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Pitoco "Desconvite"

Exército cancela a festa

Convites estavam distribuídos desde o final de outubro; seria o grande evento do ano na Companhia de Comando da Brigada Guarani, em Cascavel. Mas…

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(Foto: Divulgação)

O convite chegou por mensagem de texto aos celulares dos jornalistas de Cascavel às 13 horas e 25 minutos do dia 28 de outubro, pouco menos de 24 horas antes da eleição presidencial em segundo turno. Nele, o general de brigada Americo Vieira Pessôa convidava a imprensa para celebrar em solene formatura geral o aniversário da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, a Brigada Guarani.

Seria um espetáculo em dois atos nesta sexta-feira (11): o tradicional desfile militar no 33º Batalhão de Infantaria Mecanizado e outro de cunho cultural, no Teatro Municipal Sefrin Filho, com apresentações da Banda de Música da Brigada Guarani e da Orquestra de Câmara da Academia de Medalhística.

Passavam seis minutos das 13 horas da última segunda-feira (7) quando chegou o “desconvite”, também por mensagem de texto no celular, em brevíssimas palavras: “Os eventos de comemoração de aniversário da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada foram cancelados”.

A celebração de aniversário da Brigada Guarani é item relevante no calendário militar do Exército em Cascavel, rivalizando coturno a coturno com o desfile de 7 de setembro e com o tradicional desfile de 25 de agosto, quando o conscrito é “promovido” a soldado.

Informações sobre os motivos do cancelamento são escassas. Procurada, a comunicação da Brigada alegou que o general Americo estava ausente da cidade e qualquer informação adicional deveria ser obtida na Comunicação Social do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre.

Mas não precisa ostentar estrelas gemadas sobre os ombros para inferir o motivo do cancelamento: manifestantes insatisfeitos com a condução e resultado da eleição presidencial estão mobilizados exatamente na Rua 25 de Agosto, em frente ao 33º Batalhão, desde o último dia 31 de outubro, 24 horas após a eleição. Também não é improvável deduzir que o serviço de inteligência do Exército, através de agentes à paisana, esteja monitorando de perto o movimento.

Dali, possivelmente, surgiu o alerta para a suspensão das festividades de aniversário, temendo-se um “contágio” político do evento, tamanha a dimensão que as manifestações ganharam aqui.

“POLÍTICA NÃO ENTRA NO QUARTEL”

Conforme demonstrou reportagem da revista do Pitoco, de 13 de setembro de 2019, a Brigada Guarani guarda tradição de seguir a doutrina apolítica das Forças Armadas, assumindo-se como instituição de Estado e não de governo. No “Café com Pitoco” de outubro de 2019, o então comandante da Brigada, general Roberth Eickhoff, entrevistado no evento, declarou que há militares no governo, “mas que o Exército não está no governo e o governo não está no Exército”.

E disse que não permitia manifestação política de subordinados nem em rede social. “Política não entra no quartel”, enfatizou.

E a tradição se manteve no teste mais desafiante ao qual foi submetida a Brigada Guarani. Certamente a votação no 22 foi predominante entre os fardados, mas nas manifestações a hierarquia, disciplina e cautela falaram mais alto: o Pitoco apurou que não houve apoio logístico de parte do Exército aos atos antidemocráticos.

E que a alimentação dos manifestantes à base de linguiça com pão, água, refrigerante e café com leite foi providenciada por empresários, entre eles um conhecido grupo do agronegócio e uma empresa da área de transporte.

Embora o grau de mobilização tenda a arrefecer, notadamente após o relatório da auditoria que as Forças Armadas produziram sobre o sistema eleitoral – considerado frustrante para quem esperava ali um motivo para prosseguir – o movimento exibiu sinais de força.

Entidades como o G8, grupo das principais entidades da cidade, foram pressionadas a se posicionar favoráveis ao movimento. Em nota emitida na última quarta-feira (09), o empresariado buscou se equilibrar entre as críticas à condução da eleição e conceitos de liberdade de expressão, mas evitou “cancelar” o resultado do pleito, citando a Constituição como principal pilar da democracia.

Cancelado mesmo ficou o festerê da Brigada Guarani, que preferiu a doutrina do “Quartel Sem Partido” a ter que administrar uma situação que poderia facilmente fugir do controle e ganhar manchete nacional.

Inconformados com o resultado da eleição, manifestantes bolsonaristas reúnem-se defronte do 33º Batalhão de Infantaria Mecanizado, em Cascavel: festa cancelada (Foto: Divulgação/Pitoco)

Bicos fechados

Não é tarefa fácil obter qualquer informação que diga respeito ao preenchimento dos cargos federais mais disputados no Paraná: a diretoria, conselho e superintendências de Itaipu.

O Pitoco bem que tentou fisgar algo, com mensagens para integrantes de governos anteriores: o Zap foi para Jorge Samek, Pedro Tonelli e Gilmar Piolla, entre outros. Alguns leram, e silenciaram. Outros leram e tergiversaram.

É aquilo: pássaro na muda não pia, ou boca fechada não engole mosquito. A melhor estratégia para eventuais postulantes é o silêncio.

E vale lembrar: a binacional estará com seu orçamento vitaminado a partir de 2023, já que os serviços da dívida contraída para construí-la estarão quitados. Em outras palavras, haverá recursos livres adicionais da ordem de aproximadamente 1 bilhão de dólares/ano.

Em tempo: com a vitória de Lula, Hermes Parcianello, o Frangão, deve ser reabilitado.

Ele está na suplência do MDB, sigla que acaba de ser convidada a compor a transição de governo.

Provocado a respeito, Frangão alterou um pouco o adágio popular, e incorporou o bordão “Frango na muda não cacareja”.

Menos ainda aqui na região, onde estão alguns dos maiores abatedouros de frangos do planeta.

Catuaí visto de cima

– Fotografias aéreas produzidas em intervalos de 120 dias e posicionadas em uma linha do tempo mostram o avanço das obras do Catuaí Shopping, na região do Lago, em Cascavel.

– Segundo informações extra-oficiais, a obra acelera mesmo entre janeiro e fevereiro próximos. Serão mais de 265 operações comerciais e 1,5 mil vagas de estacionamento distribuídas por 65 mil metros de área construída.

– O desafio é nada desprezível: o empreendimento, rankiado no top três dos maiores do interior do Paraná, tem mês e ano de inauguração determinados pelo empresário Alfredo Khouri: abril de 2024.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

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