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Questão sanitária ou embargo comercial, questiona deputado Evandro Roman

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Foto: Divulgação

O setor avícola é uma das principais molas propulsoras do agronegócio no Estado do Paraná e foi atingido em cheio com o embargo imposto pela União Europeia. O anúncio de férias coletivas a dois mil funcionários da BRF de Toledo é somente o primeiro sintoma de uma sucessão de acontecimentos que pode causar sérios problemas ao setor, especialmente o cooperativista, já que o embargo também atinge a Copagril, em Marechal Cândido Rondon, a Copacol, em Cafelândia, a Coopavel, em Cascavel, Ave Norte, em Cianorte, e a Lar, em Matelândia.

Os recentes embargos atingem 20 frigoríficos brasileiros, dos quais oito estão no Estado do Paraná, maior exportador do Brasil. O impacto econômico será gigantesco, atingindo uma cadeia de beneficiamento de alimentos muito grande. Serão cerca de 40 mil empregos, mais de 275 mil integrados (210 mil frangos/safra – 45 dias), além de distribuidores, exportadores, consultores, veterinários e tantas outras pessoas envolvidas.

Desde o ano 2000, o Brasil é o maior exportador mundial de carnes de aves. São 4,3 milhões de toneladas vendidas no mercado externo. A União Europeia importa 7,5%. Desde então, a União Europeia vem impondo normas cada vez mais rígidas, nem sempre de acordo com as normas territoriais.

Como coordenador de Defesa Sanitária da Frente Parlamentar da Agropecuária, acompanhei o ministro Blairo Maggi em visitas às cooperativas no Paraná e pude constatar que o Ministério está inteiramente empenhado, primeiro, em resolver este problema emergencial o mais rápido possível para que o setor possa retomar as exportações integralmente. Em segundo lugar, o Ministério, através da sua Secretaria de Defesa Agropecuária e órgãos envolvidos, está inteiramente comprometido em elevar a um novo patamar de qualidade e competência o processo de inspeção e vigilância sanitária em todo país. O Brasil é o maior exportador de carnes de aves e deve ter um serviço impecável e moderno à altura de sua importância no setor, no qual a competição é feroz e não permite erros.

Não é de se estranhar que a Operação Carne Fraca e a Operação Trapaça sejam aproveitadas como pretexto para justificar e implementar as medidas protecionistas que os agricultores europeus vêm clamando há tempos. Outro exemplo são as negociações para um acordo Global Mercosul – União Europeia que sempre esbarraram na questão agrícola. As negociações se arrastam desde o 2000 e não avançam pela pressão dos agricultores europeus.

Tanto isso é verdade que o ministro Blairo Maggi, ao comentar a decisão, disse que, se o Brasil pagar um imposto de 1.024 euros por tonelada e exportar o frango in natura não haverá restrição. Não é, portanto, problema de saúde. Isto comprova cabalmente que a iniciativa é uma medida protecionista, há muito desejada pelos europeus, sob o pretexto de problemas de saúde animal.

Por outro lado, este triste acontecimento demonstra a importância e a necessidade de providências enérgicas e integradas entre o setor público e os produtores e suas organizações no sentido de salvaguardar a imagem de competência e sanidade dos produtos agropecuários brasileiros numa ação conjunta entre o governo federal e iniciativa privada.

Vamos lutar para defender o livre comércio porque não podemos aceitar sermos penalizados por uma medida unilateral de proteção de mercado. Nesse sentido, o ministro Blairo Maggi já anunciou que irá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a decisão da União Europeia e questionar os critérios que determinaram o embargo.

Nós, brasileiros, somos os maiores interessados em zelar pela qualidade dos nossos produtos, resguardando a imagem das nossas exportações e garantindo que a roda econômica em torno desses produtos se mantenha firme gerando emprego e renda aos brasileiros, especialmente no Paraná.

 

* O autor é deputado federal do PSD

 

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