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Paraná

Produtividade da soja aumenta, mas preço recua

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Joni Lang/OP

Agricultor Seno Lunkes em frente à área recorde de soja, agora preenchida com o milho safrinha

 

A supersafra de soja estimada pelo Ministério da Agricultura e pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) está se confirmando. Os números gerais apontam para o avanço da produtividade em inúmeras regiões do país, com destaque para o Paraná, que pode colher 19 milhões de toneladas, acima das 18,3 milhões inicialmente projetadas.

De acordo com a técnica do Departamento de Economia Rural (Deral) de Toledo, engenheira agrônoma Jean Marie Ferrarini, as lavouras de soja cultivadas pelos agricultores dos 20 municípios da área de abrangência do Deral resultaram em 1.745.800 toneladas colhidas em 472 mil hectares, diante de 1.588.734 toneladas em uma área de 471.500 hectares na safra 2015/2016, o que representa incremento de cerca de 12% na comparação de um ano para o outro. Contudo, o preço, que no ano passado era de R$ 70 ou mais por saca da soja e inicialmente estava em R$ 65 (neste ano), agora está em R$ 61,50, o que nivela o desempenho das safras 2015/2016 e 2016/2017.


Faixa de 220

Entre os casos de maiores produtividades nesta safra de soja na microrregião está a família Lunkes, que reside no município de Quatro Pontes. A lavoura cultivada pelo casal Seno e Leci Lunkes, a filha Daiana, os filhos Rudi e Fábio e as noras Michele e Giliane rendeu 183 sacas de soja por alqueire em uma área de 35 alqueires. Deste total, 21 pertencem à família, enquanto os demais 14 são terras arrendadas.

Embora a média seja de 183 sacas, o capricho no plantio aliado ao manejo adequado, demais cuidados e chuvas na medida certa proporcionaram que a família Lunkes, associada à Copagril, colhesse 220,2 sacas de soja em uma área de 4,5 alqueires. Outros produtores colheram média próxima de 190 sacas por alqueire ou superior, entretanto esta área está sendo considerada pelo setor agrícola como a de melhor desempenho em uma determinada faixa na microrregião de Marechal Rondon.

Mesmo com a boa colheita, os Lunkes lamentam que o preço da saca encolheu na comparação com o ano passado, o que fez com que as safras de verão 2016 e 2017 ficassem praticamente equilibradas em termos de rentabilidade. A família, que trabalha unida, acredita que os resultados com o milho safrinha devem ser positivos na lavoura de 35 alqueires que já está cultivada.

 

Índice superior

Conforme Jean Marie, para Marechal Cândido Rondon a estimativa é de que a safra renda 114.170 toneladas, ou 3,768 toneladas em cada um dos 30.300 hectares cultivados, índice superior ao da regional, que é de 3,7 toneladas por hectare. Tal expectativa, segundo ela, também vale para os demais municípios da microrregião. No ano passado, a área cultivada no município foi de 30 mil hectares, enquanto a produtividade alcançou 3,250 toneladas por hectare. Isto comprova que neste ano a safra foi 12% superior em termos de produtividade e qualidade dos grãos. O preço estava na média de R$ 70 no ano passado, quando neste ano se encontra em R$ 62, cuja diferença no preço pode ser compensada por uma produtividade maior, menciona, acrescentando que, segundo técnicos da área agrícola, cerca de 40% da safra rondonense está comercializada.

A engenheira agrônoma salienta que a queda no preço da saca da soja foi impulsionada pela baixa do dólar, que recuou de R$ 3,40 para R$ 3,10. Além disso, conforme ela, especulações do período, a boa oferta, a colheita na América do Sul e a queda na demanda por alguns países compradores também contribuíram para que os preços finais pagos ao produtor terminassem retraídos.

 

Milho safrinha

A previsão do Deral de Toledo é a de que as lavouras cultivadas com milho safrinha sejam de 437 mil hectares, devendo atingir 2,665 milhões de toneladas. Esta área já está toda semeada, sendo que a expectativa de produtividade se mostra muito boa se o clima favorecer. Na fase inicial nós tivemos um ataque severo de percevejo, que hoje está controlado. Para Marechal Rondon a previsão de área de milho safrinha é de 25,2 mil hectares, cujo rendimento deve ser de seis toneladas por hectare, expõe.

 

Rentabilidade nivelada

O gerente comercial da Agrícola Horizonte, Valdair Schons, destaca que o resultado final em se tratando de produtividade se posicionou razoavelmente acima da expectativa. Tivemos regiões com baixa produtividade girando de 80 a 100 sacas de soja, caso de Pato Bragado, assim como os distritos rondonenses de Bom Jardim, Iguiporã e Porto Mendes. Por outro lado, foram registradas produtividades acima de 160 sacas e pontos isolados com média de 200 sacas ou mais por alqueire. Alguns fatores como a falta de chuva e o sol quente afetaram um pouco a produtividade devido ao momento crítico em que algumas lavouras se encontravam, enquanto o excesso de chuva não chegou a prejudicar a produtividade e nem a qualidade dos grãos, por ter sido algo mais pontual, comenta.

A área de ação da Agrícola Horizonte compreende cerca de 50 mil hectares em Marechal Rondon e municípios arredores, sendo que nesta região mais de 80% das propriedades tiveram resultado melhor do que no ano anterior. Quanto à rentabilidade ao produtor, aí sim a gente avalia que vai ser algo próximo de 2016. No ano passado foi colhido menos, porém trabalhou-se com um mercado um pouco melhor, com preço mais vantajoso. Neste ano se colheu mais, contudo o preço ainda segue inferior, portanto a análise é de que exista um equilíbrio na rentabilidade financeira entre um ano e outro, avalia.

Outro ponto citado pelo gerente comercial é de que a comercialização do produto na safra 2015/2016 foi antecipada de forma mais forte através de contrato e trava de preço para o mercado futuro. Já na safra 2016/2017 o produtor tirou o pé e comercializou bem menos, o que também interfere muito na cotação do mercado, fazendo com que a gente não saiba até que ponto esta interferência é boa ou ruim ao mercado e ao produtor, analisa. Ele acrescenta que no tocante à lavoura de milho o plantio foi diminuído na safra de verão, entretanto a produtividade foi boa e variou de 300 a 400 sacas por alqueire.

 

Produtor impactado

A variação no câmbio do dólar afeta diretamente o produtor rural, pois quando da implantação da safra de soja a gente trabalhava com o dólar cotado em R$ 3,30 ou R$ 3,40, sendo que o custo de instalação representa R$ 3,40. Agora na colheita o dólar recua para R$ 3,10 ou um pouco abaixo disso. Essa diferença de câmbio impacta diretamente o produtor, destaca.

Schons ressalta que a diferença média entre a safra 2016 e a atual está na casa de R$ 15 a saca de soja paga ao produtor. Isto representa de 15% a 20%, considerando que R$ 15 por saca de soja é o que falta ao agricultor. Alguns produtores com mil sacas colhidas podem chegar a R$ 15 mil de queda na arrecadação na comparação entre uma safra e outra. Considerando uma demanda e a expectativa de um mercado mais atrativo, parte dos agricultores não faturou a safra de soja por completo em busca de melhor rentabilidade, finaliza.

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