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Arno Kunzler

Suinocultores em crise

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Não é a primeira e nem será a última, mas a crise que paira sobre os suinocultores independentes, especialmente, deve ser a maior e a pior da história.

Tudo começou quando há algum tempo os preços do suíno vivo estavam bons.

Os suinocultores investiram e acreditaram (novamente) que as coisas iam durar.

Aumentou a produção e o consumo também, durante um período.

Mas logo os preços do milho e da soja, que já estavam muito elevados, tornaram o resultado da produção um alto risco.

Aí veio a inflação e com ela os juros altos.

A inflação freou o consumo e os juros altos aumentaram as parcelas de quem havia feito investimentos ou dificultaram novos financiamentos.

Estava gerado o quadro ideal para a crise.

Quem esteve mais ligado se desfez de parte do plantel, mas quem continuou acreditando, como a maioria dos produtores sempre acreditam, está vivendo dias muito difíceis.

Não há o que fazer, exceto esperar o tempo passar, consumir o excesso de carne ofertada, para que os preços voltem a subir.

Mas para que haja um novo momento de alta é preciso esperar os juros baixarem e os salários se recomporem.

E isso tem o seu tempo. Não vai acontecer tão cedo e nem em ano eleitoral, muito menos no início dos novos governos.

Não há nenhuma atividade com potencial como a suinocultura para dar dinheiro rápido e também para falir projetos que de repente se inviabilizam.

As empresas integradoras oferecem um pouco mais de segurança e conseguem manter os produtores, senão ganhando dinheiro, pelo menos não comprometendo suas propriedades.

Mas os independentes não têm saída. Não tem ninguém por eles na hora da crise.

Até quem lhes fornece os insumos, para de fornecer, e quem comprava os animais, quando não tem para quem vender a carne, deixa de comprar.

Aí, o produtor literalmente não sabe o que fazer.

O quilo vivo custa em torno de R$ 7, dependendo da região e das circunstâncias da granja, e é obrigado a vender o porco gordo pela metade do preço.

O dilema é que o produtor, mesmo sabendo que vai ter mais prejuízo, não pode deixar de comprar alimentos para os bichinhos.

É um drama que vivem os produtores, e é mais um capítulo de um filme que se repete.

 

Arno Kunzler é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul

arno@opresente.com.br

 

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