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Os ganhos em saúde, sociais e econômicos do saneamento básico – por Dilceu Sperafico

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Foto: Divulgação

 

O saneamento básico deveria estar entre as prioridades absolutas do Poder Público e da iniciativa privada de todo o país, pois os retornos dos investimentos do setor vão muito além da imaginação da maioria das pessoas.

Para se ter ideia desse potencial, sem considerar vantagens ambientais, estudo do Instituto Trata Brasil prevê que a universalização do saneamento básico no Brasil poderia resultar em ganhos econômicos e sociais de até R$ 1,1 trilhão em apenas 20 anos.

A universalização do saneamento exigiria a coleta e o tratamento da água consumida e do esgoto gerado pela população brasileira residente nas áreas urbanas e rurais, de diferentes classes sociais.

Somente os ganhos com geração de emprego e renda e demanda de materiais e equipamentos para execução de obras, acrescidos do crescimento do turismo nas cidades beneficiadas, segundo especialistas, compensariam e ultrapassariam os investimentos da implantação dos sistemas de saneamento básico no território nacional.

Outros setores altamente beneficiados seriam os da saúde pública, educação e imobiliário, estimulando a revitalização de áreas urbanas e a melhoria da qualidade de vida da população, pois pesquisas recentes comprovam a relação negativa do baixo investimento em saneamento e o crescimento dos problemas decorrentes da disseminação de doenças.

De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2016, apenas 51,9% dos brasileiros contavam com redes de coleta de esgoto, o que significava que mais de 100 milhões de pessoas eram obrigadas a despejar os dejetos domésticos em fossas, rios, lagos, nascentes, matas e até mesmo terrenos baldios.

Quanto ao acesso à água potável e/ou tratada de fontes seguras ou levadas às moradias por redes de distribuição, o serviço básico e fundamental para a saúde pública continuava sem atender 35 milhões de brasileiros, em sua maioria pessoas de baixa renda e sem conexão com o sistema de abastecimento.

Conforme o estudo especializado, a universalização do saneamento teria custos de infraestrutura estimados em R$ 241,3 bilhões, que, somados às despesas com contas das famílias com serviços de água e esgoto, poderiam chegar a R$ 395,6 bilhões em 20 anos.

A extensão dos serviços, no entanto, traria muitos benefícios nesse período, tornando positivo o balanço final das contas do empreendimento. Os ganhos viriam da redução de gastos com saúde e da renda gerada pela ampliação da operação da cadeia produtiva do setor, com receitas estimadas em R$ 1,5 trilhão e balanço positivo de mais de R$ 1,1 trilhão para o país, empresas do setor e população.

Os maiores retornos dos investimentos viriam das próprias cadeias produtivas do saneamento, com renda gerada pela ampliação de redes, construção de estações de tratamento e outros empreendimentos vinculados ao saneamento, somando R$ 301,9 bilhões.

Com a renda gerada pelo aumento de operação de empresas responsáveis pelo setor, através da contratação de empregados e aumento da compra de produtos químicos, esses ganhos diretos do setor chegariam a R$ 489,9 bilhões.

Com a melhoria das condições de saúde da população, que sofre com doenças decorrentes da falta de saneamento e necessita de internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde (SUS), outros R$ 5,9 bilhões poderiam ser economizados em 20 anos.

 

O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

dilceu.joao@uol.com.br

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