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Editorial

Propostas claras e justas para o pedágio

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Como não poderia deixar de ser, as primeiras audiências públicas sobre a questão dos pedágios, feitas em Foz do Iguaçu e Cascavel, desagradaram as lideranças da sociedade civil organizada. Entidades de classe e população se mostraram bastante insatisfeitos com as propostas apresentadas pelo Ministério de Infraestrutura.

A outorga é um dos maiores desagrados. Não cabe destrinchar aqui o que é esse sistema, mas basicamente deixa pontas soltas e uma insegurança tremenda sobre os preços no futuro. Outras questões, como vai começar com esse preço baixo por tantos anos, depois sobe. De que adianta esse tipo de negociação?

É preciso ser mais pragmático ao negociar essa questão que envolve a vida de praticamente todas as pessoas. Mesmo aqueles que não usam as rodovias vão pagar mais caro para que os produtos cheguem até os supermercados de suas cidades, até os centros de beleza, até os comércios e até no posto de combustíveis, na hora de abastecer o carro para se deslocar pela cidade.

O preço do pedágio não é só aquele dinheiro que se deixa nas cabines das praças, é embutido em tudo que precisa de logística pelas estradas.

Por mais complexa que seja uma negociação desse volume, que envolve bilhões e bilhões de reais, que muda a vida das pessoas de uma forma ou de outra, é preciso clareza nas negociações. É preciso que os deveres dos usuários e as obrigações das concessionárias e do Poder Público estejam bem explicitados, sem aditivos, parágrafos, incisos, exceto quando, desde que, a não ser na excepcionalidade… É preciso transparência e lisura para que a população paranaense e brasileira não seja prejudicada e que o grupo investidor possa ter uma justa taxa de retorno. Tem que ser o mais justo possível para os dois lados.

O pedágio também afeta a competividade da indústria brasileira. Por exemplo, toda a produção agropecuária do Oeste do Paraná é muito competitiva em todo o mundo, mas seria ainda mais não fossem os altos custos com logística. E o pedágio é uma das pedras no sapato da logística.

Vivemos em um país onde se pagam alguns dos maiores impostos do mundo. Mas a educação pública está longe da privada, assim como um atendimento mais agilizado da saúde depende de planos particulares, assim como a segurança privada ajuda a pública. Nas estradas não é diferente. Para se ter um pouco de qualidade, é preciso andar em rodovias pedagiadas. No entanto, ter um plano de saúde, uma segurança privada ou colocar o filho na escola particular é uma escolha. Trafegar pelas principais rodovias do Estado não é. Infelizmente é assim.

A sociedade precisa dizer não, não e não quando se sente prejudicada. O tema do pedágio está em plena discussão e precisa cada vez mais engajamento das pessoas. Não cabe mais ao povo paranaense e a todas as pessoas que trafegam pelo Estado pagarem valores absurdos, com contratos pessimamente elaborados. Já são quase 30 anos de uma terrível experiência. Não admitamos que isso volte a acontecer.

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