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Mais 26 PMs serão julgados por massacre do Carandiru

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Após três meses, deve começar na manhã desta segunda-feira (29), em São Paulo, outro julgamento popular de mais 26 policiais militares acusados de participar dos assassinatos de 73 dos 111 detentos mortos durante o caso conhecido como “massacre do Carandiru”. A expectativa da Justiça é que o júri dure até uma semana. Os réus respondem aos crimes em liberdade e negam as acusações.

Em 2 de outubro de 1992, esses acusados integravam as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), espécie de tropa de elite da Polícia Militar. Eles invadiram a Casa de Detenção para conter uma rebelião de presos. Lá dentro, fizeram mais de 300 disparos no segundo andar do Pavilhão 9. Alguns presidiários morreram com nove tiros. Os réus alegam terem agido em legítima defesa. Nove deles continuam trabalhando na Polícia Militar.

Em abril deste ano, outros 23 policiais que também eram da Rota foram julgados e condenados a 156 anos de prisão cada um pelas mortes de 13 presos do primeiro andar do Pavilhão 9. Apesar disso, continuam livres. Em 2001, o coronel Ubiratan Guimarães foi julgado e condenado a 632 anos de reclusão por 102 mortes, mas após cinco anos acabou absolvido pela Justiça em novo julgamento. Terminou assassinado em 2006 por razões desconhecidas.

De 1992 para cá, além dos três julgamentos citados acima, estão programados mais outros três júris, incluindo o que começa a partir das 9 horas desta segunda-feira no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste da capital.  Por conta do número total de réus no caso do Carandiru, 78 homens entre policiais e ex-policiais, o processo foi dividido em quatro júris diferentes, correspondentes a cada um dos quatro andares invadidos do presídio.

O critério será julgar o grupo de policiais militares que esteve em cada um dos pavimentos onde presos foram mortos.

Na manhã desta segunda, sete jurados serão sorteados para decidir se os policiais são culpados ou inocentes do crime de homicídio doloso qualificado (quando há intenção de matar, sem dar chance de a vítima se defender) contra cada um dos detentos. Para o Ministério Público, responsável pela acusação, os PMs executaram as vítimas e, por esse motivo, deveriam ser condenados à prisão pelas mortes que provocaram. No total, foram indicadas 13 testemunhas (cinco pela defesa e oito pela acusação).

Os defensores dos acusados, por sua vez, rebatem a denúncia da Promotoria alegando que os policiais agiram no cumprimento do dever para por fim ao tumulto na cadeia. 
Para os advogados, eles só dispararam contra os presos em legítima defesa porque eram ameaçados e agredidos por eles. O juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo presidirá o júri.

A confusão começou durante um jogo de futebol, com uma briga entre dois homens de quadrilhas rivais. O confronto saiu do campo e subiu os andares do prédio onde eram encaminhados os novatos no universo prisional. Houve quebra-quebra e colchões foram incendiados pelos detentos.

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