Em protesto, índios ocupam o Parque Nacional do Iguaçu

Izabelli Ferrari/RPCTV
Eles estão 1 km da mata, à beira de um córrego

Três famílias com pelo menos 10 índios Avá-Guaranis entraram no Parque Nacional do Iguaçu, em Matelândia e montaram um acampamento. Os indígenas, entre eles crianças, estão há cerca de um mês no local, que fica 1 km dentro da mata, à beira de um dos rios que corta a reserva natural. Três barracas foram erguidas e servem como moradia, e uma quarta é o local usado para a reza dos indígenas.

O Parque Nacional do Iguaçu é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão federal responsável pela gestão das Unidades de Conservação do Brasil. Unido pelo Rio Iguaçu ao Parque Nacional Iguazú, na Argentina, o parque integra o mais importante contínuo biológico do Centro-Sul da América do Sul, com mais de 600 mil hectares de áreas protegidas e outros 400 mil em florestas ainda primitivas.

De acordo com o cacique Cláudio Vogado, a ocupação do local é uma forma de protesto para chamar a atenção das autoridades quanto à falta de terras. Os indígenas que estão acampados vieram de uma aldeia em Diamante do Oeste, mas eles não estão satisfeitos.

“Lá em Diamante [do Oeste] tem terras, mas pensamos no futuro. Daqui dois, três anos, vai faltar terra para nós, para nossos filhos viverem. Nós sabemos que é proibido, mas é o direito dos índios e tem que fazer também”, disse.

A aldeia de onde os índios vieram conta com o apoio da Itaipu Binacional, já que os índios foram prejudicados pela construção da usina. A cidade é uma das mais populosas do Brasil em presença de indígenas, com as aldeias Tekohá Añetete e Tekohá Itamarã.

Riscos ao parque

Por causa do risco da presença humana no local, área onde a entrada é proibida, o chefe do Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Pegoraro, disse que já fez uma reunião com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e com o Ministério Público Federal (MPF) para resolver a situação.

 

 

 

Esta é a segunda vez que indígenas ocupam o Parque Nacional do Iguaçu. Em 2005, um grupo ficou por cerca de 80 dias no local e saiu só após um acordo. Os índios, então, foram retirados do local e levados para uma aldeia que fica em Diamante do Oeste.