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Jair Bolsonaro: algumas razões para explicar o fenômeno do mito

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Jair Bolsonaro: ser politicamente incorreto impulsiona sua possível candidatura à presidência em 2018

 

Messias é o nome do meio de Jair Bolsonaro. Mas o termo poderia ser escrito entre aspas, qualificando o sentimento que muitos apoiadores têm em relação a ele. Quem é fã mesmo prefere chamá-lo de mito, o termo mais usado para se referir a Bolsonaro na internet e o grito que, nos últimos tempos, o acompanha em qualquer aparição pública que faz pelo país. Mas qual é de fato a razão do sucesso de Bolsonaro?

Em um contexto mais amplo, Bolsonaro acompanha a onda de um movimento comum a muitos países do mundo, que vêm preferindo políticos considerados antiestablishment, politicamente incorretos ou mesmo conservadores, no sentido de se apresentarem como oposição ao movimento mainstream progressista. Os exemplos mais relevantes desse movimento são a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, a escolha dos britânicos por deixar a União Europeia (o chamado Brexit) e o aumento das intenções de voto de candidatos da direita em diversos países da Europa ocidental. Explicar essa onda global é um desafio, pois ela representa uma ruptura, de certa forma surpreendente, de uma tendência anterior progressista, até então aparentemente consensual, que incluía um multilateralismo com regras supranacionais (em oposição ao nacionalismo tradicional), fronteiras mais abertas e ampliação de diretos das ditas minorias.

Messias é o nome do meio de Jair Bolsonaro. Mas o termo poderia ser escrito entre aspas, qualificando o sentimento que muitos apoiadores têm em relação a ele. Quem é fã mesmo prefere chamá-lo de mito, o termo mais usado para se referir a Bolsonaro na internet e o grito que, nos últimos tempos, o acompanha em qualquer aparição pública que faz pelo país. Mas qual é de fato a razão do sucesso de Bolsonaro?

Em um contexto mais amplo, Bolsonaro acompanha a onda de um movimento comum a muitos países do mundo, que vêm preferindo políticos considerados antiestablishment, politicamente incorretos ou mesmo conservadores, no sentido de se apresentarem como oposição ao movimento mainstream progressista. Os exemplos mais relevantes desse movimento são a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, a escolha dos britânicos por deixar a União Europeia (o chamado Brexit) e o aumento das intenções de voto de candidatos da direita em diversos países da Europa ocidental. Explicar essa onda global é um desafio, pois ela representa uma ruptura, de certa forma surpreendente, de uma tendência anterior progressista, até então aparentemente consensual, que incluía um multilateralismo com regras supranacionais (em oposição ao nacionalismo tradicional), fronteiras mais abertas e ampliação de diretos das ditas minorias.

Outsider, sem meias-palavras

Assim como Trump, Bolsonaro agrada a muitos eleitores por ser visto como um político outsider, que está fora dos esquemas da política tradicional. Ambos não medem as palavras para se expressar e não se furtam em usar palavrões ou ofender alguém e assim passam a sensação de estarem falando a verdade. Se nos Estados Unidos Trump venceu uma candidata democrata que tinha sua imagem altamente ligada ao establishment político e financeiro, Bolsonaro constrói sua imagem como a antítese dos governos de esquerda que dominaram a política brasileira nos últimos anos.

Por causa da defesa que faz de posições como a redução da maioridade penal, contra o desarmamento civil e a favor dos militares sempre de forma contundente e com frases de efeito , virou o inimigo folclórico da esquerda progressista. Nós vamos devolver o fuzil para o produtor rural; cartão de visita para o MST é cartucho 762, costuma dizer, por exemplo, em eventos no interior do país. E essa imagem de inimigo do politicamente correto é altamente capitalizada por Bolsonaro, que se aproveita dos apoios oriundos de um processo de reação pendular ao período dominado pela esquerda.

Outro ponto que contribui para sua popularidade de Bolsonaro é que sua figura está muito ligada à questão da segurança pública, um tema que ganha importância no país. É um fenômeno que remete ao conceito da Pirâmide de Maslow, que diz que primeiramente às pessoas se preocupam com as necessidades básicas, como a alimentação e a segurança, antes de pensar em problemas culturais e imateriais, explica Adriano Gianturco, professor de Ciência Política do IBMEC-MG. E como a segurança é um problema muito concreto no Brasil e que tem sido pouco explorado no debate político, segundo Gianturco, o foco de Bolsonaro no tema se reverbera.

Bolsomito e a corrupção

A questão do combate à corrupção, em voga, também contribui para a construção da imagem de Bolsonaro, visto como incorruptível por seus apoiadores, que gostam de citar como atestado de idoneidade do mito o fato de ele ter sido o único deputado federal do PP, partido a que era filiado à época, a não votar com o governo em projetos nos quais se demonstrou, no processo do mensalão, ter havido compra de votos.

Além dos fãs incondicionais, Bolsonaro tem atraído também uma parcela de eleitores moderados que, em parte decepcionados com a sequência de governos de esquerda e socialdemocratas, veem em Bolsonaro a chance de algo efetivamente novo. Um exemplo é do analista de sistemas Weslei Batista, de 38 anos.

Natural de Marechal Cândido Rondon e radicado em Curitiba desde 2008, Weslei pertence à classe média que precisou se esforçar com muito estudo e trabalho para se estabelecer. Ele não vê boas alternativas dentre os outros possíveis candidatos: Para mim são todos iguais, todos fantasiados de republicanos, mas só buscam perpetuar-se no poder e ganhar o máximo de dinheiro possível.

Ele cita Bolsonaro, João Dória e Ronaldo Caiado como candidatos que, mesmo não sendo ideais, têm algumas qualidades que podem ajudar a começar o processo de reaver o nosso direito de defender nossa família, de conquistar nossos bens honestamente e de viver em uma sociedade mais justa e meritocrática, diz. Weslei não chama Bolsonaro de mito e deixa claro que seu apoio não é incondicional: não tenho político de estimação, se Bolsonaro fizer besteira, cadeia pra ele também.

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