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Política

Tucanos defendem convocação de novas eleições para presidente

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em

André Dusek

Lideranças tucanas e de partidos aliados aproveitaram a convenção nacional do PSDB, hoje, em Brasília, para defender abertamente a convocação de novas eleições para presidente da República. O líder tucano no Senado, Cassio Cunha Lima (PB), pediu que o partido adote abertamente esta bandeira. “Defendo que o PSDB apoie abertamente a convocação de novas eleições”, afirmou.

Apesar da defesa enfática, Cunha Lima esclareceu que “isso não significa uma tentativa de golpe”, como acusam os petistas. Ele ainda fez um apelo para que os tucanos participem das manifestações contra a presidente Dilma Rousseff marcado para 16 de agosto.

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), seguiu na mesma linha. “A melhor coisa que poderia acontecer é o TSE cassar o mandato da presidente e afastar este governo corrupto.”

A aposta dos tucanos é que a presidente e o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) tenham seu diploma eleitoral cassados no TSE, onde tramita uma ação do partido acusando o PT e a presidente de abuso de poder econômico na campanha eleitoral do ano passado.

Apesar de dizer que a presidente Dilma Rousseff (PT) terá dificuldades para concluir seu mandato, o senador Aécio Neves (MG) – que foi reeleito presidente nacional do PSDB – foi cauteloso sobre a possibilidade de queda da petista e afirmou que não está conversando com o PMDB sobre a possibilidade de uma aliança caso a presidente Dilma Rousseff seja alvo de um impeachment. “Não cabe ao PSDB antecipar a saída da presidente. Não somos golpistas”, disse o tucano.

Mesmo afirmando que o desfecho da crise política “não depende do PSDB”, Aécio disse em entrevista na saída da convenção do partido que a sigla está pronta para “assumir sua responsabilidade”. Em um evento marcado por discursos inflamados, Aécio sinalizou que a legenda pretende por fim ao atual governo. Sem falar em impeachment, o senador afirmou que a oposição “não esmoreceu” e que o PSDB pretende dar uma resposta “responsável e corajosa” à sociedade.

Em sua fala, ele acusou o PT de montar um “modos operandi”, no qual “vale tudo” para continuar no poder, e que isso colocava sob suspeita os recursos recebidos pela campanha que elegeu Dilma e o vice­presidente, Michel Temer, no ano passado. “Os sucessivos escândalos que aí estão consolidam a ideia de que se instalou no Brasil um modos operandi organizado e sistematizado em que vale tudo para se manter no poder, e que agora coloca sob gravíssima suspeição a campanha que elegeu a atual presidente da República e seu vice”, disse.

Em diversas oportunidades, Aécio sugeriu que Dilma deixaria o governo antes de 2018, quando estão previstas as novas eleições presidenciais. “Ao final do seu governo, que eu não sei quando ocorrerá, talvez mais breve do que alguns imaginam, os brasileiros terão ficados mais pobres”, afirmou.

O ex­presidente Fernando Henrique Cardoso acusou o PT de “quebrar o Brasil” e deixou claro que o PSDB vive hoje a expectativa concreta de chegar ao poder antes de 2018. “Estamos prontos para assumir o que vier pela frente. Precisamos ir até o fim para que o Brasil seja passado a limpo”, afirmou.

O senador José Serra (SP) também discursou no evento e defendeu o parlamentarismo como forma de governo. Segundo ele, essa é a melhor forma de governo porque permite a troca “sem traumas” do primeiro­ministro, diferentemente do que acontece hoje no presidencialismo. A ideia vem sendo defendida pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB­RJ). “No parlamentarismo, quando o governo vai mal, ele é trocado, sem traumas”, afirmou Serra.

O tucano comparou o governo Dilma ao do presidente João Goulart, destituído do cargo pelos militares. “Infelizmente não é só uma crise econômica, é uma crise política, de valores. Esse é o mais fraco governo que eu tenho memória em toda a minha vida. O de Jango, em 1964, era de uma solidez granítica se comparado com o de Dilma”, afirmou.

Presidente do PPS, o deputado Roberto Freire (SP) participou da convenção e somou sua fala ao coro. Mais radical, porém, ele defendeu a “intervenção das forças democráticas” para tirar a presidente Dilma do poder. “Já não se fala mais em governo, se fala de pós-­Dilma”, disse. Segundo Freire, a melhor alternativa seria a convocação de novas eleições após a cassação do mandato da presidente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ele afirmou que o Congresso tem que estar preparado para analisar um processo de impeachment caso o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeite as contas do governo.
Apesar de ter apoiado o PSB na campanha presidencial do ano passado, Freire afirmou que o ” PSDB, como maior partido de oposição, tem que estar preparado para qualquer das alternativas”.

 

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