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Municípios "Os Caipiras"

Formado há 13 anos, grupo de Entre Rios resgata e mantém viva a cultura e o jeito típico do interior

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Fundado em 2005, grupo “Os Caipiras” reúne mensalmente 18 famílias para relembrar e reviver as tradições do sítio no interior de Entre Rios do Oeste (Foto: João Livi)

Resgatar e manter viva a cultura colonial, o dialeto praticado pelos antepassados, as vestimentas e o jeito típico do interior. Foi com esse propósito que surgiu em 2005 o grupo “Os Caipiras”, no interior de Entre Rios do Oeste.

Formado por um grupo de 18 casais, que inicialmente eram apenas oito, o intuito das famílias que formaram o grupo era de uma vez ao mês se reunirem para relembrar tudo o que se fazia antigamente no sítio por seus pais e avós. “Carneamos porco, moemos a cana para fazer caldo e melado em locais do interior, da mesma forma que nossos antepassados faziam”, conta Altair Paulo Kuhn.

No último fim de semana, data em que o grupo completou 13 anos de existência, a reunião relembrou as formas tradicionais de se carnear porco, utilizando a carne para preparar o saboroso porco no tacho, além de preparar torresmo, banha e moer cana para o cozimento do melado que, mais tarde, foi saboreado com nata e pão de milho. “Nos encontramos uma vez por mês e sempre três casais são responsáveis por organizar o almoço ou o jantar em locais diferentes. Começamos apenas com um grupo de oito, que decidiu fazer essas reuniões para relembrar a cultura do sítio, de como é ser caipira e fomos crescendo, até chegar a esse grupo de 18 famílias”, expõe ele.

 

Fim de semana no sítio

Com o porco de 210 quilos carneado para a preparação dos alimentos, Altair explica que o valor para cada casal não é pré-definido. “Depois que tudo estiver pronto, que tivermos passado o final de semana preparando o torresmo, a banha, o melado, envasando todos esses produtos e também nos divertindo juntos, verificamos quanto cada um poderá levar para casa e o valor que será pago por cada família”, explica.

Com o animal abatido, além do porco no tacho e do torresmo que foi consumido ao longo do domingo (05), cada casal pôde levar para casa cerca de 4,5 quilos de banha, um quilo de torresmo e 3,5 quilos de melado, feitos com a cana doada por Altair. “Outros alimentos também são doados pelos participantes do grupo para fazermos nosso encontro. No sábado (04), fizemos um jantar à base de risoto, sendo que quase não houve custo para o prato principal e as saladas”, diz.

Além dos produtos que são resultado do trabalho dos Caipiras no fim de semana, Altair lembra que há a confraternização entre todos. “A festa inicia no sábado à tarde, quando começa a ser programado o jantar, além de já termos carneado o porco e fritarmos o torresmo, que já é consumido no café da manhã”, comenta.

Durante o domingo, o almoço que é feito “a caráter” do sítio, é acompanhado de maionese, arroz e salada enquanto o melado é preparado. “E à tarde, na hora do lanche, quando todos já podem descansar, saboreamos o melado ainda quentinho com pão de milho e nata, além da cerveja, é claro”, conta.

 

Confiança

De acordo com José Lírio, presidente do grupo, “Os Caipiras” têm como base a confiança. Desde que foi fundado, todos os participantes são bastante ativos e colaboram com os encontros, reunindo-se mensalmente para relembrar as tradições e, no final do ano, fazendo uma viagem para confraternizar. “Estamos sempre em clima de amizade, alegria, confraternização, para relembrar tudo aquilo que estava no dia a dia dos nossos pais e avós”, reforça.

Apesar de contar com presidente, tesoureiro e secretário, além de um livro-ata e regulamento, José destaca que todos fiscalizam o andamento dos trabalhos e tudo é feito conforme o desejo do grupo. “Esses três cargos estão colocados mais para planejar e organizar as atividades em longo prazo, nos meses seguintes, mas temos como base a confiança. É como uma família”, expõe.

Ele exemplifica dizendo que durante o encontro a bebida é deixada à vontade para os participantes consumirem e, ao lado, uma folha de controle para que anotem o que consumiram. “No final do encontro, cada um paga o que consumiu e fazemos o rateio dos custos dos alimentos que foram comprados, que sempre é bastante baixo, já que não visamos o lucro, e nunca houve furo”, sintetiza.

 

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Fotos: João Livi

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