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Geral R$ 77 milhões na conta

Empresário recebe depósito por engano e fica milionário por algumas horas

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Por apenas três horas, um comerciante de Curitiba ficou milionário na última semana, perto da virada do ano (Foto: Divulgação)

Por apenas três horas, um comerciante de Curitiba ficou milionário na última semana, perto da virada do ano. Ao consultar o saldo de sua conta bancária no dia 27 de dezembro, Paulo André Alves, que é dono de uma distribuidora de bebidas em Curitiba, se surpreendeu com os números que viu na tela de seu computador. Descobriu que havia R$ 77,6 milhões na conta empresarial que mantém no Banco Safra. O comerciante esperava ter perto de R$ 8 mil de saldo para quitar responsabilidades de fim de ano. Sua empresa, a Distribuidora Seu Antônio, movimenta em torno de R$ 30 mil por mês.

“Daí você abre o internetbank e quase tem um mini infarto, mas depois descobre que foi um erro do banco. Milionário por meio dia. 77 milhões já dava para passar o réveillon bem.”, brincou o comerciante.

O valor superaria os R$ 5,8 milhões que cada um dos 52 ganhadores da Mega da Virada levou neste ano, mas quando viu o saldo incomum em sua conta, Paulo André não ficou feliz com a surpresa. “Fiquei preocupado. É uma conta empresarial, por isso é preocupante, (poderia) ter sido ‘hackeado”’, suspeitou. Ao comerciante, o gerente do banco explicou que houve, de fato, um erro, mas não deu detalhes da operação, segundo o cliente. “Liguei lá perguntando o que tinha acontecido e falaram que era um erro ‘sistêmico’”, conta Paulo André.

Os R$ 77,6 milhões permaneceram na conta entre 9h e 12h daquele dia, até que o próprio banco fez a correção, sem que houvesse contato com o cliente. Segundo Paulo André, a ação do banco trouxe outra dor de cabeça: o dinheiro que havia na conta antes do erro, os R$ 8 mil, haviam sumido. “Já tinham feito a alteração, mas o meu valor de 8 mil tinha sido tirado também. Dai eu fiquei preocupado e liguei”, diz.

Paulo conta que, apesar do transtorno, a conversa com os funcionários do banco foi bem-humorada. “Foi bem tranquilo. Falei que tinha ficado rico”, lembra. Em seguida, o dinheiro que pertencia ao comerciante foi devolvido. O banco não revelou a origem dos R$ 77,6 milhões.

 

E se sacasse?

Mesmo que quisesse, Paulo André não poderia ter sacado o dinheiro ou parte dele. Clientes que precisam sacar valor igual ou acima de R$ 50 mil, em dinheiro vivo, devem informar ao banco com no mínimo três dias úteis de antecedência. Também é preciso fornecer dados adicionais sobre a transação, como os motivos da movimentação financeira. Até então, a comunicação prévia ao banco era exigida apenas com um dia útil de antecedência e para valor igual ou acima de R$ 100 mil.

A coordenadora do Procon do Paraná, Claudia Silvano, afirma que é comum que bancos cometam erros de transferência de valores, mas não tão expressivos como no caso de Paulo André e o Banco Safra. “O valor é muito alto. Setenta e sete milhões numa tacada só muito provavelmente foi um erro sistêmico mesmo. Quando acontece erro de transferência – que não acontece nesse valor ‘absurdo’ – o banco estorna o valor”, acredita.

Claudia lembra que o dinheiro original da conta deve ser devolvido e que a transação não pode causar transtornos ao correntista. “Não só devolvido (o dinheiro) como não pode ter nenhuma repercussão negativa para ele. Como ele justifica, por exemplo, para Imposto de Renda, uma entrada de R$ 77 milhões. A questão de não parecer uma operação regular, ou que possa ter alguma repercussão em termos de imposto de renda ou qualquer coisa do gênero tem que ser ponderado também. Mas o banco deve corrigir para aparecer que essa operação nunca tenha ocorrido”, sugere.

Entre as informações exigidas atualmente para movimentações tão expressivas está a finalidade a ser dada ao dinheiro sacado, além da identificação dos responsáveis e dos beneficiários do saque. (veja as operações envolvidas abaixo*).

As informações fornecidas pelos clientes são automaticamente encaminhadas ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O sistema financeiro brasileiro efetuou em 2017 mais de 1 milhão de comunicações de operações em espécie, segundo divulgou recentemente o Coaf.

Novas regras passaram a vigorar há um ano no Brasil. O maior controle das movimentações foi motivado, entre outras coisas, pela Operação Lava Jato, deflagrada em 2014. As medidas visam evitar práticas de corrupção e lavagem de dinheiro.

 

*Operações envolvidas:

1. emissão ou recarga de valores em um ou mais cartões pré-pagos, em montante acumulado igual ou superior a R$ 50 mil ou o equivalente em moeda estrangeira;

2. depósito em espécie, saque em espécie, ou saque em espécie por meio de cartão pré-pago, de valor igual ou superior a R$ 50 mil;

3. emissão de cheque administrativo, TED ou de qualquer instrumento de transferência de fundos contra pagamentos em espécie, de valor igual ou superior a R$ 50 mil.

 

Com Bem Paraná 

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