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Ações estrangeiras serão mais acessíveis

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Kimihiro Hoshino/AFP

Em cinco meses, o investimento em papéis BDR, como os da Apple, estará ao alcance de quem tem pouco capital

 

Hoje restritas a investidores qualificados, com patrimônio aplicado de pelo menos R$ 300 mil, as ações de empresas estrangeiras como Apple, Boeing e Google poderão, a partir de julho, ser compradas no Brasil também por investidores comuns. A alteração foi determinada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e atende um pedido do mercado financeiro, que solicitava a derrubada da barreira de capital que hoje limita o acesso aos fundos de investimentos formados por Brazilian Depositary Receipts (BDR) recibos de ações de empresas estrangeiras negociados aqui.

Listados no Mercado Internacional da BM amp;FBovespa, os BDRs mais comuns são os não patrocinados, lançados por uma instituição depositária brasileira e oferecidos, por exemplo, por bancos e corretoras, mas somente a clientes com aplicações superiores a R$ 300 mil.

No mercado, esses títulos são identificados pela nomenclatura BDR Nível I. O investimento direto nos papéis, via BDRs Patrocinados, seguirá restrito a investidores com capital investido mínimo de R$ 1 milhão.

A CVM informa que a mudança integra uma política de permitir o investimento no exterior de maneira gradual e que está ancorada na segurança e transparência desse mercado, já que os ativos têm custódia de uma instituição depositária brasileira e que os fundos atendem a regras de publicidade idênticas a dos títulos nacionais.

Os BDRs remuneram o investidor com base no desempenho das ações das empresas e têm apresentado rentabilidade superior à do mercado acionário nacional. Na Bovespa, o índice de BDRs não patrocinados global (BDRX) fechou o último ano com valorização de 28,1%, enquanto o Ibovespa, que reúne as ações das principais empresas brasileiras, caiu 2,9%. Neste ano, o indicador de BDR sobe 2,7%, ao passo que o Ibovespa recua 1,2%.

Bancos como Bradesco e Caixa têm fundos formados por esses papéis, com destacadas taxas de retorno. O Caixa BDR Nível I teve rentabilidade de 20,1% no último ano, a maior entre os 127 fundos do banco, enquanto o Bradesco FIC FIA BDR Nível I rendeu 24,5%. Os fundos oferecidos por corretoras também têm apresentado taxas de retorno elevadas.

Confiança

O investimento é recomendado em razão do bom momento da economia americana e da valorização do dólar, em face da estagnação da economia nacional. Enquanto as empresas daqui estão sofrendo há bastante tempo, nos Estados Unidos a economia está se acelerando. A bolsa americana tem subido com consistência nos últimos três anos, diz Sandra Blanco, consultora de investimentos da corretora Órama.

A perspectiva de retorno, com esse tipo de investimento, é de longo prazo. Não dá para esperar rentabilidade imediata, pois a especulação é grande e há momentos positivos e negativos, explica o gerente de Gestão de Fundos de Renda Variável da Caixa, Camilo de Lellis Cavalcanti Júnior.

Os riscos, por outro lado, superam os de uma aplicação em ações brasileiras, pois, além da flutuação natural do mercado, os BDRs estão sujeitos às variações cambiais, que podem prejudicar o investidor, já que o lastro dos títulos é em dólar.

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