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Entre Rios: atuação comunitária zera taxa de homicídios

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Joni Lang/OP
Projetos culturais, de educação, esportes e religião são apontados como determinantes para tais índices positivos e para a sociedade conviver em harmonia

Poucos municípios no Estado do Paraná e no Brasil podem comemorar índices positivos quando o assunto em pauta é segurança pública. Apesar de fazerem fronteira com o Paraguai, as cidades de Entre Rios do Oeste e Pato Bragado, por exemplo, despontam com taxa zero de homicídio nos anos de 2015 e 2016, assim como no primeiro trimestre deste ano.

São números que todos os gestores públicos, autoridades policiais e lideranças almejam, mas que nem sempre se concretizam. Em Marechal Cândido Rondon, por exemplo, o número de homicídios dobrou de 2015 para 2016, passando de cinco para dez registros. Mercedes teve um assassinato no ano passado e Nova Santa Rosa teve três. Em Quatro Pontes não houve registro em 2015 e 2016, mas neste ano o número mudou, após a ocorrência de um homicídio no município.

 

Município modelo

Com população de quatro mil habitantes, Entre Rios do Oeste é considerado modelo na região em vários aspectos, inclusive em segurança pública. Mas o que faz o município ser tão pacato?

Autoridades políticas, do meio policial e empresarial garantem não haver uma receita específica para o número zero em termos de crimes praticados contra a vida, contudo elas destacam que o engajamento entre comunidade, polícia e políticos torna todos mais fortes. Funciona como uma espécie de ligação que proporciona colher bons frutos. A Polícia Militar (PM) orienta os moradores para que se sintam seguros, enquanto a comunidade faz sua parte estando vigilante a eventuais suspeitos que apareçam na cidade. De outro lado, o investimento em cultura, educação e esportes é apontado como fator determinante para o sucesso de determinados índices positivos na área de segurança pública.

 

Investir nas pessoas

O prefeito Jones Heiden salienta que a administração municipal se mantém preocupada em oferecer qualidade de vida e segurança à população. “Nós investimos em programas culturais, em esporte e na educação para que o jovem de 14 anos acima esteja ocupado com atividades boas, tirando a possibilidade de ele ter contato com situações ruins”, menciona.

Outra ação, acrescenta o mandatário, é a parceria com a Polícia Militar, auxiliando em um compromisso que é do Estado. “Mantemos esta parceria buscando proporcionar uma estrutura melhor ou algo que a polícia precisa e o Estado não consegue oferecer. Este trabalho é importante, de oferecer uma condição melhor. A gente está sempre de portas abertas e à disposição da polícia quando ela precisa do Poder Público”, expõe, acrescentando: “é fundamental investir no jovem para mantê-lo ocupado e com uma educação diferenciada, além da parceria com a polícia. Este é o trabalho desenvolvido e o resultado positivo ocorre por isso”.

A secretária municipal de Educação e Cultura, Marilei Balensiefer Lerner, acredita que a disciplina de ensino religioso, que está incluída na grade curricular dos estudantes da rede municipal de ensino, também tem papel importante nos números positivos. “Os nossos professores trabalham muito bem sobre a questão dos valores da família e da sociedade, buscando dar estímulo, mostrando para os alunos a valorização, a formação da cidadania e o respeito”, destaca.

Ela entende que outro fator significativo para tal realidade no município diz respeito aos projetos culturais, os quais contam com adolescentes participando de aulas de música. “Temos violão, guitarra, bateria, acordeon e teclado, além de balé e dança gauchesca. A gente vê bastantes resultados positivos nos corais, através do coro infantil e do juvenil. É muito interessante essa participação do adolescente no coro juvenil, trabalhando a questão da valorização à vida”, expõe, salientando que os projetos de música atendem desde crianças de quatro, cinco anos passando por adolescentes, adultos e envolvendo pessoas da terceira idade.

Polícia próxima da comunidade

De acordo com o comandante do Destacamento da Polícia Militar, 2º sargento Airton Antônio Wochnicki, a relação da PM com os munícipes é de harmonia. “A administração municipal nos ajuda no que a gente precisa, sendo que o mais importante é nossa relação com a comunidade. Nós desenvolvemos um trabalho de polícia comunitária e temos uma relação muito boa com toda a sociedade”, ressalta.

Wochnicki lembra que além do número de emergência, a comunidade entrerriense também tem um número de telefone celular à disposição: (45) 9.9862-5235. “Em caso de emergência, a população entra em contato e nós atendemos prontamente”, menciona.

O Destacamento da PM está situado na avenida principal na entrada da cidade. Para o comandante, a proximidade da polícia com o Poder Público e com a comunidade proporciona os resultados positivos. Contudo, ele diz que a fronteira traz problemas pelas pessoas envolvidas com drogas e contrabando. “A gente faz um bom trabalho e a comunidade colabora, está sempre atenta, por isso é possível esse bom resultado”, reforça.

Engajamento

Na opinião do presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Entre Rios (Acier), Alexandre Stein, o índice zero em termos de homicídios é reflexo de ações conjuntas. Para ele, tal resultado foi alcançado a partir da ajuda de vários órgãos, além, é claro, do trabalho realizado pela Polícia Militar. “O trabalho da PM deve ser elogiado. O Poder Público é parceiro e a Acier e as entidades estão sempre em alerta. Isso é possível devido ao esforço de toda a comunidade”, enaltece.

 

Preocupação

Apesar da taxa zero de homicídios, outras modalidades de crimes têm gerado preocupação nas lideranças: trata-se dos índices de furtos e roubos. “A diretoria da Associação Comercial conversou com o Poder Público para criar o Conselho Comunitário de Segurança e auxiliar a Polícia Militar ainda mais. Estamos em uma região de fronteira e no nosso caso o problema é diminuir os índices de furtos e roubos. Vamos nos reunir com representantes da prefeitura e da Polícia Militar com o objetivo de proporcionar mais segurança aos entrerrienses a partir da criação do conselho”, enfatiza.

 

Furtos e roubos preocupam lideranças

Apesar da sensação de segurança, um assunto bastante comentado em Entre Rios do Oeste, tal qual em muitos municípios do Oeste do Paraná, é o aumento dos índices de furtos e roubos, com algumas ações de agressão. Assim sendo, autoridades e lideranças estão preocupadas e se mobilizam em prol da comunidade.

Conforme o presidente da Acier, Alexandre Stein, no ano passado um empresário foi assaltado e neste ano uma relojoaria foi vítima de sujeitos armados. “Além disso, há notícias de arrombamentos e furtos em comércios da cidade ocorridos em alguns fins de semana. É um problema que todos devem enfrentar juntos”, avalia.

O comandante da PM, 2º sargento Airton Wochnicki, entende ser salutar a criação do Conselho de Segurança como ferramenta para apoiar ainda mais a polícia e garantir maior sensação de segurança a todos os munícipes. “O conselho é uma questão financeira, através da qual o município pode auxiliar a PM na parte de recursos, possibilitando adquirir mais equipamentos e algo na parte de estrutura”, expõe.

O prefeito Jones Heiden vê como positiva a sugestão da Acier e da comunidade local em criar um Conselho de Segurança. “Está havendo esta cobrança por parte da sociedade e de algumas lideranças. Temos acompanhado alguns quadros de roubo e chegamos à conclusão de que são casos em que a polícia vai atrás e constata ser de pessoas de fora, que vêm ao município ou algum indivíduo da cidade. Porém, muitos dos casos são de gente de fora, então possivelmente vamos formar o Conselho de Segurança”, finaliza.

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