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Geral Expectativas dos empresários

Natal dá fôlego ao comércio rondonense depois de um ano sofrido

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(Foto: Joni Lang/OP)

Dois mil e vinte foi um dos anos mais atípicos e sombrios dos últimos tempos, mas algumas datas comemorativas, como o Natal e o ano novo, servem de acalento para as famílias, e também para o comércio, que sentiu “na pele” os impactos da pandemia de coronavírus.

Ainda que as tradicionais festividades não ocorram nas mesmas proporções em razão das restrições de distanciamento social e aglomerações, muita gente vai reunir os familiares e/ou amigos e presenteá-los. Com isso, a estimativa é de vendas aquecidas.

No país, de acordo com levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 54% dos consumidores devem presentear alguém no Natal deste ano. Já no Paraná, pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR) aponta que 75,4% dos entrevistados no Estado têm intenção de presentear.

A torcida de muitos comerciantes é de que este seja o Natal da “compensação”. Considerando que muitas famílias não vão gastar em viagens e a ceia terá menos convidados, muitos esperam que os consumidores caprichem nos presentes.

 

EXPECTATIVA POSITIVA

O empresário rondonense Elonir Kochem, proprietário da Livrarias Globo, aposta num consumidor animado e disposto a gastar com presentes. “Até por estar mais em casa, acredito que o consumidor estará animado para o fim de ano, ajeitando o pinheirinho e enfeites de Natal, bem como pensando em presentes para os filhos e netos”, opina.

Há 38 anos atuando no comércio de Marechal Cândido Rondon, ele garante que a expectativa de vendas é positiva. “As pessoas recebem o 13º salário e os produtos agrícolas também estão em alta, então há mais dinheiro circulando e isso se reflete nas compras de presentes, artigos de decoração, brinquedos e outros itens”, expõe.

Kochem acredita que por mais que os negócios tendam a estar em alta neste período, dificilmente vão recuperar as perdas sentidas ao longo do ano devido à pandemia. “Tivemos um ano totalmente atípico e mesmo que neste fim de ano haja um bom movimento no comércio, vai ser difícil recuperar o que deixamos de vender durante o ano”, avalia.

Elonir José Kochem, proprietário da Livrarias Globo, junto com seu filho e sucessor nos negócios, Gabriel Kochem: “Acreditamos que o consumidor estará animado neste fim de ano, ajeitando a casa e pensando em presentes” (Foto: Divulgação)

 

ALTO RISCO

Julie Dalla Costa, da Cacau Show, vê este fim de ano como uma incógnita. “Como vendemos alimentos, o risco é alto por conta da validade dos produtos. Esperamos que a população compre”, menciona.

Ela lembra que no período pré-Páscoa, ainda no início da pandemia, foi necessário oferecer descontos para incentivar o consumidor a comprar. “A franqueadora exigiu dar um monte de desconto e no final das contas tudo foi vendido, chegando a faltar mercadoria. Nós pagamos os custos dos produtos, mas não as despesas, e é com o lucro que a gente sustenta os outros meses”, relata. “Nosso produto subiu. A matéria-prima do cacau, que é dolarizada, registrou dois aumentos que não prevíamos”, amplia.

Para a empresária, o Natal será melhor do que a Páscoa. “Contudo, em relação a outros períodos natalinos, vai ser uma surpresa”, pontua.

De acordo com a empresária, as vendas aquecidas de fim de ano não devem recuperar as perdas sofridas no decorrer de 2020. “Tivemos dificuldades. Não tivemos desconto ou prorrogação nas despesas fixas, então, para nos sustentar, recorremos a empréstimos. Esperamos recuperar no próximo ano, mas no momento isso não vai ser compensado”, lamenta.

Julie percebe que a faixa de valor do presente tem diminuído. “As pessoas estão dispostas a gastar, mas com restrições. Claro, depende muito do poder de compra de cada um. Alguns não compram presentes, apenas chocolates de vez em quando, outros compram presentes de menor valor e há aqueles que vão na loja e fazem compras maiores, para várias pessoas de uma vez só”, detalha.

Julie Dalla Costa, franqueada da Cacau Show: “Como vendemos alimentos, o risco é alto por conta da validade dos produtos. Esperamos que a população compre” (Foto: Divulgação)

 

CONSUMO CONSCIENTE

Ela ressalta que cabe aos consumidores pensarem conscientemente no momento de realizarem as suas compras. “Eu também, como cliente, faço essa reflexão. Compro presentes para os meus colaboradores e opto pelo comércio local, não compro on-line porque aí os valores não são revertidos ao município. Se o cliente deseja uma cidade boa, com estabelecimentos de referência, é preciso colaborar com os empresários, comprar com antecedência, aproveitar os horários estendidos e demais facilidades do comércio local”, incentiva.

Sobre as medidas de prevenção à Covid-19, a empresária também vê o cliente como um protagonista. “Nós disponibilizamos os itens exigidos e cabe à população os utilizar, evitar aglomeração e seguir as recomendações para que o comércio não feche novamente”, enaltece.

 

PROCURA POR QUALIDADE

Empresária no ramo de calçados, Cleri Schweinberger também aposta em vendas aquecidas neste período natalino. “Acredito que as vendas de Natal serão boas este ano, apesar da falta de produtos que todas as áreas estão tendo em virtude da paralisação e racionalização do trabalho das indústrias, além da escassez de matéria-prima”, comenta.

Ela menciona que neste período do ano acontece o pagamento do 13º salário, que retorna para o comércio e faz a economia girar. “Contamos também com os excelentes preços dos produtos agrícolas, que animam as vendas”, pontua, comparando: “Tendo em vista os anos anteriores, nossa perspectiva é de melhora, apesar da pandemia. Em anos anteriores passamos por uma recessão extrema e agora, aos poucos, estamos vendo mudanças no quadro geral”, avalia ela, que é sócia-proprietária da Calçados Paraná.

Assim como os outros empresários entrevistados por O Presente, Cleri não vê possibilidade de recuperação das perdas sofridas durante o ano. “As vendas natalinas trarão um fôlego, mas a recuperação será difícil. O comércio foi obrigado a fechar suas portas por 30 dias e nesse intervalo as pessoas tinham medo de perder seus empregos. Com a falta de eventos, não investiram em produtos novos, o que reduziu as vendas em todo o ano. Isso sem mencionar o fato de que as escolas estão fechadas e nós deixamos de vender muitos produtos escolares, como mochilas e tênis”, observa.

No ponto de vista da empresária, o consumidor está à procura de preços acessíveis para dar conta dos gastos de fim de ano. “Percebemos também mais exigência em relação à qualidade dos produtos”, informa.

Cleri Schweinberger, sócia-proprietária da Calçados Paraná: “Nossa perspectiva é de melhora, apesar da pandemia. Em anos anteriores passamos por uma recessão extrema e agora, aos poucos, estamos vendo mudanças no quadro geral” (Foto: Divulgação)

 

SIGNIFICADO EMOCIONAL E ESPIRITUAL

Para Ivânia Kochan, sócia-proprietária da Marlô Modas, as vendas de Natal e fim de ano têm tudo para serem ótimas. “Este ano é atípico e o cenário é completamente diferente de tudo o que já vivenciamos, em todos os aspectos. Ainda assim, as festas de fim de ano, Natal e réveillon têm um grande significado emocional e espiritual. Existe um ritual e todos querem ser e fazer o seu melhor. Mesmo celebrando em casa, em poucas pessoas, todos querem uma roupa nova, querem presentear, arrumar a casa e também suas empresas”, opina.

Conforme a empresária, a preocupação em relação a um possível novo fechamento do comércio ainda existe. “Prova disso é a antecipação de compras, que já é uma realidade. Além disso, muitas empresas e fornecedores optaram por dispensar funcionários, o que diminuiu todo o processo produtivo, chegando a faltar produtos. Os lojistas, por sua vez, tiveram que se reinventar, criar nichos ou substituições”, compartilha.

Ivânia acredita que os consumidores devem ir às compras com entusiasmo e alegria neste fim de ano, mas, mesmo assim, ela concorda com os outros entrevistados: não vão recuperar as perdas registradas durante o ano. “Penso que não tem como compensar em um mês todas as oscilações que tivemos. Por outro lado, estamos preparados para ter um mês com muitas vendas”, enfatiza.

Ivânia Kochan, proprietária da Marlô Modas: “As festas de fim de ano, Natal e réveillon têm um grande significado emocional e espiritual. Existe um ritual e todos querem ser e fazer o seu melhor. Mesmo celebrando em casa, em poucas pessoas, todos querem uma roupa nova, querem presentear, arrumar a casa e também suas empresas” (Foto: Divulgação)

 

HORA DE RECUPERAR

Sócia-proprietária da Frida Casa e Decoração, Paula Hermes espera que as vendas sejam maravilhosas. “Se o comércio não fechar, as vendas serão muito boas. Mesmo que as pessoas não tenham dinheiro, estejam mais ‘apertadas’, elas reduzem o valor do presente, mas não deixam de presentear. Isso é o mais importante. Com tudo isso acontecendo, o simbolismo do Natal fica mais forte e a data vai ser mais comemorada do que nos outros anos”, prevê.

A empresária acredita que o aquecimento dos negócios será em grandes dimensões. “Comparado a outros Natais, a expectativa é de 10% a mais nas vendas. Já em comparação aos outros meses do ano, as vendas devem aumentar em torno de 50%”, mensura.

As boas expectativas, segundo ela, colaboram para a recuperação do que foi perdido durante o ano. “Os estabelecimentos tinham recursos guardados para melhorias nos espaços e investimentos, mas tiveram que utilizar para suportar os momentos de comércio fechado. Agora é a hora de recuperar as economias e poder respirar, porque janeiro e fevereiro não são meses fáceis para o empresariado”, salienta, emendando: “É importante que o comércio siga funcionando, pois muitas empresas não resistiram aos fechamentos anteriores e outras mais podem se prejudicar agora. O comércio conta com essa recuperação nas vendas”.

Paula Hermes, sócia-proprietária da Frida Casa e Decoração: “Comparado a outros Natais, a expectativa é de 10% a mais nas vendas. Já em comparação aos outros meses do ano, as vendas devem aumentar em torno de 50%” (Foto: Divulgação)

 

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