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Rondonense vive experiência de voluntariado entre pessoas especiais

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Arquivo Pessoal
Inverno estava rigoroso quando a rondonense chegou à Inglaterra, em dezembro de 2012

Um lugar onde convivem voluntários de vários países poderia ser uma Torre de Babel. Porém, ajudar o próximo pode ser uma linguagem universal. É o que tem motivado moradores do Brasil, Alemanha, França, Hungria, Japão, Holanda, China e outras origens a viverem experiências em comunidades que abrigam pessoas com necessidades especiais.

A psicóloga rondonense Valkiria Macena Gregory, de 25 anos, acaba de retornar da Inglaterra, onde passou cerca de oito meses na Botton Village, uma vila localizada no Parque Nacional North Yorkshire Moors, em Danby, no Norte do país. A vila faz parte do grupo Camphill Communities.

Na oportunidade, ela conheceu um sistema de vida comunitária totalmente diferente do que já havia conhecido. Valkiria relata que a vila é habitada por aproximadamente 280 pessoas, que residem em 30 casas. Segundo ela, trata-se de uma comunidade voltada para adultos, sendo que cerca de 50% são pessoas com necessidades especiais, tanto doenças mentais como epilepsia e pessoas com dificuldade de aprendizado.

Elas trabalham em diversas atividades com objetivo de que a comunidade seja autossustentável. Além disso, todos os moradores participam da tomada de decisões, de forma conjunta, e praticamente não precisam de dinheiro para as atividades cotidianas. “Buscamos fazer com que os moradores atuassem com independência ao máximo possível, intervindo para auxiliá-los nas tarefas somente quando necessário”, declara Valkiria.

A comunidade tem hortas, lavouras, centro de saúde, loja, mercado, livraria, tecelagem, produz derivados de leite, dentre outros produtos, sendo possível prover em torno de 75% a 80% dos alimentos necessários para todos, a partir da agricultura biodinâmica.

“Em determinado momento considerei que a líder da tecelagem era muito rígida, mas depois entendi que a intenção em exigir a confecção de peças com qualidade proporcionava aos moradores a superação, de forma que os visitantes comprariam a peça pela qualidade e não apenas para ajudar, por se tratarem de pessoas especiais”, concluiu a rondonense.

Também desse modo ela observou que no convívio diário não há distinção entre pessoas com necessidades especiais ou não.

Experiência

O que motivou Valkiria a fazer a viagem foi a busca por uma experiência de intercâmbio, conhecer outras culturas, e também desempenhar uma atividade profissional. “Foi muito diferente de ter uma relação profissional, pois era uma relação interpessoal direta com pessoas que precisam de nosso suporte. Eu morava com eles e não apenas os atendia ou acompanhava. Eu não era tratada como profissional, mas como pessoa”, afirma.

Durante o período em que viveu na comunidade, Valkiria cozinhava, ajudava a limpar a casa, auxiliava na reciclagem de lixo, trabalhava na tecelagem e na fabricação de queijo, além de administrar medicamento para um morador e auxiliar em atividades diversas. “Os voluntários apenas eram ressarcidos por valores usados para itens de higiene e lazer”, diz.

No mercado, bastava identificar de que casa o morador era proveniente para fazer a anotação dos itens obtidos, sem precisar pagá-los na saída. “Na loja de roupas as pessoas podem deixar as peças que não usam mais e outras pessoas podem simplesmente provar e levar aquelas que precisar”, conta Valkiria.

A voluntária observou que, a partir do estilo de vida da comunidade, cada pessoa ajuda conforme os seus dons e habilidades; e cada um é atendido pelas suas necessidades e não pela sua produção.

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