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Horacio Cartes assume Presidência do Paraguai
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O empresário Horacio Cartes assume hoje (15) a Presidência do Paraguai com o desafio de reincorporar o país ao Mercosul, sem ferir as suscetibilidades de seu partido, o Colorado. A fórmula encontrada por Cartes foi manter reuniões bilaterais com os presidentes dos outros três países fundadores do bloco regional: o Brasil, a Argentina e o Uruguai.
Dessa forma, poderá reaproximar o país dos vizinhos, sem manter contato direto com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, considerado persona non grata pelo Congresso paraguaio. A primeira reunião bilateral foi ontem (14) com a presidenta Dilma Rousseff, que desembarcou à noite em Assunção e foi direto para a casa de Cartes.
Hoje (15), ele deverá se reunir com os presidentes do Uruguai, Jose Pepe Mujica, e da Argentina, Cristina Kirchner. À saída do encontro, Dilma falou da importância da reincorporação do Paraguai ao Mercosul tanto para os paraguaios, quanto para os demais países.
Ela citou, como exemplo, os investimentos em projetos de integração regional como a utilização de recursos do Focem (o fundo de desenvolvimento dos países do Mercosul) para construir uma linha de transmissão de energia da Hidrelétrica de Itaipu a Assunção.
Em relação à integração política, Dilma deu apenas uma garantia: Ele (Cartes) me disse que comparecerá à reunião do próximo dia 30, da Unasul [a União de Nações Sul-Americanas]. O Paraguai foi suspenso do Mercosul e da Unasul em junho do ano passado, depois da destituição do então presidente Fernando Lugo.
A Constituição paraguaia prevê o impeachment, mas os governos regionais questionaram a rapidez com a qual o Congresso paraguaio (de maioria opositora) afastou Lugo do cargo: em menos de 24 horas, o ex-bispo esquerdista foi julgado por mau desempenho de suas funções e substituído pelo vice, Federico Franco (do tradicional Partido Liberal), tendo apenas duas horas para se defender das acusações.
Por considerar o processo um golpe parlamentar, os três sócios paraguaios no Mercosul e os outros 11 membros da Unasul excluíram o Paraguai dos dois blocos até a posse de um novo presidente eleito. Tão logo tomaram essa decisão, o Brasil, a Argentina e o Uruguai anunciaram a entrada da Venezuela no Mercosul.
A adesão do país tinha sido vetada, até então, pelo Congresso paraguaio. Ao ser suspenso do Mercosul, o Paraguai ficou sem voz nem voto nas decisões do bloco apesar de não perder privilégios econômicos e comerciais.
Com Cartes, a situação deveria voltar ao normal. Mas o novo presidente foi eleito pelo Partido Colorado o mesmo que governou o país durante 61 anos consecutivos (35 deles em ditadura) até ser derrotado em 2008 por Lugo. E foram os colorados, juntamente com os liberais, que cassaram Lugo, vetaram a entrada da Venezuela no Mercosul e declararam o presidente venezuelano persona non grata.
Para Cartes, voltar ao Mercosul no momento em que a Venezuela exerce a presidência pro tempore equivale a iniciar o mandato desafiando as bases eleitorais. Por isso, ele indicou que só vai participar dos encontros do bloco quando o mandato venezuelano terminar.
Maduro sequer foi convidado para a cerimônia de posse hoje (15). Mas, ao assegurar sua presença na reunião da Unasul no Suriname, no próximo dia 30, Cartes deixou uma porta aberta para a negociação: Maduro deve estar presente no encontro, mas como convidado e não como anfitrião.