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Marechal Pequenos produtores

Condomínio de Agroenergia da Linha Ajuricaba tem futuro incerto

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Microcentral Termelétrica de Biogás do Condomínio Ajuricaba (Foto: Sandro Mesquita/OP)

Promover a inserção de pequenos produtores rurais na produção de biogás. Este foi o objetivo com a criação do Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar da Linha Ajuricaba, no interior do município de Marechal Cândido Rondon, no ano de 2009. A unidade, inclusive, foi a primeira do gênero no país.

Na época, a prefeitura rondonense, em parceria com a Itaipu Binacional e o Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás (CIBiogás), deu início ao projeto com a participação de 33 proprietários rurais. A municipalidade cedeu a área para a construção da Microcentral Termelétrica e ficou responsável pelo trabalho de escavações das lagoas, além da terraplanagem.

Os agricultores arcaram com a despesa para fazer as adequações necessárias nas propriedades, enquanto o maior investimento ficou por conta da Itaipu, a partir da construção e implantação dos biodigestores, tubulações e compressores de ar. O CIBiogás foi responsável pelos estudos científicos e todo o apoio técnico necessário.

Desde o ano de 2014 o condomínio opera em sistema de Geração Distribuída (GD) e está conectado à rede da Companhia Paranaense de Energia (Copel).

 

SITUAÇÃO HOJE

Atualmente, o Condomínio Ajuricaba conta com apenas 15 propriedades rurais e o biogás gerado diminuiu para menos da metade.

A agricultora Elisabet Vargas integra o condomínio desde o início e, mesmo com a desistência de outros produtores, mantém o biodigestor em funcionamento. O gás gerado na propriedade é usado para cozinhar e para aquecer a água usada na limpeza da ordenhadeira. O barracão, inclusive, recebeu investimento de R$ 76 mil.

Segundo ela, a economia mensal gira em torno de R$ 200. Além disso, o biofertilizante é aplicado nas lavouras e ajuda na economia da família. “Para nós ainda compensa produzir o biogás, porque se desistirmos teremos que pagar pelo gás de cozinha e pelo fertilizante”, diz.

Elisabet acredita que a desistência de muitos produtores se deve ao trabalho para manter os equipamentos e ao valor que era pago aos agricultores, que, segundo ela, girava em torno de R$ 0,25 por metro cúbico. A produtora lamenta o abandono por parte dos condôminos e o eventual desinteresse do Poder Público em manter a parceria.

De acordo com os produtores, a Microcentral Termelétrica encontra-se desativada e o biogás excedente produzido nas propriedades, que antes era canalizado, está se perdendo. Eles asseguram que em algumas propriedades que ainda mantêm os biodigestores ativos o biogás excedente está sendo lançado no ar, pois não possuem os chamados flares, aparelhos usados para queimar o gás.

Os produtores dizem que mesmo com o fim do contrato da Cibiogás, a instituição continuou por algum tempo a dar apoio técnico aos associados.

Ao O Presente, o secretário de Agricultura e Política Ambiental, Adriano Backes, disse que a Microcentral Termelétrica encontra-se em operação. Por sua vez, o prefeito Marcio Rauber informou que a prefeitura pretende rever o projeto e que a administração municipal tem interesse em manter o Condomínio Ajuricaba, inclusive um projeto está em elaboração por parte do Poder Executivo.

Produtora rural Elisabet Vargas investiu R$ 76 mil na construção do barracão para a sala de ordenha no início do projeto do Condomínio Ajuricaba (Foto: Sandro Mesquita/OP)

Fogão na propriedade da dona Elisabet utiliza o biogás como fonte de energia (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

ALCANCE

No auge de sua operação, o Condomínio Ajuricaba chegou a produzir 16 mil toneladas por ano de resíduos orgânicos de origem animal, com geração de aproximadamente 266 mil m³/ano de biogás.

Parte do biogás gerado era consumido nas propriedades integrantes do condomínio e o excedente enviado por meio de gasoduto de 25,5 quilômetros até a Microcentral Termelétrica, onde seria usado para secar grãos e gerar eletricidade.

Por algum tempo a energia elétrica era usada em prédios públicos do município, mas a parceria não durou muito tempo. Ainda em 2014, a Copagril firmou convênio com a Itaipu Binacional para utilizar o biogás do Condomínio Ajuricaba. A energia seria usada para alimentar as caldeiras da Unidade Industrial de Aves, entretanto a parceria também não prosperou.

 

BIOGÁS

O biogás é uma fonte de energia renovável, por isso é considerado um biocombustível. Ele é gerado a partir de matéria orgânica, principalmente de dejetos da agropecuária armazenados nos biodigestores, onde passam por tratamento anaeróbico durante a metabolização. O processo gera o dióxido de carbono e o metano, que se transformam em biogás. Os biodigestores reduzem em 90% a emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.

Se lançado diretamente no ar, devido à alta concentração de metano (cerca de 50%) e de dióxido de carbono (acima de 30%), o biogás se transforma em um poluente do meio ambiente por contribuir diretamente ao aumento do efeito estufa, podendo ser até 21 vezes mais poluente do que o gás carbônico.

Modelo de biodigestor utilizado no condomínio Ajuricaba em Marechal Rondon (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

O Presente

 

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