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Fenômenos El Niño e La Niña medem forças no Paraná

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Depois de registrar entre o final de maio de 2015 e o começo de junho deste ano um dos El Niño de mais forte intensidade na história (ao lado dos ciclos de 1982-1983 e 1997-1998), o mundo agora se prepara para encarar seu oposto, o La Niña, que assim como seu irmão provoca mudanças nas correntes atmosféricas e afeta o clima global. Mas afinal, qual dos fenômenos é, de fato, o mais poderoso, o mais danoso ao ambiente?

Na maioria das vezes o La Niña surge ao final da ocorrência de um El Niño, funcionando através de uma espécie de inércia de reacomodação não regular, com o esfriamento das águas a leste do Oceano Pacífico, nas costas do Peru. Além disso, no extremo oposto, a oeste, na Ásia, os ventos alísios (que sopram na faixa equatorial, no sentido leste-oeste) empilham águas quentes, o que altera a circulação dos ventos e da atmosfera em todo o planeta.
Daí, é possível notar como o La Niña é um fenômeno de intensa energia. No entanto, os cientistas acreditam que seus efeitos, em regra geral, sejam menos danosos ao ambiente do que os do El Niño, que decorre do aquecimento brusco das águas do Pacífico tropical e costuma ocorrer em intervalos que variam de dois a sete anos. O mais recente fenômeno, inclusive, foi responsável por causar perdas nos cultivos de muitas plantações em todo o Brasil, elevando preços de alguns produtos no mercado e deixando muitos agricultores preocupados com as próximas safras.

O La Niña, por sua vez, deve começar a atuar com mais intensidade neste mês, fazendo reduzir bastante as ocorrências de chuvas na comparação com o ano passado. Aí, contudo, um dado curioso: embora o El Niño costume, num geral, provocar mais estragos que o La Niña, no Paraná, segundo dados da Defesa Civil do Estado, é ela quem geralmente provoca maiores dores de cabeça.
Para fazer a comparação, levou-se em consideração os três últimos ciclos de cada um dos fenômenos. E enquanto no período de vigência do El Niño entre os anos de 2006-2007, 2009-2010 e 2015-2016 registrou-se 1.467 ocorrências com 1,85 milhão de pessoas afetadas em todo o estado, o La Niña, entre os anos de 2007-2008, 2010-2011 e 2011-2012, registrou um número menor de desastres ambientais (1.211), mas afetou um número muito maior de pessoas (3,24 milhões).
Os dados da Defesa Civil apontam ainda que essa inversão na lógica científica tem um motivo. É que o La Niña costuma provocar secas prolongadas na região sul do Brasil, fazendo aumentar consideravelmente as ocorrências de estiagem. 
Em 2011-2012, por exemplo, ano em que o fenômeno bateu recorde de pessoas afetadas (2,5 milhões) e de ocorrências (566), foram 156 registros de estiagem, com o caso mais grave em Toledo, no oeste do Paraná. Na ocasião, o município perdeu três dos nove poços que atendem o sistema de abastecimento de água, o que representou uma queda de 25%, da capacidade total da produção. Ao mesmo tempo, as altas temperaturas fizeram com que a população utilizasse mais água, com o consumo subindo a 30% acima da média em alguns dias. 119.353 pessoas acabaram afetadas pelo problema.

Pcorrências causadas pelo El Niño e La Niña no Paraná:

El Niño

 

2015-2016

 

Intensidade

muito forte

Municípios atingidos

267

Ocorrências

739

Pessoas afetadas

649.365

2009-2010

 

Intensidade

moderada

Municípios atingidos

204

Ocorrências

483

Pessoas afetadas

985.188

2006-2007

 

Intensidade

fraca

Municípios atingidos

122

Ocorrências

245

 

 

La Niña

 

 

 

2011-2012

 

Intensidade

fraca

Municípios atingidos

242

Ocorrências

566

Pessoas afetadas

2.451.463

2010-2011

 

Intensidade

moderada

Municípios atingidos

155

Ocorrências

383

Pessoas afetadas

721.223

2007-2008

 

Intensidade

moderada

Municípios atingidos

106

Ocorrências

262

Pessoas afetadas

64.063

Pessoas afetadas: 218.268*Com exceção do ano 2015-2016, que levou em consideração o período entre maio/15 e junho/16, em todos os outros anos o período analisado foi de março a março dos anos referidos

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