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Geral Operação Saruê

“O que chamou atenção foi a forma de agir”, diz coordenador do Gaeco sobre esquema entre políticos e empresários

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Coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti: Fizeram decretos de utilidade pública quando visivelmente não havia intenção ou característica dos imóveis para a finalidade aventada nos decretos, que seria a expansão da área industrial” (Foto: Divulgação/MPPR)

“O que chamou a atenção foi a forma de agir, ou seja, o fato de terem sido feitos decretos de utilidade pública quando visivelmente não havia intenção ou característica dos imóveis para a finalidade aventada nos decretos, que seria a expansão da área industrial”. A declaração é do procurador de Justiça e coordenador estadual do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP PR), Leonir Batisti, em entrevista coletiva, referindo-se à Operação Saruê, deflagrada na última quarta-feira (09) em Santa Terezinha de Itaipu e em Marechal Cândido Rondon, a qual culminou com a prisão de várias pessoas, entre elas lideranças políticas e empresários.

Naquele dia, o Gaeco cumpriu um mandado de busca e apreensão e prendeu o prefeito de Santa Teresinha de Itaipu, Cláudio Eberhard (PSDB), suspeito de integrar uma organização criminosa. Além dele, o vereador Antônio Luiz Bendo (Bim) (PP), um servidor público (ex-secretário municipal) e três empresários, sendo um deles de Marechal Cândido Rondon, também foram presos.

Há indícios de que o empresário rondonense preso atua no ramo imobiliário no município de Marechal Cândido Rondon e seria prestador de serviços da Prefeitura de Santa Terezinha de Itaipu.

De acordo com as investigações, o prefeito emitia decretos para aumentar a área industrial de Santa Teresinha em pontos de interesse de empresários e do próprio prefeito. Depois, o grupo pressionava donos de terrenos a vender os lotes a um preço mais baixo, afirmando que a expansão da área industrial causaria desvalorização.

Conforme a investigação, a intenção do grupo seria, posteriormente, revogar os decretos para proporcionar que os empresários do grupo tivessem aprovados projetos de loteamentos nessas áreas, conseguindo assim altos ganhos. “Quando uma área dessas se transforma em loteamento, esse valor sobe de forma estratosférica”, sinaliza o promotor de Justiça do Gaeco, Tiago Lisboa Mendonça.

Também foram presas em flagrante na Operação Saruê duas pessoas por porte ilegal de arma, sendo um funcionário da prefeitura que fazia a segurança da casa do prefeito e o gerente de um frigorífico. As investigações realizadas pelo Gaeco de Foz do Iguaçu iniciaram há mais de dois anos para apurar a existência de uma associação criminosa composta por servidores municipais e empresários.

São investigadas ainda possíveis fraudes em licitações para favorecimento do grupo, bem como fraudes na execução de contrato de revestimento de ruas. Há indícios de que houve ainda fraude na licitação do matadouro municipal. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 30 locais, incluindo residências, empresas, escritórios de engenharia e de imobiliárias, além de gabinetes e departamentos na prefeitura e na Câmara de Vereadores do município.

 

Prisão preventiva

Por se tratar de uma prisão preventiva, ou seja, não ter prazo, o prefeito de Santa Terezinha de Itaipu foi encaminhado à sede do Gaeco em Foz do Iguaçu no fim da manhã de quarta-feira, de forma que o TJ-PR decretou a suspensão do exercício das funções públicas do prefeito, do vereador e do servidor público. À tarde, o prefeito passou por exames no Instituto Médico Legal (IML) e seguiu para a Penitenciária Estadual I.

O Gaeco afirma que, entre os crimes praticados pelo grupo, estão associação criminosa, extorsão, falsidade ideológica e crimes contra licitações.

De outro lado, as defesas do prefeito e do vereador negam o envolvimento dos clientes em qualquer fato ilícito.

 

O Presente com assessoria

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