Secretaria pede que pais e alunos denunciem professores por “doutrinação política”

A Secretaria de Estado da Educação afirmou na sexta-feira (19) ter sido informada que em algumas escolas da rede pública os alunos estão recebendo informações de caráter doutrinário e político e pediu que estudantes e pais denunciem os professores que fizerem isso. Na quinta-feira (18), o chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra acusou professores de usarem vídeos editados com cenas do confronto entre manifestantes e policiais, no último dia 29 de abril, no Centro Cívico – que resultou em mais de 200 feridos durante votação pela Assembleia Legislativa das propostas de mudanças na aposentadoria dos servidores – para atacar o governo.

No mesmo dia, a Secretaria divulgou levantamento apontando que professores têm salário maior que prefeitos em 111 cidades paranaenses, acirrando o clima de conflito entre o governo e a categoria. A APP-Sindicato rebateu, apontando que a maioria dos professores recebe pouco mais de R$ 2,5 mil ao mês por uma carga horária de 20 horas semanais de trabalho.

De acordo com a Pasta, conforme reclamações que chegam à Secretaria, “alguns professores que fizeram greve estão insuflando crianças e adolescentes” contra o governo do Estado. Em Curitiba já foram registrados diversos casos, diz o órgão. Segundo a Seed, os pais questionam se não deveriam ter dado autorização (ou negativa) prévia para que seus filhos recebessem esse tipo de conteúdo, ao invés das disciplinas da grade normal.

O chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, argumenta que esse tipo de discurso só interessa aos partidos que sustentaram a greve, “que lesou um terço do ano letivo no Paraná. Segundo Sciarra, os professores não deveriam utilizar o tempo do aprendizado dos estudantes na disseminação de apologias” contra o governo do Estado. Deseducação, conforme relatam pais de alunos, afirmou o chefe da Casa Civil. Em que pese o direito de cada um ter posição política numa democracia, questões políticas e partidárias não deveriam se sobrepor ao princípio de que os alunos estão na escola para aprender o conteúdo necessário para que sejam preparados para a vida, disse Sciarra.

A secretária de Estado da Educação, professora Ana Seres, alega que a escola é um espaço de ensino e não de doutrinação política. A orientação é que pais e responsáveis e os próprios estudantes denunciem às Ouvidorias dos Núcleos Regionais de Educação (NREs) qualquer atividade ou conteúdo que considerarem indevidos. A escola é, sim, um espaço democrático, mas para que se desenvolva o processo de ensino e aprendizagem, e não doutrinação, comentou a secretária.

Ouvidoria

A Ouvidoria é o canal de comunicação direto com a população, que pode fazer reclamações, solicitações, denúncias, sugestões e comentários em geral sobre os serviços públicos na área da Educação, afirma o governo. O departamento registra, orienta e esclarece o cidadão e, na medida do possível, soluciona as demandas trazidas pela população.

O cidadão pode registrar sua demanda diretamente na Secretaria da Educação ou em seu Núcleo Regional de Educação, por meio da internet, telefone, fax, carta ou atendimento presencial.