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Política

Richa afirma que caixa do Estado reage e obras são retomadas

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Orlando Kissner/ANPr

Governador Beto Richa, acompanhado da secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social, primeira-dama Fernanda Richa, durante entrevista em Foz do Iguaçu

Em entrevista à Rádio Cultura, de Foz do Iguaçu, nesta quinta-feira (25), o governador Beto Richa afirmou que o Paraná já está retomando seus investimentos. Como exemplo, ele citou o retorno das obras do viaduto da Avenida Paraná, na cidade, que estão em ritmo acelerado e devem ser concluídas em novembro deste ano. Fomos o primeiro Estado a promover os ajustes necessários para enfrentar a crise e já começamos a colher os resultados, com o caixa do Estado voltando a reagir e a retomada de obras em todo o Paraná, frisou o governador, que estava acompanhado pela secretária de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social, Fernanda Richa.

A recessão no Brasil vem se agravando dia a dia, estamos numa profunda crise financeira nacional. O Paraná não é uma ilha dentro deste cenário, ressaltou Richa. As medidas que iniciamos no ano passado, com a recomposição de algumas alíquotas de impostos e o corte de despesas do governo, têm ajudado a mudar este cenário, opinou.

O governador destacou alguns números, como do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, que mostra que o Paraná foi o Estado brasileiro que mais gerou empregos com carteira assinada nos primeiros cinco meses de 2015. Entre os 14 maiores Estados, o Paraná foi o único que teve um crescimento industrial positivo, enquanto os demais tiveram decréscimo na indústria, lembrou. Ele também falou sobre pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que colocou o Paraná como segundo Estado com a menor desigualdade social do país.

PACTO FEDERATIVO

Na entrevista, Richa também defendeu a urgência da revisão do pacto federativo para garantir uma divisão mais equânime dos tributos arrecadados no Brasil. Nós vemos uma extravagante concentração de recursos em Brasília, enquanto Estados e municípios têm cada vez mais atribuições e responsabilidades sem a devida contrapartida financeira, afirmou. É constantemente cobrado o aumento de investimentos em saúde e educação pelos municípios e Estados, enquanto o governo federal se retira destas áreas, avalia. O governo federal não cumpre mais suas responsabilidades com a população. Hoje, 65% da arrecadação tributária fica com a União, cerca de 25% com os Estados e pouco mais de 10% com os municípios. Isto é uma profunda injustiça, ressaltou.

Ele também classificou como injusta a dívida dos Estados com a União, citando o exemplo do Paraná que, na década de 1990, contraiu uma dívida de R$ 5 bilhões para sanear as finanças do extinto Banestado. Desde então, o Estado já pagou R$ 10 bilhões, mas ainda deve outros R$ 10 bilhões, em função dos altos juros. Vira uma bola de neve que sufoca a capacidade dos Estados de investirem, afirmou.

ENERGIA

Questionado sobre o aumento da tarifa de energia, o governador explicou que isto se deve à medida provisória imposta em 2012 pelo governo federal para renovar as concessões dos ativos de geração, que desorganizou o setor. Avisamos, na época, que essa medida seria um desastre para o setor elétrico e o resultado está aí, com a energia onerando o bolso dos cidadãos brasileiros e o setor produtivo, mencionou. Fui criticado por não aceitar renovar as concessões da Copel. Esta medida artificial de redução da conta de luz foi terrível para as empresas do setor. Hoje a Eletrobras passa por dificuldades, mas poderia ser a Copel a estar quebrada, ressaltou, acrescentando: Nossa empresa, pelo contrário, tem realizado novos investimentos e é destaque internacional.

Rodovias federais

Outra medida do governo federal que pode prejudicar o Paraná, de acordo com o governador, é repassar para os Estados a responsabilidade pelas rodovias federais. É uma preocupação não apenas do Paraná, mas de vários Estados brasileiros, já que administrar mais mil quilômetros de estradas vai onerar muito os cofres do Estado, citou Richa. Estamos nos organizando e vários governadores se reuniram em Brasília para tentar evitar que isto seja, de fato, levado a cabo, explicou.

ENFRENTAR A CRISE

O governador disse ser possível enfrentar a atual crise econômica, mas é necessário também o esforço do governo federal. Para cobrar o esforço dos contribuintes, eu dei o exemplo. Cortei cinco estruturas de secretarias, mil cargos em comissão e impus às secretarias o corte de custeio. Não vemos o governo federal dar o exemplo. Nenhum dos 39 ministérios foram cortados, milhares de cargos comissionados foram mantidos. Não seria difícil diminuir pelo menos umas cinco estruturas, opinou. Mas o Brasil é dinâmico e pode enfrentar a crise. Temos riquezas naturais, água em abundância, terras férteis e podemos superar esta crise, afirmou. Confio na força do trabalho dos brasileiros, mas temos que nos preparar para atravessar este momento de dificuldade, completou.

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