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“Estou trabalhando na minha reeleição para deputado estadual”, afirma Ademir Bier

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Deputado estadual Ademir Bier, em visita ao Jornal O Presente: “Como rondonense não temos o direito de atrapalhar o governo, pelo contrário, temos a obrigação ajudar naquilo que é possível”

 

Mal saímos de uma eleição, realizada há quase sete meses, e as atenções se voltam para 2018, quando os eleitores retornam às urnas para escolher o novo presidente da República, senadores, governadores, deputados federais e estaduais.

Para alguns a próxima campanha ainda está distante, mas para quem está diretamente envolvido no processo já é momento de começar o trabalho de olho em firmar parcerias, dobradinhas e conquistar o espaço político.

A cada eleição, fica a pergunta se o deputado estadual Ademir Bier (PMDB) tentará a reeleição ou buscará projetos maiores, como uma vaga na Câmara Federal. Em entrevista ao Jornal O Presente, ele reafirmou que vem trabalhando no seu projeto para mais um mandato na Assembleia Legislativa, mas admitiu que no início do ano que vem pode reavaliar isso dependendo de como estará o cenário político diante de tantas delações e denúncias.

O peemedebista também falou sobre o governo do novo prefeito de Marechal Cândido Rondon, Marcio Rauber (DEM), negou que seu grupo tenha enfraquecido com a derrota na eleição passada no município e teceu comentários sobre o PMDB paranaense e as reformas que estão sendo debatidas em Brasília. Confira.

 

O Presente (OP): O senhor vive hoje um cenário político novo em Marechal Cândido Rondon. Como deputado estadual que tem sua base eleitoral mais forte e seu domicílio no município, qual tipo de situação consegue verificar atualmente? É possível contribuir como deputado e participar do processo de administração municipal?

Ademir Bier (AB): Em um processo eleitoral é preciso aceitar o resultado. Sempre defendi eleição na faixa de fronteira, pois é um processo democrático e o melhor que existe. Precisamos saber perder e ganhar. Precisamos torcer para que realmente o Marcio Rauber faça um bom governo, porque os governos passam e o município fica. Devemos fazer o melhor para que as pessoas que aqui vivem sempre possam viver melhor e tenham qualidade de vida. Neste sentido, existe uma responsabilidade do nosso grupo e dos vereadores que elegemos, que estão comprometidos e fazendo o seu trabalho, que é de cooperar e fiscalizar os atos do governo. Quando estive na prefeitura eu tinha minoria na Câmara e os vereadores de oposição me ajudaram muito, porque as críticas e os pedidos de informações eram um sinal para mudar e acertar o rumo. Então torcemos para que isso efetivamente ocorra. No Estado temos as nossas responsabilidades e o nosso dever de fiscalização, mas também acompanhamos a situação local, até porque moro em Marechal Rondon e conheço o Oeste do Paraná. Me coloquei à disposição do prefeito Marcio e do vice-prefeito Ila (Ilario Hofstaetter) dentro daquilo que está ao meu alcance para poder contribuir com o município. Como rondonense não temos o direito de atrapalhar o governo, pelo contrário, temos a obrigação de ajudar naquilo que é possível.

 

OP: O senhor foi cotado diversas vezes e o seu grupo político contou com sua candidatura a prefeito até poucos meses antes das eleições. Existe algum arrependimento em não ter disputado a eleição?

AB: Confesso que foi uma decisão extremamente difícil de tomar naquele momento. Entendi que tinha compromisso com o Estado, que é um compromisso não só para agora nestes dois anos restantes de mandato, mas para o futuro a partir de um trabalho que estamos realizando em cima da não prorrogação dos atuais contratos de pedágio no Paraná. Conseguimos fazer um grande trabalho neste sentido e com a contribuição de outros deputados estaduais que estão conosco nesta luta. Estávamos gerenciando e comandando todo este processo e com a credibilidade das instituições para executá-lo. Então senti que naquele momento não era oportuno abandonar esse projeto. Não podemos nos arrepender daquilo que não foi possível fazer.

 

OP: O senhor sente que o seu grupo político enfraqueceu diante do resultado eleitoral e por dois vereadores eleitos pela sua coligação passarem a apoiar o atual governo?

AB: Lamento, mas é o processo político. Lamentavelmente às vezes o Poder Legislativo se curva ao Poder Executivo, porque ele é dependente. O vereador, para atender a sua base, de repente não faz aquilo que é o seu maior dever, que é o poder de fiscalização. Isso ocorre não só nas Câmaras Municipais, mas também nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional. Lamento efetivamente que isso ocorra. Acho que os vereadores que elegemos em uma campanha árdua, numa eleição de extrema dificuldade, deveriam ficar no grupo. Mas acreditamos que pelo fato de votar com o governo não quer dizer que não estejam comprometidos com o projeto de agora e de futuro. Em política se conversa e se ajusta, e é isso que pretendemos fazer. Por outro lado, o que percebemos no município é uma grande procura de lideranças importantes querendo se filiar no PMDB. Isso é um reflexo que há caminhos que precisam ser seguidos.

 

OP: Qual o cenário que o senhor desenha hoje para o seu grupo político, notadamente o PMDB do Paraná, nas próximas eleições?

AB: Estamos nos reestruturando. O partido possui uma força muito grande. Prova disso está no número de prefeitos e vereadores que elegeu em 2016. O PMDB não pode ficar alheio e vamos disputar a eleição em nível de Estado. Estamos conversando muito sobre isso. Estamos fortalecendo o partido, queremos montar uma grande chapa de deputados estaduais e federais e ter um candidato ao Governo do Estado. É um quadro muito nebuloso neste momento, até porque não sabemos quem será candidato e existe a Operação Lava Jato em andamento e denúncias ocorrendo no Paraná. Não sabemos como essas lideranças estarão para a eleição de 2018. Estou torcendo muito para que se faça a reforma política. É urgente. Em Marechal Rondon mesmo podemos ter a visão do quanto é maléfico se não fizermos esta reforma. Os interesses são muito grandes, gente formando partidos para sentar numa mesa e negociar aquilo que não pode ser negociado. E aí compromete as futuras gestões.

 

OP: Neste processo de reestruturação do PMDB, com frequência surgem notícias de que há conversas internas visando buscar um nome para dirigir o partido que seja mais consensual, ao invés do senador Roberto Requião. O que há de concreto?

AB: Em novembro haverá eleição e teremos mudança na direção do PMDB no Estado, quando o senador Requião termina o seu mandato. Quando ajustamos a sua eleição para estes dois anos ele expôs naquele momento que faria apenas uma gestão. Agora ele, democraticamente, tem todo direito para colocar seu nome novamente para a disputa.

 

OP: O senhor entende que a liderança do Requião é hoje prejudicial ao partido ou ele ainda fortalece o PMDB?

AB: O senador é uma grande liderança não só para o Paraná, mas para o Brasil como um todo pelo seu posicionamento e coragem em todas as atitudes.

 

OP: Mas o partido perdeu quatro deputados estaduais em virtude das truculências dele…

AB: Isso confere. Fui voto contrário e tentei insistir com o senador Requião para que não perdêssemos os quatro deputados, até porque são parlamentares com serviços prestados ao Paraná, competentes e que tinham sua história dentro do PMDB. Como eles não participaram da última campanha e apoiaram o governador Beto Richa (PSDB), isso fez com que o senador radicalizasse e praticamente exigisse a saída deles. Lamentei e para o PMDB foi muito ruim, pois perdemos bons quadros. Acreditamos que em uma reforma política os quatro deputados podem retornar ao partido.

 

OP: Quais são os pontos mais importantes em uma reforma política? É possível citar ao menos cinco itens que fazem parte do projeto do PMDB?

AB: Apenas uma mudança já resolveria o problema: o fim das coligações na proporcional. Essa é a maior doença. Existem mais de 200 partidos na fila prontos para ser criados. É gente que está interessada no fundo partidário, em vender horário de televisão e rádio, em negociar cargos em governo, em vender apoiamento. Vamos disputar uma eleição em Rondon e tem 15 partidos apoiando um candidato. É só olhar para ver que não existe partido. O que lamentavelmente estão fazendo é que em vez de fortalecer os partidos como instituição estão enfraquecendo-os. O enfraquecimento dos partidos é que possibilitou o Mensalão e a Lava Jato, por exemplo. Tem deputado que se pressionar não sabe nem o que significa a sigla do partido ao qual é filiado. E isso ocorre porque não existe compromisso.

 

OP: No cenário nacional estamos acompanhando uma situação sui generis, com a discussão e aprovação de reformas (trabalhista e previdenciária) e projetos importantes (fim do foro privilegiado e do abuso da autoridade). Apesar de todos os questionamentos, o senhor acredita que este governo é reformista?

AB: Com toda certeza. Entendo que as grandes cabeças do Brasil sentaram em uma mesa e resolveram discutir como resolver importantes questões. Gente que tem responsabilidade com esta nação e que quer deixar este legado. Não é possível ter um país que produz o que produz e o povo passando por extrema dificuldade. Estas reformas precisavam ser feitas há muito tempo e ninguém teve coragem de fazê-las, pois não tinham instrumento para isso. O Michel Temer sabe que deixará esse grande legado ao país. São reformas que precisam ser realizadas e todas são importantes. No caso da reforma trabalhista, por exemplo, estamos há 70 anos em cima de uma legislação que já não condiz com nossa realidade. Estão sufocando uma grande indústria trabalhista neste país, que desemprega e que desmotiva as pessoas a investir em um empreendimento. Essa reforma vai ocorrer, mas talvez não como era necessária, mas o que foi possível, que já é um avanço. A reforma previdenciária também é de extrema importância. A tributária é outra que vem logo, assim como a política. Este é o grande legado que o presidente Michel Temer pode deixar em favor do Brasil.

 

OP: O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em uma declaração que foi muito polemizada depois, disse que seria melhor para o Brasil se a Justiça do Trabalho não existisse tamanho o número de processos trabalhistas. O senhor concorda com ele?

AB: Ela (Justiça do Trabalho) precisa ser repensada. Quem assistiu uma palestra na Acimacar (Associação Comercial e Empresarial de Marechal Rondon) com um juiz do Trabalho sabe que este país precisa ser mudado. Ele colocou o sentimento dele, que é o mesmo de todas as pessoas. O problema é que ninguém quer alterar e qualquer mudança a pessoa já pensa se vai lhe atingir. Se for lhe atingir é ruim. Ela é boa se uma importante parcela da sociedade puder ser beneficiada. Essa mudança é importante para a geração de empregos. O que é interessante é que a legislação trabalhista compromete e faz fechar os pequenos negócios.

 

OP: No contexto de eleições, seu nome é constantemente cogitado como um possível candidato a deputado federal. Essa possibilidade existe em 2018 até em razão do Dilceu Sperafico (PP), que fazia dobradinha com o senhor, deixar a Câmara Federal?

AB: Na eleição passada houve um sentimento muito grande no sentido de ter essa representação em nível federal na nossa região. Acho que tem um caminho aberto que não foi totalmente preenchido com gente do Oeste do Paraná, mas que foi ocupado. Com a morte do Moacir Micheletto, o Sérgio Souza ocupou este espaço. Logo que foi eleito deputado estadual, foi posto o nome do (José Carlos) Schiavinato (PP) como futuro candidato a deputado federal. Trata-se de uma candidatura forte na região em substituição ao Sperafico. Mas dentro do PMDB a região está aberta. Eu estou trabalhando na minha reeleição para deputado estadual. Nosso trabalho está consolidado em cima disso, mas a partir do início do ano que vem vamos fazer uma avaliação. A princípio a minha candidatura será a deputado estadual.

 

OP: O senhor foi aliado do governador Beto Richa até o confronto que houve no Centro Cívico com os professores. Existe a possibilidade do PMDB e PSDB estarem juntos na próxima eleição no Paraná?

AB: Diante do não fortalecimento dos partidos, não podemos dizer o que pode ocorrer lá na frente, mas o senador Requião tem se posicionado que é contrário a qualquer coligação com o PSDB.

 

OP: Hoje, na sua avaliação, as reformas que o Governo do Paraná fez foram prudentes ou extravagantes?

AB: Entendo que foram necessárias naquele momento. O Estado vivia uma situação de extrema dificuldade. Foi um remédio extremamente amargo, porque o governo não fez sua parte e esta é a grande verdade. O governo mandou a conta para o contribuinte pagar e não fez sua parte. Agora o governo federal ajustou isso e pela primeira vez está fazendo a sua parte a partir daquele projeto que está dando muita polêmica (teto dos gastos públicos), mas precisava ser implantado. Agora precisaremos votá-lo na Assembleia, pois para renegociar e alongar a dívida o governo estadual precisará fazer sua parte e isso passará pela Casa. Deixei de apoiar o governo quando propôs mexer na Paranaprevidência, pois optou em pegar um dinheiro que não era dele. Este é um recurso que faltará no futuro, com toda certeza.

 

OP: O senhor percebe que o Governo do Paraná saiu na frente nas questões das reformas, pois outros Estados não a fizeram e hoje estão quebrados, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul?

AB: No momento o Estado teve essa visão importante. Contudo, o meu contraponto é que o governo não fez a sua parte. A sociedade está fazendo sua parte, inclusive esse ônus é bastante pesado e gerou muito desemprego no Paraná diante do aumento de impostos.

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