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Operação Quadro Negro investiga desvio de dinheiro de obras de escolas no Paraná; entenda

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Delator diz ao Ministério Público que Beto Richa pediu para apagar provas (Foto: Reprodução)

Um dos maiores escândalos de corrupção do governo de Beto Richa (PSDB), a Operação Quadro Negro investiga desvio de pelo menos R$ 20 milhões que deveriam ter sido usados na construção e reformas de escolas públicas no Paraná.

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) apresentou duas denúncias contra o ex-governados e mais cinco pessoas. Os promotores apontam Richa como chefe da organização criminosa que prejudicou a educação do estado.

De acordo com denúncia do MP-PR, o esquema era chefiado pelo então governador do Paraná, Beto Richa. Os promotores afirmam que o ex-governador era o comandante e principal beneficiário dos desvios.

A investigação que levou o ex-governador à cadeia foi baseada, entre outras provas, na delação premiada feita pelo ex-diretor da Secretaria de Educação do Paraná Maurício Fanini, preso desde 2017.

Na denúncia, os promotores afirmam que Fanini “desfrutava, há décadas, da mais íntima amizade com Beto Richa” e que cabia ao ex-diretor a missão a de solicitar vantagens indevidas a alguns empresários que tivessem contratos com o estado, como é o caso de Eduardo Lopes de Souza, da construtora Valor.

Os promotores destacam ainda que Fanini tinha a “obrigação de prestar contas regularmente a Beto Richa a respeito dos valores arrecadados”. A afirmação foi feita na delação premiada homologada pela Justiça.

“Eu ia praticamente semanalmente lá na casa dele [Richa], lá no gabinete dele, lá no Palácio Iguaçu, ou senão eu participava no fim de semana, estava sempre junto. Ele sabia o que estava acontecendo. Eu, olha, eu tenho tanto de dinheiro, aconteceu isso, aconteceu aquilo”, disse o delator.

A arrecadação da propina, segundo a denúncia, era feita por operadores, pessoas da mais alta confiança de Beto Richa, como Luiz Abi Antoun, primo dele, Ezequias Moreira, ex-secretário de Cerimonial, Jorge Atherino, empresário e amigo de Richa.

Eram eles que, seguindo ordens do ex-governador, informavam Fanini o momento e os valores a serem repassados. Richa, Atherino a Moreira foram presos preventivamente na terça-feira (19).

De acordo com os promotores, entre os anos de 2012 e 2014 foram feitos repasses milionários a Beto Richa.

O MP-PR afirma que o então governador deu aval para Fanini adotar medidas necessárias para aumentar o pagamento de propina.

Ainda que, para isso, tivesse que fazer ajustes para a conclusão das escolas – ou seja, pagar por obras que mal saíram da fundação e que reeleito ele tinha o segundo mandato para acertar a situação das empresas.

A denúncia detalha uma entrega feita em 2013, de R$ 500 mil. O pedido de propina foi feito, segundo os promotores, dentro do Palácio Iguaçu. Já o repasse, era destinado conforme determinação de Richa.

Na delação premiada, Fanini afirmou que parte do dinheiro desviado das escolas foi para uso pessoal do ex-governador.

A denúncia relata ainda que, quando esquema de corrupção começou a ruir, em 2015, Beto Richa agiu para atrapalhar as investigações. Ele também foi denunciado por obstrução de Justiça.

Os promotores afirmam que a organização criminosa passou a embaraçar as investigações para impedir o acesso a provas que levassem a Richa.

A ex-primeira dama, Fernanda Richa, segundo a denúncia, agiu para evitar que o ex-diretor da secretaria revelasse fatos que pudessem levar ao marido e líder do grupo criminoso.

Fanini afirmou, na delação, que Beto chegou a pedir para que destruísse documentos, fotos e mensagens.

“O Beto estava apagando as fotos do Luiz Abi. ‘Ó, tô apagando todas as coisas que eu tenho aqui do Luiz Abi, as conversas de WhatsApp, fotos, tudo, e você eu quero que faça a mesma coisa, tire, apague todas as fotos, as conversas, tire tudo. Se tiver dinheiro em casa, documento, tire tudo e tal”, afirmou Fanini.

O esquema de corrupção prejudicou milhares de estudantes e deixou em ruínas escolas de norte a sul do estado.

 

O que dizem os citados

Em nota, a defesa de Beto Richa disse que a prisão desta terça não tem fundamento, que são fatos antigos, já esclarecidos, e que as fraudes foram descobertas e denunciadas pela gestão do ex-governador, que tomou medidas contra os autores dos crimes.

A defesa disse que repudia o que chamou de perseguição ao ex-governador e a seus parentes, mas que segue confiando nas instituições do Poder Judiciário.

A defesa de Fernanda Richa disse que não teve acesso aos autos e que só vai se manifestar quando tomar conhecimento dos fatos.

Em nota, a Secretaria de Educação do Paraná informou que foi a primeira a investigar os indícios de irregularidades, que abriu uma auditoria interna e encaminhou o caso à Polícia Civil, MP-PR e Tribunal de Contas.

A defesa de Maurício Fanini afirmou que vai continuar colaborando com a Justiça e esclarecendo os fatos que são objeto das investigações e processos judiciais.

O advogado de Ezequias Moreira disse que vai se manifestar no processo.

A defesa de Jorge Atherino afirmou que não existem os requisitos para prisão preventiva e que vai se manifestar no processo.

O advogado da empresa Valor e de Eduardo Lopes de Souza afirmou que seus clientes continuam à disposição para colaborar com a Justiça.

Luiz Abi Antonun ainda não tem advogado constituído nos processos da Operação Quadro Negro.

 

Com RPC Curitiba 

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