Entendendo os tipos de vinho

calendar_month 29 de agosto de 2022

5 min de leitura

Há muitas dicas que pretendo compartilhar, e uma delas é como acertar na escolha de um vinho, que será o tema da próxima coluna… Mas antes trago um guia sobre alguns dos diferentes estilos de vinhos que você pode encontrar à venda.

É importante que você saiba que o melhor vinho é aquele que te agrada e que cabe no seu bolso. Indicações de amigos e influencers podem ser úteis, mas eu sempre vou recomendar conhecer o que te agrada, pois o gosto é algo muito pessoal.

Mas como entender qual estilo de vinho eu mais gosto?

Realizando a “árdua” tarefa de prová-los.

No Brasil temos os vinhos finos e os vinhos de mesa.

Vinhos de mesa são mais simples, elaborados com uvas de origem americanas e, em sua grande maioria, são brancos ou tintos, mas é possível encontrar rosés.

Vinhos finos são elaborados com uvas Vitis vinifera, as quais têm sua origem no continente europeu. Possuem estrutura química diferente das uvas americanas e, portanto, resultam em vinhos mais complexos.

Abaixo um breve guia sobre os estilos de vinhos finos tranquilos* mais comuns:

Estou citando uvas populares para cada estilo de vinho, mas não é regra que todo vinho com elas seja necessariamente daquele jeito; o processo de vinificação dentro da vinícola é o que terá maior efeito sobre o resultado final do vinho.

Vinhos tintos

São elaborados somente com uvas tintas. A cor vem do tempo em que o mosto (suco extraído da uva) passa em contato com as cascas. Como existe uma enorme variedade de uvas tintas, existem vários tipos de vinhos tintos, e costumamos classifica-los como:

Tintos leves

Esse tipo é legal para quem está começando a beber vinho. São vinhos jovens, com aromas frutados e com pouca ou nenhuma nota de madeira e pouco alcoólicos. Em boca os taninos** são bem discretos e um pouquinho mais ácidos, sendo fácil de beber.

Para harmonizar combinam com massas com molhos de tomate, queijos moles ou duros, carnes brancas, vermelhas ou curadas.

Uvas famosas para este estilo:

Pinot Noir
Gamay
Garnacha/Grenache

Tintos médios

São o meio termo entre os leves e os encorpados, o que os torna excelentes vinhos gastronômicos. No nariz costumam predominar os aromas de frutas vermelhas, mas é possível encontrar notas de madeira ou especiarias. Já em boca geralmente são bem equilibrados, ou seja, normalmente nenhuma acidez e adstringência se sobressaem. Harmonizam muito bem com basicamente os mesmos pratos indicados para os tintos leves e também para os tintos encorpados.

Merlot
Carmenere
Cabernet Franc

Tintos encorpados

São vinhos que em boca os taninos** são bem marcantes e têm bastante corpo. No nariz há aromas mais complexos, que variam de frutas vermelhas, especiarias e madeira. A coloração deste tipo de vinho também é mais intensa.

Possuem potencial para envelhecer e é nesta categoria que se encontram os vinhos mais famosos do mundo. Eles são deliciosos para serem bebidos sozinhos, mas, para harmonizá-los com comida, combina melhor com pratos mais pesados e gordurosos, como churrasco.

Uvas para procurar por este estilo:

Petit Verdot
Tannat
Syrah
Malbec
Cabernet Sauvignon

Vinhos brancos

Vinhos brancos são produzidos, em sua maioria, por uvas brancas, ou tintas sem ter contato com a casca. São excelentes para dias mais quentes.

Brancos leves

São conhecidos por serem refrescantes, mantendo sabores e aromas bem frutados, que lembram muito frutas frescas. Por conta desse frescor, devem ser apreciados ainda jovens.

Combinam bem com verduras, queijos moles (como os clássicos brie e camembert), peixes e frutos do mar.

Uvas para procurar por este estilo:

Alvarinho
Sauvignon Blanc
Pinot Gris

Brancos médios ou aromáticos

São vinhos com aromas muito intensos e delicados de flores e frutas. Podem ser secos ou levemente doces.

É uma boa opção para acompanhar queijos moles ou duros (como o queijo Minas curado, Gruyere, provolone, Pecorino etc), frutos do mar, carnes brancas e carnes curadas. Também vai muito bem com comidas asiáticas. Podem acompanhar, ainda, certas sobremesas se não forem tão doces.

Uvas para procurar por este estilo:

Gewürztraminer (o nome é difícil eu sei, mas é fácil de encontrar em qualquer lugar)
Riesling
Torrontés

Brancos encorpados

São conhecidos por terem aromas ricos e marcantes. Ao contrário dos outros vinhos brancos, podem envelhecer bem e serem amadurecidos em barricas ou suas próprias borras (sedimentos). O envelhecimento destes vinhos pode trazer aromas como coco, baunilha, manteiga e mel, entre outros. Em boca é possível sentir uma textura mais cremosa.

Vão bem com queijos moles, peixes e frutos do mar de sabor mais intensos, além de carnes brancas e pratos à base de manteigas, cremes ou queijos.

Uvas para procurar por este estilo:

Chardonnay
Semillon
Viognier

Vinhos rosés

Vinhos rosés são elaborados a partir do mosto (suco) das uvas tintas que passam por pouco ou nenhum contato com as cascas. A característica final do rosé vai depender da uva com a qual ele foi elaborado. É bem comum encontrarmos rosés vindo de uvas como Malbec, Syrah e Tempranillo. Alguns vinhos rosés são extremamente leves, outros já mais encorpados.

São leves e frescos como vinhos brancos, mas também carregam um pouco da estrutura dos tintos. Portanto, são bem versáteis na cozinha, em especial com carnes magras e sem gorduras.

*Vinhos tranquilos: aqueles que não são espumantes e nem frisantes.

** Taninos: composto encontrado nas uvas e também na madeira; é ele que dá aquela sensação de secura na boca. Sabe quando você come uma banana que não está madura? Essa é a sensação que o tanino proporciona.

Leticia Zigiotto

Nasci e cresci em Marechal Cândido Rondon. Sou apaixonada pelo universo dos vinhos e me formei em Enologia pela Universidade Federal do Pampa.

*O enólogo é o profissional que estuda o vinho desde a preparação do solo para o cultivo da videira até a comercialização do vinho pronto. Em geral, conhecemos ele como o encarregado por tomar todas as decisões em relação aos vinhos dentro de uma vinícola.