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Paraná

Tráfico de drogas lidera denúncias do 181 na região

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Joni Lang/OP

Após receber e montar o quebra-cabeça das denúncias, equipe de militares define estratégias para averiguar situações na região

Criado no ano de 2003 com o número 161, inicialmente conhecido como Narcodenúncia, com o passar dos anos o serviço de inteligência disponibilizado pela Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná evoluiu até se tornar o Disque Denúncia 181. A ferramenta é bastante disseminada em muitos Estados da União e também no Paraná, contudo poderia ser melhor utilizada pelos cidadãos.

As denúncias podem ser realizadas de forma anônima via telefone 181 ou através do site www.181.pr.gov.br, sendo que todas as informações chegam exclusivamente ao Departamento de Inteligência do Estado, em Curitiba. Em situações em que o denunciante estiver visualizando algum crime no momento em que este ocorre, todavia, ele deve ligar primeiramente para o número de emergência 190, para que uma viatura policial seja encaminhada para o local para dar atendimento à emergência policial verificada.

Conforme números repassados pelo Disque Denúncia 181 no Estado do Paraná, desde 2010 até este ano foram registradas 339 denúncias anônimas na microrregião, 287 voltadas a Marechal Cândido Rondon. Entre novembro do ano passado e 30 de abril deste ano houve 42 denúncias nos seis municípios que integram a comarca, entre eles Entre Rios do Oeste, Marechal Rondon, Mercedes, Nova Santa Rosa, Pato Bragado e Quatro Pontes. Desse total, 33 para Marechal Rondon (os números podem ser conferidos nas tabelas a seguir).

 

Participação

O comandante da 1ª Companhia do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), capitão Nairo Cardoso, diz que a polícia busca a confiança da população no 181. “Esses números já foram mais tímidos, mas a gente considera que podem crescer ainda mais através das operações que nós temos feito como resposta à confiança da população nessas denúncias”, menciona.

“No Estado do Paraná este trabalho começou primeiramente como Narcodenúncia e hoje atende todos os tipos de denúncias que a pessoa queira fazer, desde situação de tráfico de drogas, abuso contra crianças e adolescentes e envolvimento de policiais em situações de corrupção. Homicídios já foram desvendados, assim como roubos. Para Marechal Rondon foram muito válidas as informações com relação aos roubos de caminhonetes e sobre pessoas envolvidas. É algo que sempre nos dá retorno, então vale a pena as pessoas confiarem no 181 para que a gente possa obter informações. A comunidade pode prestar essas informações com o anonimato garantido. Nós não sabemos e não queremos saber quem está denunciando”, ressalta o capitão.

 

Diligências

Passada a fase de análise da denúncia, quando os profissionais do 181 checam e unem todas as informações até chegar ao acusado, inicia-se a fase de diligências. Este trabalho é desenvolvido pelo setor de inteligência, que acompanha essas denúncias e tem acesso ao sistema do 181. “Abrimos relatórios para cada denúncia de interesse da segurança pública da nossa unidade e depois que confirmamos determinadas denúncias tomamos as providências cabíveis. Se (o denunciante) acredita que seja uma situação de narcotráfico a gente leva ao conhecimento do Ministério Público e da Polícia Civil e em ações conjuntas tenta desarticular aquele ponto de narcotráfico, combatendo desde os pequenos distribuidores de entorpecente até quem traz grandes quantidades de droga”, explica um oficial do departamento de inteligência do BPFron.

Segundo ele, isso vale para outras ações penais. “Existem várias denúncias de prostituição infantil em estradas, agressão, violência doméstica, sendo que tudo isso a gente apura e leva ao conhecimento das autoridades competentes, além de se articular como órgão de segurança pública, Ministério Público e Judiciário a fim de tentar coibir todas as ações delitivas”, garante.

De acordo com o oficial do departamento de inteligência, crimes ambientais, roubos e homicídios também estão entre as denúncias recebidas pelo 181 e apuradas pelo BPFron. “De forma anônima é repassada a identidade dos suspeitos, o que contribui muito para o trabalho da polícia, tanto da Polícia Militar quanto das polícias Civil e Federal para conseguir coordenar as ações prender os infratores”, ressalta.

 

Contrabando

O líder em termos de denúncias apuradas pelo departamento de inteligência do BPFron é o tráfico de drogas. Contudo, de acordo com o capitão, o contrabando de cigarros também é uma peculiaridade na microrregião de Marechal Rondon. “Nós recebemos denúncias de pontos de depósitos de cigarros, transportadoras e pessoas envolvidas com o transporte de cigarros. Ainda precisa crescer bastante. Em relação a Mercedes, por exemplo, as denúncias são muito parcas para não dizer inexistentes. Em 2017 não tivemos nenhuma denúncia deste município, porém apreendemos uma quantidade bastante significativa de contrabando lá”, expõe.

 

Desconhecimento

Apesar dos resultados positivos já obtidos em inúmeras cidades, o comandante do BPFron diz que as pessoas ainda desconhecem a importância da ferramenta 181. “Esses dias eu conversei com o prefeito de uma cidade que desconhecia o 181 e infelizmente falta informação para as pessoas saberem e confiarem nessa ferramenta. Isso já melhorou em Marechal Rondon, pois estamos conseguindo trabalhar mais com a ferramenta. Segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos. Nós não queremos que as pessoas corram atrás e nem troquem tiros com marginal, pois esse trabalho nós vamos fazer, assim como os levantamentos. A informação é a comunidade que tem, portanto a comunidade vai ser os olhos da Polícia Militar”, destaca.

As autoridades policiais garantem que tanto para denúncias via telefone quanto pelo website a identidade dos denunciantes permanece em sigilo absoluto, sendo sinônimo de segurança aos parceiros da polícia. “Nós não temos número de IP e especificamente para o 181 não há rastreabilidade, diferente do 190. No 190 nós temos rastreabilidade das informações repassadas até para evitar a questão de trotes. Por não termos essa rastreabilidade no 181 é possível aprimorar este trabalho de verificar se a denúncia é realmente condizente, se ela tem indício de verdade”, comenta o capitão.

 

Como informar?

Para prestar apoio aos órgãos de segurança, o “herói anônimo” – como é denominado o denunciante – deve estar atento a inúmeros fatores e se munir do máximo de informações, além de citá-las da maneira mais detalhada possível. “A pessoa que fizer a denúncia deve ter em mãos o maior número de dados possíveis, como placas de veículos, no caso de casa rural deve saber a cor e a localidade, tudo com riqueza de detalhes para que a gente possa dar uma resposta condizente”, menciona Cardoso.

Ele acrescenta que a denúncia muitas vezes é montada como um quebra-cabeça. “Você a vê com um determinado cenário. A pessoa A vai lá e faz um pedaço, a pessoa B já consegue ver aquela mesma denúncia por outro ângulo. Ela denuncia aquele mesmo local com uma riqueza maior de detalhes, um denuncia que é a pessoa A, o outro diz o apelido, enquanto um terceiro dá a placa. Então a gente vai e monta esse quebra-cabeça, por isso o 181 é um trabalho de médio prazo. Precisamos de mais ângulos de visão sobre o mesmo local denunciado, porque outras pessoas podem fazer a mesma denúncia complementando aquela primeira ligação”, enaltece, emendando que todas as denúncias são válidas, sejam elas genéricas ou detalhadas. “Muitas vezes são essas as informações que as pessoas têm, então outras vão complementando até nós compreendermos sob um ângulo melhor”, finaliza o capitão.

 

“Participação do cidadão é importante”, diz coordenador no Paraná

O coordenador do Disque Denúncia 181 no Estado do Paraná, capitão Edivan Fragoso, reforça que é salutar que a sociedade seja parceira da polícia e dos órgãos de segurança. “A participação do cidadão é importante para a polícia, não apenas quando o fato acontecer, uma vez que a segurança pública é de responsabilidade de todos. Assim sendo, é fundamental que as pessoas levem os crimes cometidos ao conhecimento da polícia”, enfatiza.

“Destaca-se que a denúncia via 181 e website é totalmente anônima. Além disso, muitas das denúncias também são transmitidas à Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar e ao Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron). Em outros casos são repassadas às secretarias de Assistência Social quando há violação dos direitos da criança e do adolescente, além de buscar proteger idosos e mulheres. O 181 – atendido em Curitiba – é uma ferramenta que auxilia muito o BPFron no trabalho de combate aos mais diversos tipos de crimes na região de fronteira”, ressalta.

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