano. No nosso entendimento isso precisa ser revisto e analisado, mas será feito de forma tranquila e harmoniosa.

 

OP: O senhor já começou a esboçar qual deve ser a sua equipe de governo? Já há algum nome definido?

AC: Montamos a equipe de transição e começamos a conversar com o nosso grupo de partidos e pessoas que nos ajudaram durante a campanha. Assim como fizemos durante a eleição, de forma democrática, faremos na construção da equipe. Sabemos que para vencer uma campanha não se trabalha sozinho, mas em equipe. Buscamos isso durante todo período e agora novamente, pois para se fazer uma boa administração vamos procurar formar uma boa equipe. Estamos conversando com os partidos e pessoas que integram este grupo para que construa uma equipe boa e profissional, o que é nosso compromisso.

 

OP: Qual será o papel do vice-prefeito eleito? Ele assume algum cargo?

AC: A princípio ele não assume nenhuma secretaria, mas terá um papel fundamental. Ele terá um espaço muito bom na administração, até porque tem conhecimento e vai me ajudar muito no governo. Ele vai atuar, além da parte política, na administração, pois sabemos que o trabalho é grande e precisamos somar esforços para ter um governo que chegue ao final de quatro anos e seja motivo de orgulho para a população. O Zado tem a minha confiança e tenho certeza que vai desempenhar um papel muito grande na administração, me auxiliando em todos os setores.

 

OP: A sua coligação não conseguiu eleger a maioria na Câmara de Vereadores. Este é um aspecto que preocupa o futuro governo?

AC: É claro que o melhor teria sido conseguir a maioria na Câmara para ter uma administração mais tranquila neste sentido, mas isso faz parte da democracia. É preciso saber administrar das duas formas, tendo ou não maioria. Entendemos que pelo fato de não termos maioria pode causar um pouco de dificuldade, mas penso que assim como nós que estamos na oposição hoje votamos mais de 90% dos projetos, achamos que os eleitos que estarão na oposição vão querer o melhor para Santa Helena e votarão projetos voltados ao desenvolvimento do município.

 

OP: Existe a possibilidade de trazer para seu grupo político algum vereador que estará na futura oposição? O senhor vislumbra isso?

AC: Isso pode acontecer de forma natural, se for entendimento de que as políticas que faremos para o município são construtivas e, neste sentido, se houver entendimento de algum vereador de oposição. Teremos um bom diálogo com a Câmara de Vereadores e este será o primeiro passo, com muito respeito de ambas as partes para que se consiga, se for entendimento de que alguém pode vir a integrar nosso grupo de forma natural, vai acontecer desta forma.

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