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Política Entrevista ao O Presente

“O resultado da eleição deu um recado”, analisa Schiavinato

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Deputado federal eleito José Carlos Schiavinato: “Tenho um grande orgulho pelo fato de uma sociedade tão politizada como a de Marechal Rondon ter escolhido o Schiavinato como representante no governo federal” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

Após dois mandatos como prefeito de Toledo e atualmente concluindo o mandato de deputado estadual, em 1º de fevereiro José Carlos Schiavinato (PP) será empossado para ocupar pela primeira vez uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Em visita ao Jornal O Presente, ontem (08), o parlamentar fez uma análise de que os políticos devem avaliar esse momento pelo qual passa o Brasil. Adiantou que se a reforma da Previdência for votada na próxima legislatura apoiará o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) na proposta. Schiavinato também afirmou que trabalhará em conjunto com o governador eleito Ratinho Junior (PSD) e sugeriu ao seu partido para que fizesse o mesmo. Confira.

 

 

O Presente (OP): Diante do resultado das urnas, o senhor acredita que os políticos vão sentir esse novo momento político e o cenário futuro será diferente deste que vivemos?

José Carlos Schiavinato (JCS): O cenário político do nosso país, hoje, pelo resultado das eleições, tem que ser analisado com critério justo. O sistema mudou e a sociedade, em função das redes sociais, está fazendo uma análise mais crítica e pontual da presença das pessoas envolvidas na política. Este resultado tem que ser analisado por cada um e eu faço a minha análise. Quando fui eleito deputado estadual (em 2014), em qualquer roda de discussão em Toledo a cada dez pessoas seis estavam comigo. Hoje, a cada dez pessoas quatro estiveram comigo durante o processo. Então tenho que fazer uma leitura disso.

 

 

OP: E qual leitura o senhor faz?

JCS: Nunca trabalhei tanto como nos últimos quatro anos, até pela necessidade de muitas ações em benefício do Oeste do Paraná e dos municípios que representamos. O momento está sendo diferente porque as pessoas têm acesso à informação em tempo real. Porém, muitas informações que vêm pela rede social não condizem com a realidade de colocações de pessoas que utilizam o momento, que nada fizeram em benefício da sociedade, e despertam interesse no novo sem conhecimento da trajetória desse cidadão. Isso é um fator que agora, depois de eleitos, a sociedade vai poder avaliar o desempenho pessoal de cada um. Vejo que o resultado da eleição deu um recado: as pessoas têm que ser expressamente bem claras em suas colocações políticas. Não existe mais espaço para enrolação dentro do processo e, acima de tudo, procurar pautar pela credibilidade e legalidade dos atos. Isso deu também aos políticos que vão continuar no sistema a partir de agora de serem estritamente legalistas. A própria sociedade tem que entender e exigir a legalidade absoluta. Isso é importante e sempre foi minha maneira de ser na vida como prefeito e como deputado em seguir rigorosamente a legalidade. Essa leitura é importante e todos estão a fazendo. Precisaremos ter o cuidado pessoal de poder realmente levar aos eleitores um trabalho de qualidade.

 

 

OP: O senhor nunca escondeu o desejo de voltar ao Poder Executivo depois dos dois mandatos como prefeito de Toledo. Hoje o senhor tomou gosto pelo Poder Legislativo ou existe alguma conversa para assumir cargo no âmbito estadual ou federal?

JCS: A própria sociedade do Oeste colocava em xeque essa discussão se o Schiavinato se daria bem no Legislativo, pois sempre foi do Executivo. Minha vida foi dentro da Prefeitura de Toledo por 33 anos (como servidor e depois prefeito). Mas me dei bem no Legislativo. Tive a oportunidade de apresentar mais de 200 projetos de lei e devemos aprovar perto de 40 durante este período. É uma boa meta. Em apresentações de projetos, se não sou o primeiro colocado estou entre os primeiros na Assembleia Legislativa. Procurei me esforçar para que isso acontecesse. Tenho conhecimento adquirido ao longo da minha vida em administração pública e estou à disposição do Brasil. Este conhecimento poderei em poucos meses mostrar para o cenário político do país, por que eu vim e o que pretendo fazer para ajudar o nosso presidente Bolsonaro dentro das minhas ações no Parlamento. Preciso devolver todo conhecimento que o sistema investiu em mim com mais rapidez. Serei muito ágil e rápido nas minhas colocações, vou falar com segurança, e se houver a oportunidade no futuro de ocupar alguma posição de destaque no país temos que ajudar a escrevermos e fazer a história desse novo Brasil. E quero ajudar nosso país.

 

 

OP: O senhor foi eleito para a Câmara dos Deputados, mas, por outro lado, o PP de Toledo perdeu uma cadeira na Assembleia Legislativa. Chegou o momento do partido avaliar uma reformulação ou fazer uma autoanálise?

JCS: A situação dos municípios da nossa região é idêntica. Chegou o momento da sociedade participar mais da política. A sociedade não pode ficar tão alheia às questões políticas. As pessoas de bem têm que se filiar aos partidos e se colocarem à disposição nos momentos de discussão. A gente vê a sociedade muito tranquila e achando que os outros vão resolver os problemas que são coletivos. Vejo que neste momento é importante uma reformulação não só no PP, mas em vários partidos da região Oeste para que venham novas pessoas e que possam estar juntas discutindo o futuro. Nas eleições municipais precisamos de novidades, de novos líderes, e esses líderes têm que estar à disposição. A maneira de mostrar sua liderança dentro do processo político é se filiando a um partido. Espero que a sociedade se filie e se coloque à disposição na discussão dos processos futuros. Isso é necessário em Toledo, em Marechal Rondon e nos municípios da região.

 

 

OP: Toledo ficou sem representante na Assembleia Legislativa, assim como Marechal Cândido Rondon. Quem perde mais com isso: os deputados não reeleito/eleitos ou a população?

JCS: Quem vai perder muito com isso é a população. Sou deputado estadual, vivo a minha vida intensamente em Curitiba e não consigo fazer com que todos os assuntos sejam resolvidos no período que fico na Capital, todas as semanas. O Oeste do Paraná era um orgulho em relação à nossa capacidade política diante dos deputados que tínhamos em Marechal Rondon, em Toledo, em Cascavel. Por conta dessa representatividade política houve investimentos do governo federal. É só comparar aqui com o que acontece em outras regiões do Estado. Entretanto, agora perdemos isso, a sociedade perdeu. Se verificar na região de Maringá houve um crescimento, então o que nós perdemos eles cresceram. Digo que o momento é crítico. Vou me desdobrar e manter um escritório em Curitiba para cuidar dos assuntos referentes ao Governo do Estado, pois estarei junto com nosso governador Ratinho. Quero ajudá-lo dentro do que for possível no governo federal e vou procurar continuar ajudando os municípios com referência aos assuntos do Estado. Perdemos muito e a sociedade vai perceber isso, pois é humanamente impossível uma pessoa colocar o serviço à disposição de tantas cidades e demandas. O prejuízo virá diretamente para a sociedade.

 

 

OP: O PP foi adversário do governador eleito Ratinho Junior na campanha. Mesmo assim, o senhor acredita que pode haver uma aproximação e o seu partido integrar o futuro governo estadual?

JCS: Já dei minha opinião dentro do partido para que o PP ajude o governador Ratinho na governabilidade do Estado. Essa foi a minha opinião e acredito que será seguida pelos nossos líderes, deputados estaduais e pelo deputado federal Ricardo Barros, que foi reeleito. Que o Partido Progressista possa ajudar na governabilidade do Estado, mas não digo participando do governo, mas estando junto e fazendo com que as ações do governador possam acontecer.

 

 

OP: O presidente eleito Bolsonaro tem tentado articular a votação de alguns projetos ainda neste ano, em especial a reforma da Previdência. Porém, há congressistas que desejam deixar essa matéria para a próxima legislatura. Caso o senhor tenha que votar essa reforma, qual será seu posicionamento?

JCS: Vejo com muita dificuldade essa votação acontecer neste período, porque houve uma renovação muito intensa dentro da Câmara Federal e do próprio Senado. Mesmo com todo dinamismo do Bolsonaro, não vejo condição de convencer os congressistas para que votem ainda nesta legislatura. Acredito que essa votação vai ficar para que a gente resolva esse problema e tem que ser logo no início (do mandato). Eu vou votar com o governo, vou votar com o Bolsonaro, porque essa foi a vontade da nossa população e da região Oeste do Paraná. Preciso dar a minha contribuição para que as reformas dentro do sistema possam acontecer.

 

 

OP: O candidato do prefeito de Marechal Rondon, Marcio Rauber (DEM), à Câmara foi o deputado federal Evandro Roman (PSD), que não foi reeleito. O seu partido, em tese, é oposição no município. Como será sua atuação localmente? Pretende manter uma boa relação com o governo rondonense?

JCS: Sem dúvida vou procurar ajudar o governo do Marcio. Vou estar presente e buscar recursos do governo federal para serem investidos em Rondon. Como prefeito, nunca tive diferença de siglas político-partidárias em prejuízo das ações do município. Estarei presente, até porque o povo pediu. O resultado das urnas fez com que eu fosse o candidato a deputado federal mais votado no município. Tenho um grande orgulho pelo fato de uma sociedade tão politizada como a de Marechal Cândido Rondon, comentada em nível de Paraná diante da sua organização, ter escolhido o Schiavinato como representante no governo federal. Vou estar presente e vou ajudar a administração do prefeito.

 

 

OP: Sempre existe o receio, em uma reta final de governo, que obras iniciadas ou anunciadas durante o período eleitoral não saiam do papel ou não sejam concluídas quando a campanha termina. Em relação ao Contorno Oeste de Marechal Rondon, existe disposição do Governo do Estado em dar andamento ao projeto?

JCS: Tanto o Contorno Oeste de Marechal Rondon como o contorno de Palotina estão com os recursos assegurados no Orçamento do próximo exercício e as obras acontecerão com tranquilidade, sem qualquer tipo de problema e sem a necessidade de paralisação pela organização do próprio Estado. Os dois contornos são resultado de um trabalho fantástico do deputado estadual Elio Rusch (DEM). É um trabalho exclusivo dele, que se dedicou muito e de forma pesada durante todo esse período para que esses investimentos acontecessem. Acompanhamos esses investimentos e os recursos estão assegurados.

 

“Tanto o Contorno Oeste de Marechal Rondon como o contorno de Palotina estão com os recursos assegurados no Orçamento do próximo exercício e as obras acontecerão com tranquilidade”

 

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