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Agricultores antecipam plantio de olho na safrinha de milho

Publicado

em

Maria Cristina Kunzler
Alguns produtores de Marechal Rondon estão apostando no plantio precoce da soja: a projeção é de esta poder ser uma das melhores safras dos últimos anos

O zoneamento agrícola para o cultivo de soja na safra 2011/2012 começa exatamente hoje (20) e prossegue até o dia 31 de dezembro. Contudo, quem anda pelo interior de Marechal Cândido Rondon pode conferir que está ocorrendo uma mudança de comportamento em alguns agricultores, que optaram por antecipar a semeadura. Este é o caso do agricultor Ari Notter, que ontem (19) estava fazendo o plantio de soja em 11 alqueires localizados em Novo Três Passos. Sobre os motivos que o levaram a fazer esta antecipação, o rondonense menciona que as condições estão favoráveis. “Como a semente 7059RR é tratada, ela aguenta alguns dias sem chuva. A hora que chover vai germinar a soja”, afirma, segundo o qual, está apostando na chuva prevista para esta semana.
O agricultor já está de olho em 2012. Isto porque ele pretende antecipar também a safrinha de milho no ano que vem, com um ciclo mais longo e ao mesmo tempo mais produtivo. “Como esta região é um dos primeiros locais que dá geada no município, a antecipação do milho safrinha é uma forma de tentar fugir da geada para diminuir os riscos de perda”, afirma.
O engenheiro agrônomo da Agrícola Horizonte, Renato Wiebrantz, lembra que o Ministério da Agricultora já antecipou o zoneamento de 1º de outubro para 20 de setembro e, mesmo assim, alguns produtores já iniciaram o plantio da soja. “Precisamos analisar isso com muita cautela, pois há fatores positivos e negativos a serem avaliados”, destaca.

Fatores positivos

De acordo com o profissional, o plantio precoce faz com que a soja tenha a tendência a ficar com um porte mais baixo. Isso evita o acamamento que foi registrado no ano passado nas áreas de alta fertilidade sob condições de plantio feito na época normal. “Há que ser registrado também que neste ano, a contar com fatores climáticos normais, o plantio da soja no Oeste do Paraná acontecerá um pouco mais precoce do que os últimos cinco anos. A necessidade de otimizar o aproveitamento do maquinário no mês de janeiro e fevereiro para a colheita de verão e simultaneamente o plantio de milho safrinha impõem uma decisão agora, de aproveitar a umidade disponível em meados do mês de setembro e dar andamento do plantio à medida que puder contar com o próximo evento de chuva”, detalha. “Adotando o plantio mais precoce da soja, o agricultor comercializa o produto um pouco antes do auge da colheita, quando o mercado está menos pressionado (menor oferta) e pode plantar a safrinha mais cedo em 2012”, acrescenta.
Outra vantagem, aponta Wiebrantz, é que o plantio precoce permite que a formação de grãos esteja concluída até o final de dezembro, quando normalmente são registradas estiagens com altas temperaturas. “No caso do plantio antecipado, os grãos já estão formados no final de dezembro e evita-se assim maiores prejuízos no campo”, aponta.

Preocupação

Por outro lado, o engenheiro agrônomo comenta que a preocupação em realizar o plantio precoce é em haver a ocorrência de um período prolongado com temperaturas abaixo de 15ºC. “Neste caso a soja retarda a germinação e quando germinar já está desgastada. Com isso, o desenvolvimento inicial se torna lento e a soja fica enfraquecida. Como fica debilitada para germinar, fica mais suscetível ao ataque de pragas iniciais”, expõe.
Além do risco de frio, o profissional enfatiza que o produtor rural deve respeitar o posicionamento da recomendação técnica, seja por conta do financiamento agrícola, seguro e temperatura do solo mais alta para que a semente germine mais rapidamente, o que faz com que o arranque inicial seja bom. “Para isso, é preciso temperaturas mais altas, que são registradas no início de outubro”, menciona.  
O engenheiro agrônomo frisa a importância do agricultor em manter a disciplina em todos os itens de produtividade, a otimização de recursos técnicos e financeiros, bem como a implementação de novas tecnologias deve ser matéria de análise e ponderação, analisa. “A projeção de uma ótima comercialização, o custo de produção similar à safra anterior, possibilidade de fatores climáticos normais, já garantindo boa rentabilidade, vão desenhando para uma eventual oportunidade de termos uma das melhores safras dos últimos anos”, enaltece.

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