Geral Meteorologia
De La Niña para El Niño: de neve para granizo no início da primavera
Primavera de 2022 começou com ar gelado e neve enquanto a de 2023 se inicia com brutal onda de calor na América do Sul e tempestades
As primeiras horas da primavera tiveram algo em comum entre 2022 e 2023: gelo. Com uma enorme diferença. No ano passado, o começo da estação registrou queda de neve enquanto neste ano o início se deu com queda de granizo e de grande tamanho em algumas cidades do Rio Grande do Sul.
No começo da estação no ano passado, ademais, havia uma intensa massa de ar frio com ciclone e neste ano uma extraordinária massa de ar quente que elevou as máximas a 44,5ºC ontem no Paraguai com marcas acima de 40ºC no Brasil em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul., Goiás, Tocantins e Maranhão.
O primeiro amanhecer da primavera de 2022 teve neve acumulada no solo no distrito do Cruzeiro, em São Joaquim, no Planalto Sul Catarinense, a uma altitude de 1.500 metros. Foi evento meteorológico histórico não apenas por ser uma neve muito tardia como com acumulação em plena estação das flores.
A neve começou a cair nos primeiros minutos da primavera, no dia 22 de setembro de 2022, quando a instabilidade atuava na região e o ar polar chegava com força. Com a manutenção da Instabilidade, a neve prosseguiu na madrugada do dia 23 e acumulou em pontos do Planalto Sul Catarinense.
Neste ano, ao contrário, pela interação de umidade com ar excepcionalmente quente, as primeiras horas da primavera registraram um intenso temporal de granizo em cidades da Campanha e do Sul gaúcho com pedras de gelo maiores que ovos.
Bagé foi a cidade mais castigada pelo granizo na madrugada deste sábado. Moradores da cidade formavam longas filas no final da madrugada Centro da cidade em portas de lojas de material de construção em busca de lonas e telhas. No Ginásio Militão, cadastro era feito dos moradores que necessitavam ajuda.
O que explica tamanha diferença de um começo de estação para o outro. A resposta está bastante longe do Sul do Brasil e passa por fenômenos oceânico-atmosféricos que impactam o clima no mundo inteiro.
No começo da primavera de 2022, o Oceano Pacífico Equatorial experimentava o terceiro ano seguido de La Niña, o fenômeno que gera resfriamento das águas superficiais e favorece mais frio no Sul do Brasil.
Já no início da primavera de 2023, o Oceano Pacífico Equatorial passa por um processo de aquecimento das águas superficiais pela presença do fenômeno El Niño, cujo começo foi declarado pela NOAA (Estados Unidos) na segunda semana de junho de 2023.
Na última semana do inverno de 2022, a anomalia de temperatura da superfície do mar na região Niño 3.4 (Pacífico Equatorial Centro-Leste) era de -0,9ºC (La Niña moderado) e na última semana do inverno deste ano era de +1,6ºC (patamar de El Niño forte).
