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Paraná

Maior refúgio urbano do Brasil nasce na região de Curitiba

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Antônio More/Gazeta do Povo

Mistura dos tipos de vegetação, com áreas de várzea, campo e florestais e o encontro dos rios Iguaçu e Barigui

A preservação ambiental não deve ter fronteiras, afinal nem os recursos naturais, nem as consequências da degradação respeitam limites ou divisas. As cidades de Curitiba, Araucária e Fazenda Rio Grande decidiram levar em consideração essa característica natural e criaram, juntas, uma unidade de conservação: o maior refúgio de vida silvestre do Brasil e o único que é metropolitano. Trata-se do Refúgio do Bugio – que ganhou esse nome por causa das famílias desse tipo de primata que vivem nas matas do local. A assinatura dos decretos de criação e a solenidade de inauguração acontecem na manhã de hoje (28).

A área tem proporções consideráveis: só a porção curitibana equivale a seis parques Barigui. As partes de Fazenda Rio Grande e Araucária são do tamanho de 600 e 330 campos de futebol, respectivamente. Além disso, depois de tantos esforços para criar áreas na região Norte de Curitiba, o refúgio representa um grande investimento na região Sul a unidade de conservação fica na confluência dos bairros Tatuquara, Campo de Santana e Rio Bonito. A área fica às margens da Rodovia do Xisto, na BR-476, nas proximidades da Refinaria da Petrobras (Repar) e do antigo aterro da Caximba.

O biólogo Mauricio Savi, assessor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba, acredita que o refúgio é a primeira área criada realmente para a conservação ambiental – os demais parques da cidade são importantes opções para lazer e para a redução de impacto de enchentes, mas são pouco representativos para a preservação da fauna e da flora nativas.

No refúgio do Bugio foram encontradas mais de 20 espécies de mamíferos e 112 espécies de aves, algumas migratórias, que usam o capão como parada estratégica enquanto estão se deslocando. A unidade ambiental é cortada pelo Rio Iguaçu e dentro dela está a foz do Rio Barigui. Os dois cursos dágua se encontram dentro do refúgio – o Barigui aparenta estar mais poluído. O refúgio também protege as margens do Rio Maurício, um dos poucos com qualidade hídrica na região.

Depois da criação da área, por decreto, a etapa seguinte é a elaboração do plano de manejo, que vai identificar quais as espécies animais e vegetais existentes na área e vai determinar os possíveis usos para o espaço. Assim, a definição de todas as estruturas que serão instaladas no local e quais serão as opções de lazer permitidas ainda depende do plano de manejo. Já é permitido o acesso de grupos de estudantes para visitas guiadas. Basta entrar em contato com as secretarias de meio ambiente.

A área já recebeu melhorias, como o asfaltamento do acesso e de uma ciclovia e a construção de um pórtico. Bancos de madeira foram colocados em meio a árvores para criar uma sala verde para aulas de educação ambiental. Nas margens dos rios, estão sendo retiradas espécies invasoras e substituídas por nativas.

Toneladas de lixo foram tiradas dos rios. Uma ponte, uma passarela e um deque – todos em madeira – foram construídos para facilitar a locomoção. Numa das bordas do refúgio é possível observar o antigo curso do Rio Barigui (antes da canalização). A vala aberta será mantida, até como forma de conter a água em caso de chuvas intensas.

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