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| Caravanas de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS) e Ciudad del Este, no Paraguai virão ao festival |
Imagine um Woodstock em Barretos ou em Goiânia. Botas de couro, esporas, calças apertadas e cintas com fivelões várias pessoas no público com a mão para o alto, atarracando o chapéu na cabeça para não deixar cair, enquanto pulam ao compasso da bateria. Fãs enlouquecidos bradariam um “Aô, tchê, tchê, tchê!” em frente ao palco de guitarristas e baixistas.
Dadas as devidas proporções, esse é o cenário do Paraíso do Rock, um festival que ocorre nesta sexta-feira (12) e no sábado (13) em Paraíso do Norte, a 97 quilômetros de Maringá, no norte do Paraná – um município dominado por “cowboys” e “duplas de sertanejo universitário”.
Em terra de sotaque escancaradamente caipira, o prefeito Carlos Vizzotto (PT), o Beto, decidiu inovar em 2008: roqueiro desde jovem, o fã de Led Zeppellin e Black Sabbath criou um festival com bandas de rock independente. Queria dar opção à população de 12 mil habitantes, acostumada a ver caminhonetes e carros reproduzindo os sucessos de Victor e Leo e Zezé di Camargo e Luciano nos postos de gasolina do município.
“Criamos o festival para apresentar música de qualidade à população. Estamos em uma região dominada pelo sertanejo universitário. Canso de ver gente com botas assistindo aos shows. A ideia é sair dessa massificação. São sempre as mesmas letras, os mesmos ritmos. O Paraíso do Rock é, antes de tudo, uma alternativa cultural”, diz o prefeito.
A recepcionista Maiara Camila da Silva não esconde que, quando vai ao festival (foi em todas edições, segundo ela), se veste como se fosse a um rodeio. “Eu não me visto apropriadamente para um festival de rock. A maioria assim, porque a região é completamente dominada pelo sertanejo. Como os shows são feitos em um camping, todo mundo já aproveita para colocar as botas”, conta.
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| A banda gaúcha Cachorro Grande foi uma das grandes atrações do festival, em 2012 |
Maiara diz gostar de rock, mas ressalta que os ídolos dela na música são as duplas Fernando e Sorocaba e João Bosco e Vinícius. “Gosto do Paraíso do Rock porque é algo diferente na cidade. É um rock que dá para curtir, não é muito pesado. Quase todo mundo que está lá é fã de sertanejo.”
Beto, no entanto, garante que a cidade tem muita gente que acompanha a cena roqueira. O foco do festival, segundo o prefeito, são bandas de rock com músicas autorais e que não são difundidas popularmente pelas mídias. Já passaram pelo palco, por exemplo, nomes como Cachorro Grande, Matanza e Nevilton.
Na primeira edição, aproximadamente 700 prestigiaram os shows. No ano passado, o número aumentou para 1,3 mil. Agora, o prefeito roqueiro diz esperar caravanas de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS) e até de Ciudad del Este, no Paraguai. “Como não temos belezas naturais, temos que apostar no turismo de eventos. É assim que atraímos gente para a cidade”, diz Beto.
Desta vez, as principais atrações são Acústicos & Valvulados (Porto Alegre, RS), Pelebrói Não Sei (Curitiba) e os argentinos do Valle das Muñecas. O ingresso custa R$ 20 (antecipado) e pode ser comprado nos pontos de venda do festival. Os shows ocorrem no CTG de Paraíso do Norte.


