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Esportes Entrevista ao O Presente

De volta ao Brasil, Marquinhos Xavier prepara Seleção ao Mundial de Futsal

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Técnico da Seleção Brasileira de Futsal, Marquinhos Xavier: “Quem sabe falte lobby político ou o futsal investir nessa campanha de unir as federações para torná-lo uma modalidade olímpica. Teria de ser um movimento em nível mundial, talvez com federações exigindo futsal e beach soccer também” (Foto: Joni Lang/OP)

Técnico da Seleção Brasileira de Futsal, o professor Marquinhos Xavier é bastante conhecido em Marechal Cândido Rondon e região pelo trabalho realizado à frente da Copagril Futsal de 2009 a 2014, tendo conquistado dois títulos do Campeonato Paranaense Série Ouro, em 2009 e 2013, e o vice da Liga Nacional de Futsal no ano de 2010.

Depois de atuar como treinador do Carlos Barbosa, de setembro do ano passado até o início de abril ele foi técnico do Sharjah Futebol Clube, dos Emirados Árabes. De volta ao Brasil, Marquinhos esteve nos últimos dias em Marechal Rondon, oportunidade em que concedeu entrevista ao O Presente. À reportagem, ele falou sobre a Seleção de Futsal que passou ao comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), bem como da preparação ao Mundial na Lituânia. Também comentou sobre o ingresso do Marechal Futsal na Liga Nacional. Confira.

 

EXPERIÊNCIA

Sobre o trabalho desenvolvido no Sharjah, Marquinhos diz que foram sete meses de experiência fora do país e uma oportunidade importante para aquele momento de sua carreira. “O convite surgiu em agosto do ano passado e como as competições estavam paradas, porque o Mundial era para ter acontecido em setembro de 2020, mas a pandemia do coronavírus não permitiu, e os Emirados Árabes estavam com uma ‘vida normal’, eu aceitei o convite. Profissionalmente era importante para mim estar em quadra. Eu havia me desvinculado do Carlos Barbosa em 2019 para ter dedicação exclusiva à Seleção em 2020, porém o Mundial não aconteceu e acabei ficando sem clube”, expõe.

Ele afirma que foi um desafio estruturar uma equipe de futsal em um clube de futebol. “Fui lá para esse trabalho de montagem, pois o clube não tinha atletas, mas tem ideia de daqui dois ou três anos brigar por títulos. Me envolvi na parte técnica, mas meu trabalho era mais de organização”, comenta.

O técnico menciona que tem proposta de renovação para a próxima temporada. “(O retorno) vai depender dos meus trabalhos com a Seleção Brasileira, mas foi bom por ter montado uma equipe do zero e terminar competindo de igual para igual com adversários que já estão na Liga há muitos anos. Essa possibilidade de competir em nível de igualdade fez com que a gente pudesse em alguns torneios vencer jogos contra adversários importantes e figurar entre as primeiras equipes da competição. Então foi um trabalho bem legal”, analisa.

 

EXCLUSIVIDADE

Em breve, o treinador retorna a Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul, onde reside com sua família, para organizar a Seleção Brasileira de Futsal, tendo em vista o Mundial de setembro, na Lituânia. Os treinamentos com atletas, no entanto, serão mais para frente. “Nosso trabalho exclusivo se resume a ser mais teórico, menos prático, porque não há nenhuma competição até o Mundial. Nosso trabalho como comissão técnica é o monitoramento dos atletas. Estamos com lista de 25 jogadores para chegar a uma relação de 20 e algumas semanas antes da competição emitir lista final de 14 atletas”, expõe.

Segundo ele, o cronograma de trabalho já está organizado. “Estive no Rio de Janeiro na semana retrasada em uma reunião com a CBF montando o cronograma de trabalho. A Seleção deve se apresentar no mês de agosto para 15 dias de treinamento no Brasil, viajar a um país da Europa com mais dez dias e aí partir para a Lituânia, onde faz o ciclo final de disputa do Mundial. Por enquanto não há competição prevista, talvez pode acontecer um Sul-Americano”, relata.

Em relação às mudanças no futsal, ele informa que a Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) permanece com a organização, mas a CBF passa a gerir a modalidade. “É importante pontuar que a CBFS segue administrando o futsal e as competições como Taça Brasil e Super Copa. O que está na CBF hoje é a gestão das Seleções Brasileira masculina, feminina e de bases (sub-17 e sub-20). Fica sob responsabilidade da CBF por exigência da Fifa (Federação Internacional de Futebol), pois o Brasil é o único país com uma confederação própria de futsal. Hoje assume apenas a Seleção, mas no futuro pode ser que outras competições de futsal sejam geridas pela CBF”, ressalta, acrescentando que no momento a CBFS existe e organiza as competições, mas em nível internacional a representatividade direta passa a ser da CBF. “Depois tudo são expectativas, sendo difícil avaliar o quanto isso é benéfico, mas a gente sabe que ter uma confederação de futsal por muitos anos foi vantagem pela autonomia de desenvolver a modalidade. Hoje a CBF teria futebol, futsal e por alguns anos o beach soccer, ou seja, aumenta a demanda por serem modalidades diferentes, o que gera complexidade”, avalia.

 

 

Treinador Marquinhos Xavier: “A CBFS segue administrando o futsal e as competições como Taça Brasil e Super Copa. O que está na CBF hoje é a gestão das Seleções Brasileira masculina, feminina e de bases (sub-17 e sub-20). Fica sob responsabilidade da CBF por exigência da Fifa” (Foto: Joni Lang/OP)

 

NÃO OLÍMPICO

No que tange ao futsal ainda não ser disputado nas Olimpíadas, quando outros esportes com menos público participam dos jogos, o treinador da Seleção lembra que as modalidades olímpicas estão ligadas ao Comitê Olímpico Internacional (COI). “A Fifa coordena o futebol, enquanto o COI administra o resto, portanto são entidades com interesses diferentes. O futsal atende 80% e 90% dos critérios para ser olímpico, então é uma discussão de anos ser ou não olímpico, contudo a gente não tem conhecimento do motivo”, pontua.

Marquinhos afirma que a comunidade do futsal espera o ingresso da modalidade nas Olimpíadas. “Não tenho conhecimento nenhum de que isso esteja sendo tratado, discutido ou pensado por parte do COI. O Brasil sediou as Olimpíadas do Rio em 2016 e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) poderia ter incluído o futsal quem sabe como modalidade de apresentação por ser permitido aos países-sede, mas não o fez nem dentro do nosso próprio país onde o futsal é uma das modalidades mais praticadas, se não a mais praticada. Quem sabe falte lobby político ou o futsal investir nessa campanha de unir as federações para torná-lo uma modalidade olímpica. Teria de ser um movimento em nível mundial, talvez com federações exigindo futsal e beach soccer também”, entende.

 

MARECHAL FUTSAL

No que se refere ao ingresso do Marechal Futsal na Liga Nacional de Futsal, cuja estreia terminou em vitória de 3 a 2 a favor do Brasília, o treinador entende que o novo projeto rondonense pode sim ser bem-sucedido em âmbito nacional. “Existem vários caminhos e talvez esse possa ser um deles para alcançar o sucesso. Eu não conheço o projeto, nem diretrizes, objetivos e investimentos, porque tudo isso precisa estar em aberto para se fazer qualquer tipo de julgamento, então fica difícil opinar”, enaltece.

Marquinhos diz que consegue medir a importância do futsal em Marechal Rondon e entende que a comunidade acostumou a ver a evolução das equipes. “Cheguei em 2009 com pressão pelo título estadual, o que foi conquistado. Na época se falava que ou ganhava a Série Ouro ou o time acabava. Em 2009 fomos à Liga Nacional com uma excelente campanha e em 2010 chegamos a disputar o título com a Malwee de Jaraguá do Sul”, relembra.

“Depois de mim a Copagril também teve resultados satisfatórios com duas semifinais de Liga sob o comando do Paulinho Sananduva. Isso é muita coisa. Mas acho que isso foi pouco tratado com a população. Com a desativação do projeto de futsal da Copagril surge um novo projeto, em época de pandemia. Sem o torcedor acompanhar, perde-se sensibilidade, pois ele é o termômetro da equipe. Investidores se retraem pela questão econômica e o torcedor acompanha distante, ou seja, o desafio atual é enorme. O único resultado que interessa no esporte é vencer. Espero que tenha força para ressurgir e manter esta equipe na Liga Nacional”, frisa.

 

LIGA PARANÁ E FEDERAÇÃO

Ao falar das competições promovidas pela Liga Paraná Futsal e pela Federação Paranaense, haja vista que atualmente os clubes do país têm poder de decidir de quais competições desejam participar, o treinador da Seleção enaltece que as Ligas fazem parte de um direito legítimo. “E quando a discussão fere um direito, ela deve ser repensada. Não há motivo para punição. Elas podem correr paralelas e cada um vai para onde tem melhores benefícios. A concorrência é positiva, então a Liga Paraná não rouba o espaço da Federação, que, por sua vez, não pode exercer o monopólio sobre a modalidade que pertence à comunidade do futsal. As entidades precisam entender que estão a serviço da comunidade. Quanto melhor prestador de serviço, mais terá do seu lado clubes, associações; quanto pior for, as pessoas vão se afastar”, analisa.

Marquinhos menciona que acompanhou os fatos a distância, mas entende que a “briga” jurídica prejudicou o futsal paranaense e as equipes porque transmite temor aos investidores. “Pela tentativa de ter o poder das coisas, os dirigentes acabam indo contra o próprio produto. O maior inimigo do futsal são as pessoas que fazem futsal contra seus princípios. O grande problema do esporte são os dirigentes, que se qualificam pouco e não vão atrás de informações e de acordos, querem fazer tudo de forma velada, blindada. Há Estados onde a Liga caminha junto com a Federação, portanto é possível trabalhar junto”, finaliza.

 

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