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Geral Por Caio Gottlieb

Milei bota pra quebrar em Davos

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Cantando loas ao capitalismo e ao livre comércio, que define como as únicas formas de acabar com a fome e a pobreza no planeta, e disparando críticas contundentes ao socialismo, o presidente da Argentina, Javier Milei, como já se previa, sacudiu as estruturas do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, com a sua entusiasmada pregação direitista ultraliberal e ganhou novas legiões de admiradores pelas muitas verdades incômodas que fez ecoar no evento.

Recheado de incontestáveis dados estatísticos, fatos históricos e sólidos argumentos acadêmicos, o pronunciamento inteiro é uma primorosa aula de economia, no cenário de um diagnóstico absolutamente preciso da realidade em que vivemos.

Pincei alguns dos trechos mais emblemáticos:

“Dizem que o capitalismo é ruim porque é individualista e o coletivismo é bom porque é altruísta – mas, claro, com o dinheiro dos outros”.

“Porque nunca se deve esquecer que o socialismo é sempre (e em todos os lugares) um fenômeno empobrecedor que fracassou em todos os países onde foi tentado. Foi um fracasso econômico. Foi um fracasso social. Foi um fracasso cultural. E, além disso, ceifou a vida de mais de 100 milhões de seres humanos”.

“Dado o retumbante fracasso dos modelos coletivistas e os inegáveis avanços do mundo livre, os socialistas foram forçados a mudar sua agenda. Eles deixaram para trás a luta de classes baseada no sistema econômico para substituí-la por outros supostos conflitos sociais igualmente prejudiciais para a vida em comunidade e para o crescimento econômico”.

“A primeira dessas novas batalhas foi a ridícula e antinatural luta entre homem e mulher. O libertarianismo já estabelece a igualdade entre os sexos. A base fundamental de nosso credo diz que todos os homens são criados iguais, que todos têm os mesmos direitos inalienáveis concedidos pelo criador, incluindo a vida, a liberdade e a propriedade”.

“A única direção para a qual o feminismo radical está evoluindo é uma maior intervenção do Estado para atrapalhar o processo econômico, oferecer empregos a burocratas que não contribuem em nada para a sociedade, seja na forma de Ministérios da Mulher ou organizações internacionais dedicadas a promover essa agenda”.

“Outro conflito que os socialistas propõem é o do homem contra a natureza. Eles afirmam que os seres humanos prejudicam o planeta e que ele (o planeta) deve ser protegido a todo custo, mesmo defendendo mecanismos de controle populacional”.

“Infelizmente, essas ideias nocivas impregnaram fortemente nossa sociedade. Os neomarxistas conseguiram cooptar o senso comum do Ocidente graças à apropriação dos meios de comunicação, da cultura, das universidades e de organizações internacionais”.

“Felizmente, somos cada vez mais aqueles que se atrevem a levantar a voz porque vemos que, se não enfrentarmos diretamente essas ideias, o único destino possível é ter cada vez mais Estado, mais regulamentação, mais socialismo, mais pobreza, menos liberdade e, consequentemente, um pior padrão de vida”.

E por aí vai. Cada parágrafo é um autêntico libelo contra os regimes totalitários e contra a escravidão dos povos pelos leviatãs estatais e seus insaciáveis dirigentes oportunistas, que se locupletam saqueando os cofres públicos.

Recomendo a todos aqueles que simpatizam ao menos em parte com os ideais libertários do mandatário argentino que busquem sua fala na internet e dispensem alguns minutos para a sua leitura. Vão se surpreender com tamanha clareza, racionalidade e sabedoria.

Como aperitivo, reproduzo abaixo, na íntegra, a brilhante parte final do antológico discurso:

“Viemos hoje aqui para convidar os outros países do Ocidente a retomarem o caminho da prosperidade. A liberdade econômica, o governo limitado e o respeito irrestrito à propriedade privada são elementos essenciais para o crescimento econômico.

Esse fenômeno de empobrecimento produzido pelo coletivismo não é uma fantasia. Nem fatalismo. É uma realidade que os argentinos conhecem muito bem. Porque já vivemos isso. Já passamos por isso. Porque, como eu disse antes, desde que decidimos abandonar o modelo de liberdade que nos tornou ricos, estamos presos em uma espiral descendente onde ficamos mais pobres a cada dia.

Já vivemos isso e estamos aqui para alertá-los sobre o que pode acontecer se os países do Ocidente, que se tornaram ricos com o modelo de liberdade, continuarem por esse caminho de servidão.

O caso argentino é a demonstração empírica de que não importa quão rico você seja, quanta riqueza natural você tenha, não importa quão capacitada seja a população, quão educada seja, nem quantas barras de ouro haja nas arcas do Banco Central.

Se forem tomadas medidas que atrapalham o livre funcionamento dos mercados, a livre concorrência, os sistemas de preços livres, se o comércio for impedido, se a propriedade privada for prejudicada, o único destino possível é a pobreza.

Por fim, gostaria de deixar uma mensagem para todos os empresários presentes aqui e para aqueles que estão nos assistindo de todos os cantos do mundo: não se deixem intimidar nem pela classe política, nem pelos parasitas que vivem do Estado.

Não se entreguem a uma classe política que só quer se perpetuar no poder e manter seus privilégios. Vocês são benfeitores sociais. Vocês são heróis. Vocês são os criadores do período de prosperidade mais extraordinário que já vivemos.

Que ninguém lhes diga que sua ambição é imoral. Se vocês ganham dinheiro, é porque oferecem um produto melhor a um preço melhor, contribuindo assim para o bem-estar geral. Não cedam ao avanço do Estado. O Estado não é a solução. O Estado é o problema em si.

Vocês são os verdadeiros protagonistas dessa história, e saibam que, a partir de hoje, contam com um aliado inabalável na República Argentina. Muito obrigado e viva a liberdade, caralho!”

Sabemos, é óbvio, que não será nada fácil para Milei curar a Argentina da infecção peronista, o desastroso modelo de socialismo sindical, baseado em criminosas práticas de populismo político, que colocou, ao término do último governo, mais de 40% da população na extrema miséria.

Não será fácil para Milei convencer os habitantes de um país que já esteve entre os mais ricos do mundo e hoje está na bancarrota a aceitarem mais sacrifícios, e fazê-los compreender que as coisas, antes de começarem a melhorar, ainda vão piorar bastante.

Mas para os ouvidos de quem trabalha, produz, investe, empreende e se arrisca gerando renda e emprego para desenvolver uma nação, suas palavras, ao renovar a esperança de que nem tudo está perdido, soam como música. Aliás, como um belo tango de Gardel.

Caio Gottlieb é jornalista, publicitário, fundador e sócio-proprietário da Caio Publicidade, agência de propaganda com mais de três décadas de atuação em Cascavel e no Oeste do Paraná. Blog: caiogottlieb.jor.br

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