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Editorial

Guerra além da Ucrânia

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A guerra da Rússia contra a Ucrânia está prestes a completar três meses, sem que um acordo de cessar-fogo esteja nos radares dos organismos internacionais que tentam acabar com o conflito. Mais de seis milhões de ucranianos já deixaram o país, fugindo das atrocidades de Vladimir Putin e seus fiéis soldados. Dados mostram que outras oito milhões de pessoas tiveram que se deslocar, dentro do país, para ter mais segurança e fugir dos bombardeios russos.

Essa guerra já soma milhares de mortos, mas as atrocidades e a devastação são tamanhas que nenhum número preciso pode ser apontado agora. Ontem (12) a Ucrânia acusou formalmente o primeiro russo a cometer crimes de guerra. Ele é acusado de assassinar um homem ucraniano, civil, de 62 anos, que andava de bicicleta quando se deparou com os russos.

Apesar da insanidade que continua a devastar a Ucrânia, apesar das mortes que não param em solo ucraniano, as atenções da guerra voltaram-se ontem à Suécia e à Finlândia, países vizinhos ao confronto. Os dois países são historicamente neutros, assim como o Brasil, mas nos últimos dias as autoridades de ambos sinalizaram interesse em aderir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

É uma resposta quase natural. Suécia e Finlândia observam de perto seu vizinho sendo atacado pelo gigante exército russo. Com poder bélico infinitamente menor, seriam presas fáceis caso Putin quisesse ampliar sua guerra. Participando da Otan, caso atacados, seriam imediatamente cobertos e protegidos por poderosos exércitos, capitaneados pelos Estados Unidos. Isso porque se um país da Otan é atacado, toda a Otan revida.

Mas a notícia de que esses países teriam interesse em se aliar à Otan deixou o governo russo irritado. Seus porta-vozes já disseram que se isso acontecer haverá consequências sérias. Fala-se até em ampliar a força militar russa no Mar Báltico, ponto estratégico no cenário geográfico daquela região da Europa. Até armas nucleares podem ser mobilizadas e deslocadas pelos russos para a região.

A Otan não para de crescer desde que foi criada. Seu crescimento tem uma relação diretamente proporcional ao ódio de Putin pelo grupo. Quanto mais ela se expande, mais agressivo fica Putin. Só a possibilidade de Suécia e Finlândia ingressarem para a Otan já é suficiente para causar notícias de uma possível terceira guerra mundial, uma guerra nuclear. O cenário parece longe de acabar e claramente é impossível um que seja final feliz.

Enquanto isso, o Brasil e o mundo sofrem com os problemas causados pela guerra, que gera efeitos colaterais bastante severos, como inflação e falta de alimentos. A guerra deve se estender por mais tempo, devastando a Ucrânia, matando militares e civis a cada nova explosão. Isso, por si só, já é terrível. Imagine se essa guerra extrapolar o solo ucraniano? As consequências seriam, hoje, inimagináveis, mas, obviamente, muito piores. Não só para quem está em guerra, para o mundo todo.

 

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