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Política Denúncia feita

Primo de Beto Richa era responsável por receber propina de concessionárias, diz MPF

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Luiz Abi Antoun é apontado como um dos operadores financeiros do esquema (Foto: Reprodução/GloboNews)

O primo do ex-governador Beto Richa (PSDB), Luiz Abi Antoun, tinha um papel importante no esquema criminoso envolvendo as concessionárias de pedágio e o governo do estado.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), “no decorrer das investigações, concluiu-se que os esquemas de corrupção se complementavam e a propina das concessionárias era distribuída em entregas mensais para diversos agentes públicos e Luiz Abi Antoun era responsável por repassar valores em proveito do ex-governador Beto Richa”. Abi Antoun está no Líbano e não tem previsão de volta ao Brasil.

A conclusão faz parte de uma das duas denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) do Paraná, na segunda-feira (28), sobre um esquema de corrupção que desviou R$ 8,4 bilhões por meio do aumento de tarifas de pedágio do Anel de Integração e de obras rodoviárias não executadas.

A denúncia afirma que “o terceiro núcleo da organização criminosa era integrado por diversas pessoas, entre elas Luiz Abi Antoun, que atuavam como verdadeiros operadores financeiros”.

“A investigação concluiu que o dinheiro das concessões era entregue à Luis Abi Antoun que por sua vez repassava para Dirceu Pupo Ferreira, que por sua vez fazia o processo de lavagem de dinheiro. Era uma espécie de banco de propina do ex-governador”, detalhou o procurador Diogo Castor de Mattos.

Para o MPF, “Luiz Abi Antoun era o caixa geral de propinas do ex-governador”. Na denúncia, os procuradores apontam ainda que Nelson Leal Júnior contou, em delação, que “parte dos recursos ilícitos arrecadados no esquema geral de propinas com as concessionárias de pedágio era enviada ao Paraguai” e que, no começo de 2018, soube que Abi Antoun iria até o país vizinho buscar recursos para a campanha de Pepe Richa à Câmara dos Deputados e de Beto Richa ao Senado em 2018″.

Na delação de Nelson Leal Júnior, ex-diretor-geral do Departamento de Estradas e Rodagens do Paraná (DER-PR), Luiz Abi Antoun é identificado como o principal operador de recursos ilícitos para campanha recebidos pelo ex-governador.

Luiz Abi Antoun teria participado do esquema no período de governo de Beto Richa até junho de 2015, quando foi preso temporariamente e condenado na operação Voldemort do Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Londrina. Ele também é réu na Operação Publicano, que investiga o recebimento de propina em uma esquema de corrupção entre agentes da Receita Estadual.

Abi Antoun foi preso novamente na Operação Rádio Patrulha em setembro de 2018. Ele e outras 11 pessoas respondem por fraude nas licitações para manutenção de estradas rurais do Paraná.

Entre os acusados está o ex-governador Beto Richa, que é primo de Abi Antoun. Os dois foram soltos por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Dias depois, Luiz Abi Antoun viajou para o Líbano. Ele deveria ter retornado ao Brasil no dia 6 de outubro, mas até hoje não voltou.

De acordo com o advogado, Abi está em tratamento médico no Líbano e sá volta quando tiver alta. Luiz Abi Antoun tem um apartamento no centro de Londrina, mas não é visto desde setembro de 2018.

Luiz Abi Antoun não está entre os denunciados do Ministério Público Federal. De acordo com os procuradores, essa é uma estratégia da acusação.

“Neste momento foram denunciados pessoas ligadas aos núcleos empresarial e público, ainda falta o núcleo financeiro. Tem dezenas de pessoas envolvidas e, como uma estratégia do órgão acusador geralmente não se oferece denúncia de uma vez só contra 50 pessoas. Dessa forma se tem uma fluidez melhor na instrução processual”, explicou o procurador Diogo Castor de Mattos.

 

Com RPC

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