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Urbano Mertz

Willy Barth e a nossa história

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Muito admiramos e enaltecemos os nossos pioneiros, agricultores do Sul, que vieram se instalar no meio de uma floresta densa e sem nenhuma estrutura, mas com um sonho na cabeça: conquistar uma vida melhor para suas famílias. Mas por trás deste sonho havia uma empresa colonizadora chamada Madeireira e Colonizadora Rio Paraná S.A. (Maripá), e por trás desta empresa havia um homem chamado Willy Barth.

Willy Barth foi o principal responsável pelo desafio de constituir uma civilização de colonos produtores de mercadorias, dentro de uma floresta virgem de 275 mil hectares, que foi a Fazenda Britânia, adquirida pela Maripá em 1946.

Em 1949, Willy Barth assumiu como gerente da colonizadora. Com experiência em outros empreendimentos de colonização, ele tinha acumulado um “acervo de ideias pessoais” sobre como organizar e garantir o sucesso deste projeto, tais como: repartir a Fazenda Britânia em 65 perímetros, onde se formariam os núcleos comunitários; planejar as cidades-sedes e os distritos, delineando os lotes e as chácaras; medir mais de dez mil lotes rurais (colônias) com dez alqueires cada e, por fim, traçar e construir uma rede de estradas e pontes que dessem acesso a todos os perímetros e lotes. A estratégia de venda das colônias dava-se através de corretores de imóveis, que atraíam as famílias dos Estados do Sul e eram orientados a trazer colonos experientes na agricultura, com “pendor associativo” e até com habilidades diversas, como construção e ferramentaria.

Importante frisar que Willy Barth não admitia que os lotes fossem concentrados nas mãos de poucos proprietários, o que certamente aumentaria o lucro dos acionistas da empresa. Mas o temor de um fracasso do empreendimento fez com que a colonizadora buscasse adensar a ocupação, atraindo, através dos corretores, colonos de uma mesma região de origem, o que facilitava a interação entre as famílias pioneiras e a formação de uma estrutura social e comercial de um novo povoado.

Dadas as condições e os elementos para ocupação das terras, faltava uma premissa importante para o sucesso do empreendimento: a comercialização e a transformação da produção. Era necessário que se estabelecesse um fluxo econômico capaz de melhorar a qualidade de vida das famílias e assim desenvolver vilas e cidades com infraestrutura social e comercial. Neste quesito, a colonizadora investiu grande parte da sua fortuna auxiliando os colonos na venda dos seus produtos nos grandes centros e apoiando a industrialização.

No dia 03 de abril fez 60 anos que Willy Barth faleceu, aos 55 anos de idade. Conforme o escritor Oscar Silva, Willy Barth era carismático, um líder extraordinário, uma figura envolvente com uma personalidade impressionante, o maior líder que já pisou no Oeste do Paraná.

Willy Barth e sua obra sempre merecem ser lembrados, estudados e comemorados nos oito municípios formados na área do empreendimento. Lembrá-lo meramente como nome de logradouro público não faz jus ao papel que desempenhou à frente da colonizadora. Ele foi o principal responsável por um projeto desafiador de colonização, que se provou vitorioso, e do qual somos todos herdeiros e beneficiários.

 

Urbano Mertz é engenheiro agrônomo, vice-presidente do Conselho de Desenvolvimento Agropecuário de Marechal Cândido Rondon e inspetor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR)

urbanomertz2019@gmail.com

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