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Geral Análise econômica

Taxa de juros deve chegar a 6,75% no fim de 2021, prevê diretor executivo da Sicredi

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Diretor executivo da Sicredi Aliança PR/SP, Fernando Barros Fenner: “A recuperação da economia é baseada no calendário vacinal. As pessoas precisam se vacinar e isso deve acontecer até setembro ou outubro, conforme estimativas do governo” (Foto: Divulgação)

Antes de março de 2020 ninguém imaginava viver uma pandemia e quando esta começou, ninguém esperava que ela fosse tão duradoura. Por fim, os meses se passaram e hoje, um ano e quatro meses depois, já é possível comparar o primeiro ano pandêmico com períodos posteriores e que o antecederam.

Ao fazer tal comparação, são notórias as marcas deste período, ainda presentes nos mais variados setores. Uns sentiram mais que outros, é verdade, mas todos de alguma forma vivem o reflexo da crise gerada pelo coronavírus.

A economia foi uma das principais atingidas. Todavia, aos poucos, os sinais de retomada são mais evidentes. “Já temos um desempenho econômico melhor”, avalia o diretor executivo da Sicredi Aliança PR/SP, Fernando Barros Fenner.

Segundo ele, a pandemia deixou e ainda deixa muitas sequelas no que diz respeito à perda de pessoas, mas o Brasil e vários outros países souberam lidar de forma com que a economia não parasse. “Em alguns momentos certas atividades tiveram que ser suspensas, mas hoje as administrações públicas têm maior certeza nas decisões. De uma forma geral, aprendemos a lidar com isso e o crescimento econômico continuou à sua maneira”, expõe.

 

RECUPERAÇÃO

O início da pandemia, conforme Fenner, foi marcado por uma forte queda na economia. “O primeiro semestre de 2020 teve duas etapas: três meses sem pandemia, com o Brasil voando, e três meses de pandemia, em que quase aterrissamos. No primeiro semestre de 2021, adentramos janeiro e fevereiro com queda nos casos, mas março foi marcado pelas novas cepas e mais casos. Isso impactou na economia”, enfatiza.

Ainda assim, 2021 está sendo melhor do que 2020, avalia o diretor executivo da Sicredi Aliança. “Agora temos pessoas vacinadas, as mortes estão diminuindo e vemos a vida voltar ao normal em países mais desenvolvidos, como Estados Unidos e Reino Unido. Parece que estamos nós também chegando em um ponto que buscamos desde o começo da pandemia, uma vida perto do que tínhamos antes”, salienta.

 

AGRO RESILIENTE

Enquanto setores como o de eventos e de turismo ainda não se recuperaram do baque da pandemia, outros têm “segurado as pontas”. “Em Marechal Cândido Rondon, o agronegócio foi fundamental para a economia. Além disso, o comércio rondonense, muito unido por meio da Associação Comercial, conseguiu se manter, o que não aconteceu em municípios sem esse tipo de organização”, enaltece, pontuando que associativismo e cooperativismo são o ponto alto do sucesso.

 

PODER DE COMPRA ATINGIDO

Nos últimos tempos, o consumidor tem percebido seu dinheiro comprar menos coisas, ou seja, seu poder de compra diminuir. O poder de consumo, destaca Fenner, é impactado diretamente pela inflação, e esta tem oscilado negativamente. “Bens básicos de consumo, como os da cesta básica, ficaram mais caros. Sim, o poder de compra diminuiu”, menciona.

Esse cenário, na opinião do diretor executivo da Sicredi Aliança, é momentâneo, considerando que, nas palavras dele, “o impacto da inflação também é passageiro”.

 

FINANCIAMENTOS E INADIMPLÊNCIA

A flutuação econômica, de acordo com Fenner, não tem impedido as pessoas de contratar financiamentos. Na Sicredi, por exemplo, ele diz que muitas seguem buscando linhas de crédito. “São pessoas físicas e jurídicas aproveitando esse cenário de juros baixos, porque há tendência de subir um pouco. Na nossa cidade, houve um aumento do crédito para pessoas físicas, jurídicas e também para o agronegócio”, relata.

Por outro lado, ele garante que a inadimplência na cooperativa de crédito não aumentou. “Conseguimos renegociar e adequar ao novo fluxo de caixa dos associados todas as operações de crédito”, afirma.

 

JUROS DEVEM AUMENTAR

Com a Selic passando de uma taxa de 2% para 4,25%, atualmente, o diretor executivo da Sicredi Aliança acredita que a tendência é de aumento nos juros, conforme apontam órgãos oficiais. “A taxa de juros deve chegar a 6,5% ou 6,75% no final de 2021, conforme o Boletim Focus do Banco Central. Esse patamar deve se manter estável em 2022”, comenta.

Fenner diz que, como previsto, a taxa de juros a 2%, a mais baixa da história, tinha dias contados. “Não se sabe se teremos outra taxa de juros tão baixa. O risco no Brasil é mais alto do que em países desenvolvidos. Para os investidores não compensa. Acredito que a taxa de 7% seja ideal, porque não podemos ter uma taxa acima de dois dígitos, visto que prejudicaria o desenvolvimento. A taxa prevista vai manter a economia estável e dentro da meta brasileira. Tivemos um descontrole disso e o Copom está agindo para regularizar a situação”, expõe.

 

EFEITOS DA VACINAÇÃO

No entendimento do diretor executivo, a saúde da economia está intimamente ligada à saúde da população. Consequentemente, pontua, a situação deve se fortalecer gradativamente conforme avança o percentual de pessoas imunizadas contra a Covid-19. “A recuperação da economia é baseada no calendário vacinal. As pessoas precisam se vacinar e isso deve acontecer até setembro ou outubro, conforme estimativas do governo. A área econômica do Sicredi acredita que no quarto trimestre deste ano e no primeiro trimestre de 2022, com a abertura de setores fechados há muito tempo, haverá uma elevação na oferta de empregos, na renda e em novos negócios. Essa união de fatores deve fazer com que o Brasil suba nos patamares que vinha alcançando em 2019 e início de 2020”, projeta.

A retomada deve ser afetada, segundo ele, pela quebra na produtividade do milho safrinha, o que deve impactar o preço dos produtos. “A geada vai ter impacto, pensando no agro da região, mas não é só aqui que se produz”, salienta.

 

EDUCAÇÃO FINANCEIRA SE MOSTROU ESSENCIAL NA PANDEMIA

Em termos de economia, a pandemia mostrou o quão importante é a educação financeira. “É preciso ser consciente e estar preparado para situações adversas. Percebemos associados que estavam preparados e outros que não estavam. Esse foi o momento de usar as economias emergenciais e aqueles que se precaveram passaram melhor por tudo isso”, opina Fenner, emendando que a tecnologia se mostrou uma aliada nessa organização e marcou presença nas cooperativas com ainda mais vigor nesse período: “A revolução tecnológica foi colocada à prova”.

Uma das lições da educação financeira, destaca o diretor executivo, é a boa aplicação dos recursos e, em tempos de pandemia, entende ele, mostrou-se o quão importante são os investimentos em saúde. “A gente precisa de mais investimento na área e, para tanto, é preciso cobrar que aquilo que pagamos de imposto seja convertido mais em saúde e menos em estádios”, opina.

 

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