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Política Marechal Rondon

“Meu desejo é manter um bom diálogo com o Executivo”, diz novo presidente da Câmara

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Presidente da Câmara de Vereadores de Marechal Rondon, Claudio Köhler (Claudinho) (PP): “Confesso que fiquei triste com a forma com que o agora ex-presidente, Pedro Rauber (DEM), conduziu o processo de eleição e pós-eleição da mesa. Para se ter ideia, nem a chave da Câmara eu recebi” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

Os vereadores de Marechal Cândido Rondon retornam oficialmente aos trabalhos na segunda-feira (04), quando serão retomadas as sessões ordinárias após o período de recesso.
No dia 1º de janeiro, Claudio Köhler (Claudinho) (PP) assumiu a presidência do Legislativo e, em entrevista ao Jornal O Presente, ele falou sobre as expectativas para o ano e lamentou não ter recebido sequer as chaves da Casa de Leis do seu antecessor, Pedro Rauber (DEM).
O pepista também comentou que deve ser votado, possivelmente na segunda sessão ordinária de 2019, o veto do prefeito Marcio Rauber (DEM) a uma emenda apresentada por sete dos oito vereadores que integram o chamado G8 – grupo de oito parlamentares que formaram uma nova aliança na Câmara – ao projeto que prevê a implantação do Procon no município.
A emenda “determina que os cargos de coordenador geral e subcoordenador geral, a serem nomeados pelo prefeito, deverão ser ocupados, respectivamente, por advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil e por bacharel em Direito”. Confira.

O Presente (OP): As sessões ordinárias da Câmara de Vereadores serão retomadas na segunda-feira (04). Já foram definidos os presidentes, relatores e membros das comissões permanentes da Câmara?
Claudio Köhler (CK): Não, porque entre os vereadores eles irão marcar os dias que farão as reuniões das comissões. E entre os três membros eleitos, decidirão quem será o presidente, o relator e o membro. Praticamente está pré-definido quem ocupará qual cargo, mas isso irão votar entre votos, avaliar e nos passar quem venceu.

OP: Já existe algum projeto de relevância para ser votado ou que começa a tramitar na Câmara na segunda?
CK: A princípio não. Não recebemos nenhum projeto de lei ainda do Executivo, até porque a pauta ficou totalmente limpa quando encerramos as atividades em 2018. Só teve aquela sessão extraordinária, que fizemos há poucos dias em relação ao veto do prefeito à emenda para implantação do Procon. Acredito que semana que vem as comissões já se reunirão para avaliar o veto e dar o parecer, que pode ser analisado na segunda sessão ordinária. Esse parecer já volta à pauta para entrar em votação.

OP: Este assunto acabou ganhando certa repercussão, pois o Procon está inclusive com a instalação física quase pronta. Então possivelmente a prefeitura aguarda essa votação para dar andamento à abertura do órgão…
CK: Até mesmo porque a equipe tem que ser treinada.

OP: Diante do G8, o senhor vê com maior possibilidade a derrubada ou a manutenção do veto?
CK: Não vejo dessa forma. Terá uma análise técnica em relação ao veto. Eu já tenho o meu entendimento em relação a isso, mas como muitos dos vereadores estavam ausentes no município, semana que vem vamos conversar referente ao assunto e tomar a decisão que tem que ser tomada.

OP: Uma das marcas da gestão do ex-presidente da Câmara, Pedro Rauber (DEM), foi a devolução antecipada de recursos ao Executivo. No entanto, houve algumas críticas de vereadores, que o acusaram de estar supostamente utilizando o ato para fins políticos. O senhor pretende manter essa dinâmica?
CK: Acho que quem ganha com a devolução não é o Executivo nem o Legislativo, e este também não perde nada com isso, mas o município. Será mantida essa devolução, mas com uma forma diferente: compartilhar essa decisão com os vereadores, para assim, com diálogo com o Executivo, ver a melhor forma de aplicação desses recursos.

OP: Isso significa que a indicação de sugestões para a destinação de recursos será feita de forma conjunta?
CK: Com certeza, como tem que ser. A economia não é exclusivamente do presidente, e sim dos 13 vereadores. Então nada mais justo que todos decidirem em conjunto o que é bom para a sociedade.

OP: Diante da recomposição que houve na Câmara, o senhor espera uma oposição ferrenha ao G8 e debates acalorados??
CK: Não estamos com esse intuito, mas também são oito vereadores preparados. Se caso houver a necessidade, com certeza haverá um debate mais acalorado, digamos assim.

OP: Como o senhor acredita que deve será a relação com a prefeitura?
CK: Sempre tive um bom relacionamento com o prefeito Marcio Rauber e todos seus secretários. A eleição da nova mesa diretiva já passou e precisamos olhar para frente. Agora sou presidente da Câmara e minha responsabilidade aumentou ainda mais. Meu desejo é manter um bom diálogo com o Executivo, até porque o município de Marechal Cândido Rondon é maior do que qualquer divergência política.

OP: Já houve algum diálogo entre o senhor e o prefeito?
CK: Não, não conversamos ainda. Mas quando necessário, não tenho nenhuma restrição quanto a conversarmos.

OP: O prefeito disse ao Jornal O Presente que considera que houve traição na eleição da mesa diretiva e que hoje avalia que o grupo de situação conta com cinco vereadores. Como o senhor analisa a declaração dele? Isso pode trazer implicações na tramitação de projetos?
CK: Foi o prefeito que disse que conta com cinco vereadores na base. Não fui eu quem disse isso. Da minha parte não há mais o que falar. Como o prefeito disse na entrevista, inclusive sobre a questão da tal ‘traição’, o tempo vai mostrar toda a verdade. Não posso falar pelos demais vereadores, pois cada um responde pelo seu mandato, mas no que depender do Claudinho todo projeto do Executivo que for importante e necessário para a comunidade terá o meu apoio e o meu voto.

OP: O senhor considera que o G8 se tornou um grupo forte e há uma união entre os vereadores?
CK: A formação de um grupo reunindo vereadores da base, de centro e da oposição culminou com a nossa eleição. Sou muito grato a cada um dos vereadores que depositaram seu voto em minha pessoa, e eu jamais vou esquecer esse voto de confiança que recebi deles. Hoje esse G8 já se transformou em G80, porque cada um dos vereadores trouxe consigo vários amigos e lideranças, que acreditam poder contribuir com o município. Vamos continuar trabalhando, firmes e fortes. Sou da linha de que ninguém conquista algo sozinho. É assim em minha casa, pois as conquistas do marido também são as conquistas da esposa, e vice-versa. Só sou o vereador Claudinho porque tenho uma grande esposa ao meu lado. E na política ninguém chega a lugar nenhum sozinho. Tenho orgulho em contar com a amizade de muitos políticos, em especial dos vereadores Adelar Neumann (DEM), Adriano Backes (DEM), Gordinho do Suco (Cleiton Freitag, DEM), Josoé Pedralli (MDB), Adriano Cottica (PP), Arion Nasihgil (MDB) e do Ronaldo Pohl (PSD).

OP: O senhor assumiu oficialmente o Poder Legislativo no dia 1º de janeiro. Houve uma passagem de cargo com o repasse das informações internas da Câmara, por exemplo?
CK: Confesso que fiquei triste com a forma com que o agora ex-presidente, Pedro Rauber (DEM), conduziu o processo de eleição e pós-eleição da mesa. Para se ter ideia, nem a chave da Câmara eu recebi. Nem a chave da sala do presidente foi entregue a mim nos primeiros dias de janeiro. Não recebi relatórios financeiros, nem nada. Mas eu prefiro olhar para frente e vou me empenhar para não ser igual e não cometer os mesmos erros, tratando bem todos os vereadores, sem olhar a sigla partidária ou a posição partidária de cada um. Temos que dar condições de trabalho aos nossos vereadores. A população cobra diariamente eles, em todos os aspectos possíveis. Porém, nossos vereadores sequer contam com sala para trabalhar e atender os munícipes. Quando querem fazer uma ligação precisam emprestar um telefone de alguma sala. É inadmissível um município do tamanho de Marechal Cândido Rondon oferecer uma estrutura tão incompatível com o exercício da vereança. Qualquer Câmara de Vereadores ao nosso redor tem situação estrutural melhor. Vamos corrigir isso o mais rápido possível.

OP: No mês passado o senhor e mais alguns vereadores estiveram em Curitiba, sendo que um dos assuntos tratados na viagem foi em relação ao antigo Fórum que pode vir a ser a futura sede da Câmara. Nesse meio tempo, houve alguma novidade em relação a isso?
CK: Não, mas o desejo dos 13 vereadores é grande para que haja essa transição, até porque aqui o espaço é precário para que os vereadores possam desenvolver os trabalhos e atender os munícipes. Infelizmente o Fórum já está fechado há alguns anos e essa concessão que foi feita entre o Poder Judiciário e o Executivo foi de apenas cinco anos, mas requer um investimento alto para iniciar as atividades. Não justifica fazer um investimento alto para ficar somente três anos, então as tratativas que estão sendo feitas em Curitiba é para que se prorrogue esse prazo para um período maior. Acredito que o prefeito deve estar tratando deste assunto com o próprio deputado Elio (Rusch, DEM), que vinha acompanhando isso, como também em dezembro fizemos algumas tratativas com o então chefe da Casa Civil, Dilceu Sperafico. Agora também teremos o deputado estadual Marcel Micheletto (PR), que temos como seu interlocutor o vereador Ronaldo, e até mesmo o deputado federal José Carlos Schiavinato (PP) para nos auxiliar para que haja essa prorrogação.

OP: Marechal Cândido Rondon perdeu representatividade política após o resultado das eleições. O senhor acredita que isso deve dificultar a busca por investimentos?
CK: Infelizmente saímos do pleito eleitoral de outubro muito enfraquecidos. Deixamos de eleger dois deputados estaduais de Marechal Cândido Rondon, e mais um deputado federal que tem atuação em nosso município. Nossa representatividade em nível estadual e federal hoje está nas mãos dos deputados Micheletto e Schiavinato. Eu trabalhei pela eleição do Schiavinato e sou um grande amigo dele. Não tenho tanta proximidade com o Micheletto, mas sou amigo do vereador Ronaldo, que é o grande interlocutor dele em nossa cidade e inclusive está em Curitiba para representar a Câmara na solenidade de posse dos novos deputados do Estado. Isso facilita as coisas. Vamos todos trabalhar para que Marechal Cândido Rondon tenha acesso a recursos tanto no governo do Ratinho Junior (PSD) quanto do presidente Bolsonaro (PSL), do qual, inclusive, me orgulho muito em ter vestido a campanha desde o seu início, assim como a esmagadora maioria dos munícipes rondonenses.

OP: Para finalizar, como estão as expectativas para 2019 diante deste desafio de presidir a Câmara?
CK: Minha expectativa é a melhor possível. Logicamente, os debates e divergências fazem parte da democracia e o Poder Legislativo municipal é o grande centro desse debate. Como disse antes, vou respeitar e tratar os vereadores de forma igualitária. Qualquer homem público está sujeito a críticas e elogios. Sei que vou receber críticas enquanto ocupar a cadeira de presidente da Câmara, mas entendo que a cobrança dos vereadores reflete uma cobrança da própria população, e preciso ter a humildade em ouvir primeiro antes de falar. A soberba precede a ruína e a queda. Li isso em Provérbios.

 

(O Presente)

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