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Arno Kunzler

Indústrias em xeque

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A industrialização mundial mudou muito nas últimas décadas.

Tudo começou no pós-guerra, quando o Japão surgiu como uma nova fronteira industrial.

O Japão enfrentou os europeus e os americanos e “enfiou goela abaixo” seus produtos, no começo contestados e difamados pelos consumidores do Primeiro Mundo, inclusive aqui no Brasil, mas logo depois aceitos pelos preços competitivos.

Hoje respeitamos os produtos japoneses pela qualidade e pelos preços.

O Japão cresceu e veio buscar mão de obra no Brasil e em outros países em desenvolvimento, pagando salários até dez vezes maiores do que se pagava aqui.

Depois veio a Coreia do Sul, Hong Kong, Cingapura e Taiwan, denominados os “tigres asiáticos”, e agora a China vem atropelando e quebrando todos os paradigmas competitivos.

Os produtos asiáticos vêm com melhores preços e, não poucas vezes, têm qualidade superior, e é isso que está em discussão quando se fala em comércio mundial, PREÇO & QUALIDADE.

As indústrias europeias e americanas se tornaram obsoletas ou foram se instalar naqueles países para produzir mais barato para seus próprios cidadãos.

Trump prometeu mudar isso, mas não teve êxito por uma razão simples.

Não há regra, nem lei, nem vontade política, que consegue mudar a lei do mercado.

Os países ricos e desenvolvidos ficaram literalmente de “quatro” quando surgiu a pandemia e descobriram, se é que não sabiam, que todos os suprimentos medicinais eram fabricados na Ásia.

Agora vem a Ford e anuncia o que a maioria dos consumidores de carros já estava percebendo: os carros montados no Brasil são fabricados, a bem da verdade, em outros países.

Insumos tecnológicos que mais pesam no preço final do produto vêm em grande parte de outros países. Logo, mudar a planta industrial para outros países, para eles, muda pouca coisa.

Sem contar que aqui, apesar das promessas em todas as campanhas eleitorais, vivemos com leis trabalhistas insensatas, impostos elevados demais e burocracia estatal inaceitável para um produto de exportação, além da falta de infraestrutura de transporte, itens que encarecem nossos produtos.

Assim, sair daqui ou parar de produzir o que não dá lucro é a saída para as empresas, sejam montadoras de veículos ou outras que competem mundialmente.

Devemos lamentar a saída da Ford, sim, mas por saudosismo e outros motivos de ordem afetiva, mas não porque isso prejudica o fornecimento de veículos de transporte para os brasileiros.

 

Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos

arno@opresente.com.br

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