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Editorial

Superação das polarizações

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A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) lançaram a Campanha da Fraternidade de 2021 com um tema pra lá de pertinente: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”. O lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” reforça a intenção da Igreja Católica sobre a necessidade de um pouco mais de empatia entre as pessoas.

A campanha de 2021 é voltada ao diálogo para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual, especialmente nos contextos da política e da pandemia de Covid-19. A desinformação, a falta de compreensão de pontos de vista distintos, o próprio negacionismo do vírus, o desprezo pela vida dos outros, a intolerância política são temas que a campanha pretende tratar neste ano.

A própria igreja destaca que “não se trata de querer que todos pensem do mesmo modo”, mas de perceber que a diferença é convite ao diálogo e que deve ser encarada com naturalidade. A marca da radicalização, da polarização e do desrespeito às pessoas, em especial às mais simples e vulneráveis, deve ganhar destaque nos próximos meses no meio cristão.

O Brasil é um país com quase 220 milhões de habitantes, das mais variadas raças, crenças, culturas e religiões. E por mais bonita e rica que seja essa diversidade, por mais enriquecedora que uma cultura pode ser para outra, por mais que uma pessoa possa ampliar sua maneira de pensar com novas ideias, novos olhares sobre determinado assunto, isso tem sido deixado de lado. Parece que o diferente é errado.

E os extremistas da polarização estão cada vez mais ganhando notoriedade com a facilidade de opinar nas redes sociais. Extremos que beiram a insensatez, ou você acha conveniente misturar a pandemia com política? É conveniente ser xenofóbico a ponto de não tomar a vacina que veio da China por que se trata de uma nação comunista? Armados de discursos vazios, incendeiam ainda mais esse caldeirão de insensibilidade que o mundo vive hoje em dia.

E a culpa não é das redes sociais. Se a sociedade está intolerante, se as pessoas não se respeitam mais, se o diferente passou a ser errado, é a própria sociedade que está doente. E como todo doente, precisa de tratamento.

Ideal o tema da Campanha da Fraternidade deste ano. Sugere à sociedade uma reflexão sobre as relações com as pessoas, sobre a educação que as pessoas estão empregando no dia a dia umas com as outras. É um bom momento para refletir sobre as posições e os posicionamentos, sobre, em última instância, como as reações pessoais, de cada um, têm contribuído para um mundo melhor (ou pior).

As diferenças existem e precisam ser celebradas. O que precisa ser riscado da vida das pessoas é a falta de diálogo, a falta de respeito e a falta da educação. Uma sociedade doente precisa de cura. E o primeiro passo é admitir a doença.

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