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Política Virada

Javier Milei é eleito presidente da Argentina; conheça suas propostas e sua trajetória

Político de extrema-direita terá a missão de conduzir o país em uma das piores crises econômicas de sua história

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(Foto: Divulgação/Facebook/Javier Milei)

O economista Javier Milei (La Libertad Avanza), de 53 anos, foi eleito presidente da Argentina neste domingo (19). Milei tomará posse no próximo dia 10 de dezembro.

Ele superou, no segundo turno, o candidato governista e atual ministro da Economia, Sergio Massa (Union por la Patria), que havia saído vencedor do primeiro turno, em 22 de outubro.

Às 21h21, com 97,4% das urnas apuradas, Milei tinha 55,76% dos votos contra 44,23% de Massa, que admitiu a derrota antes mesmo da divulgação da primeira parcial.

Em discurso após ser eleito, Milei falou que “hoje termina uma forma de se fazer política e começa outra“.

Virada

Segundo lugar no primeiro turno, Milei conseguiu reverter o cenário neste domingo. Uma virada em segundo turno era um feito que só havia sido conquistado em 2015 por Mauricio Macri.

Antes de o resultado ser conhecido, a campanha de Milei disse que houve transparência nas eleições, uma declaração que se opõe a declarações de Milei e apoiadores ao longo do processo eleitoral, o gerou até a convocação por parte da autoridade eleitoral para esclarecimentos.

Atual presidente argentino, Alberto Fernández disse que a transição começa a partir de segunda-feira (20).

Reflexo no Brasil

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), usou as redes sociais para desejar “boa sorte” ao novo governo, mas não citou o nome de Milei.

Com o resultado, o governo brasileiro deu orientação para não se cair em provocação. Lula havia apoiado Massa ao longo da campanha.

As propostas de Milei

Durante seus eventos de campanha, Milei aparecia empunhando uma motosserra, que simbolizava as promessas de de cortar drasticamente as despesas do governo, eliminar os subsídios públicos e “romper com o status quo”.

A plataforma eleitoral nacional do seu partido, La Libertad Avanza, indica que, em primeiro lugar, se trabalharia em um corte significativo nas despesas públicas e numa reforma para reduzir os impostos, com flexibilidade nos locais de trabalho, comerciais e financeiro.

Também se espera uma reforma para cortar os fundos atribuídos às reformas e pensões, uma redução do número de ministérios para oito e uma redução gradual dos planos sociais.

E, para concluir o plano, estão previstas a “liquidação” do Banco Central e reformas dos sistemas de saúde, educação e segurança.

Outras propostas polêmicas, como a dolarização da economia, fazem de Milei a grande novidade da política argentina nas eleições de outubro de 2023.

Quem é Javier Milei

Nascido no bairro de Palermo, em Buenos Aires, em 22 de outubro de 1970, Milei teve uma infância marcada por momentos polêmicos em família, que ele mesmo reconheceu em um programa do canal argentino “Telefé”.

Embora o relacionamento com seus pais não fosse bom, Milei encontrou apoio em sua irmã.

O economista reconhece que Karina Milei é a pessoa que melhor o conhece e é “a grande arquiteta” de seus acontecimentos políticos. Milei disse a diferentes meios de comunicação que, caso se torne presidente, ela desempenhará o papel de primeira-dama.

O jornalista Juan Luis González é um dos pesquisadores da biografia não autorizada do economista, intitulada “El Loco”. À CNN, ele declarou que a passagem de Javier Milei pelo Colégio Cardenal Copello, em Villa Devoto, foi marcada por bullying.

Para a elaboração do livro, o autor garante que conversou com os colegas de escola do candidato à Presidência e todos concordaram com a memória de um menino retraído e calado e que era alvo de piadas constantes.

Ligação com o futebol

Nos anos 1980, Milei tentava ser goleiro nas categorias de base do clube de futebol argentino Chacarita Juniors. “Não sou torcedor do Chacarita, mas passei a fazer parte do time profissional em 1989”, confessou o economista em entrevista à rádio “Urbana Play FM”, de Buenos Aires.

E quando se trata de futebol, outra informação aparece: Milei passou de ter um camarote e uma estrela no Museo de la Pasión Boquense, do Boca Juniors, a um torcedor favorável a que o River Plate ganhasse a final da Copa Libertadores de 2018, disputada entre os dois rivais.

Segundo ele, sua paixão pelo tradicional clube de Buenos Aires arrefeceu com a aposentadoria do atacante Martín Palermo, em 2011, e por discordar de decisões do ex-presidente Daniel Angelici.

Javier Milei e Victoria Villarruel, candidatos à Presidência e Vice-Presidência da Argentina
Javier Milei e Victoria Villarruel, novos presidente e vice-presidente da Argentina / Reprodução/Instagram

Corrida presidencial

A partir de 2018, a ascensão de Milei surgiu nos principais meios de comunicação argentinos, com a divulgação de seu discurso “liberal libertário”, como costuma chamar.

O grande salto em sua carreira política veio em 2020, quando anunciou sua candidatura à Presidência nas eleições de 2023.

Esse passo abriu caminho para que sua coligação, La Libertad Avanza, conquistasse duas cadeiras na Câmara dos Deputados no ano seguinte, ocupados por ele e por sua candidata à vice-presidência, Victoria Villarruel.

Suas principais propostas de campanha são a dolarização da economia argentina em etapas, a redução dos gastos estatais e a privatização de empresas públicas.

No plano trabalhista, ele propõe o fim das verbas rescisórias para reduzir os custos trabalhistas, mas duas das propostas que mais geraram polêmica encontram-se na esfera de segurança: a desregulamentação do porte de armas e a militarização das prisões.

Com CNN

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