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Política Eleição à presidência da Câmara

“O entendimento inicial foi desrespeitado”, diz Portinho sobre acordo entre vereadores de situação

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Vereador de Marechal Cândido Rondon, Valdir Port (Portinho) (PTB): “O que me preocupa é que torcíamos por uma política de bom diálogo e o primeiro acordo feito para escolhermos o candidato, quem quer que fosse, foi rompido” (Foto: Cristiano Viteck)

 

A eleição da mesa diretora da Câmara de Vereadores de Marechal Cândido Rondon para o biênio 2019/2020 acontece na sexta-feira (14), em sessão extraordinária marcada para as 11 horas. A uma semana para escolha do próximo presidente, vice-presidente, 1º secretário, 2º secretário e suplente, o clima político no município não anda dos mais tranquilos.

A sessão ordinária do Poder Legislativo de segunda-feira (03) foi uma amostra, quando houve bate-boca e os trabalhos foram interrompidos por alguns minutos. O que motivou a divergência era justamente a data de eleição da mesa diretiva. Enquanto a oposição defendia que ocorresse amanhã (11), o presidente da Casa de Leis, Pedro Rauber (DEM), havia sinalizado que seria realizada no próximo dia 18. No final, chegou-se ao consenso pelo dia 14.

O grupo de situação é composto por nove vereadores. Com esses nove votos poderia tranquilamente eleger o próximo presidente. Atualmente, são três os parlamentares que estariam de olho no comando do Legislativo: Claudio Köhler (Claudinho) (PP), Nilson Hachmann (PSC) e Valdir Port (Portinho) (PTB). Cleiton Freitag (Gordinho do Suco) (DEM) abriu mão da candidatura, há poucos dias, em favor do vereador pepista.

Mas um fato que veio à tona no fim de semana não estaria ainda bem digerido na ala de situação: Claudinho recebeu o apoio dos três vereadores da oposição, Arion Nasihgil (MDB), Adriano Cottica (PP) e Josoé Pedralli (MDB), além do parlamentar de centro Ronaldo Pohl (PSD).

Na semana passada, outros dois vereadores manifestaram seu voto no edil do PP: Adriano Backes e Adelar Neumann, ambos do DEM. Com isso, ele já somaria oito votos.

Em entrevista ao Jornal O Presente, Portinho faz um relato do entendimento inicial do processo que havia sido acordado entre os vereadores do grupo de situação e o Poder Executivo, até como forma do prefeito Marcio Rauber (DEM) e a prefeitura não se envolverem na sucessão de Pedro Rauber na Câmara. “Buscou-se o entendimento de que o candidato seria aquele que, dentro dos nove vereadores, conseguisse a maior quantidade de votos”, revela, sentenciando o que aconteceu meses depois: “Foi quebrado (o acordo) e culminou com a realidade que estamos tendo hoje”, afirma. Confira.

 

 

O Presente (OP): O prefeito Marcio Rauber havia manifestado que não iria se envolver nas discussões da eleição da presidência da Câmara. Afinal, qual era o acordo no grupo de situação?

Valdir Port (VP): Havia um entendimento dos nove vereadores de que ninguém falaria com a oposição, porque temos nove vereadores da base. Nosso primeiro entendimento era de que como tínhamos nove vereadores, os nove se entenderiam e o vereador, dentre os nove, que tivesse a maioria de apoios seria o candidato do governo. O que aconteceu: neste período houve algumas iniciativas de busca de diálogo com a oposição por parte de interessados dentro da base do governo em ser presidente. E isso, particularmente, não foi o combinado. Dentro de um diálogo que tivemos entre todos nós não haveria rejeição inicial com relação ao meu nome. Mas de repente algo misterioso aconteceu, de definições ou mudança de opiniões de determinados vereadores em favor de outra candidatura. Quero deixar muito claro: recebi isso tranquilo e sem problema algum. Claro que o governo tem que saber quem tem equilíbrio para poder administrar uma Câmara de Vereadores, quem tem experiência e o governo, e quando falo governo também me refiro ao secretariado e equipe, deve perceber quem nos 23 meses, semanalmente, defendeu os diretores, secretários, secretarias e o Poder Executivo perante, principalmente, os três vereadores de oposição. E aí é unânime de que só houve o Portinho, com alguns momentos, óbvio, o Pedro, Nilson, Sauer (DEM), e alguns vereadores limitados por aí que defenderam. Tem vereador, por exemplo, que hoje pleiteia a presidência que nunca defendeu o secretariado, o governo ou que embateu com a oposição. Mas isso é consequência de algumas ações que estavam fora de um entendimento inicial que nós tivemos. E esse entendimento inicial ele foi quebrado, desrespeitado, ou seja, o bom diálogo que sempre havia por vontade do Executivo e também por parte dos vereadores de sustentação, foi quebrado e culminou com a realidade que estamos tendo hoje.

 

 

OP: O senhor vê o grupo de situação de certa forma rachado hoje?

VP: É muito cedo para falar isso. Eu não vejo esse racha, porque está muito longe ainda a data do dia 14, dia da eleição da presidência, vice-presidência, 1º secretário, 2º secretário, suplente e os integrantes das comissões permanentes. Eu vejo que ainda, por parte destes que tiveram um posicionamento, foram motivados a posicionar-se em um momento de uma forma e depois de outra, que possam refletir e perceber o que está acontecendo. Mas se for a decisão final deles, boa sorte. Política é assim. O que me preocupa é que torcíamos por uma política de bom diálogo e o primeiro acordo feito para escolhermos o candidato, quem quer que fosse, foi rompido. E não por nós. Não pelo Nilson, não pelo Portinho e nem pelos demais vereadores.

 

 

OP: Diante do acordo que teria sido rompido a partir do momento em que a oposição foi procurada, o senhor avalia isso como uma derrota para a situação, considerando que com nove vereadores poderia eleger de forma tranquila o próximo presidente?

VP: Eu vejo que poderia ter sido diferente, mas não vejo como derrota. O prefeito Marcio, o vice-prefeito Ilario Hofstaetter (Ila) (PSB), o grupo político – porque tudo é sempre tratado em forma de grupo, pois quando se busca uma eleição ou um governo se trabalha junto para pensar nos bons projetos e o que é melhor para o município, visando somar esforços e para reivindicar junto ao governo estadual e governo federal – é que novamente avaliam o que poderia ser melhor para Marechal Cândido Rondon. Veja bem, aí que está o grande detalhe deste processo. Não vejo como derrota, mas como uma situação momentânea, mas o grupo político precisa continuar o projeto para desenvolver Marechal Cândido Rondon.

 

 

OP: Embora ainda haja alguns dias para a eleição, a possibilidade do próximo presidente ser eleito com os votos da oposição, que até então estava de certa forma enfraquecida, fortalece os três vereadores oposicionistas?

VP: Perfeitamente. Com este processo, e é aliás tudo o que os três vereadores da oposição poderiam querer, é desarticular o governo do Marcio e do Ila. E, aparentemente, foram muito habilidosos. Neste momento estão muito habilidosos. Mas volto no ponto inicial: parabéns para a oposição e lastimo de que o acordo prévio, aquele mesmo que elegeu Pedro Rauber presidente, que foi o grande entendimento para crescer e desenvolver Marechal Cândido Rondon, não teve o desdobramento e mais um entendimento por parte de alguns vereadores, neste momento. Ainda espero que reflitam, pois nada vale a pena a não ser poder deitar à noite e ter a certeza de que você fez o correto e que a missão, e principalmente a de vereador, foi cumprida. Este é o ponto que cabe de reflexão a todos, sem exceção. Não tão somente os que estão buscando este novo projeto, mas os 13 vereadores como um todo.

 

 

OP: Hoje o senhor considera que o grupo conta com quantos vereadores?

VP: Isso é muito difícil responder. Quem pode responder isso é o prefeito, o vice-prefeito e sua equipe. Ainda precisa ser compreendido, mesmo que a oposição pregue e tenta pregar diferente, que Poder Legislativo é uma coisa e Poder Executivo é outra, assim como o Poder Judiciário é outra. Precisa haver essa distinção, maturidade e inteligência para discernir, mesmo que a oposição tenta, talvez até porque praticou isso no passado, acha que tudo é como era antes, que o Executivo comandava o Legislativo, como acontecia lá atrás, principalmente no governo passado, e talvez essa prática não esteja ocorrendo atualmente.

 

 

OP: O senhor acredita que agora o prefeito, que até então não pretendia se envolver na eleição da Câmara, deve participar das conversas?

VP: Não posso responder por ele. Acho que essa pergunta quem pode responder efetivamente é ele.

 

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