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Um debruçar nos efeitos da crise e o que nossa região pode fazer – Lair José Bersch

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Foto: Arquivo/OP

Dúvidas? Medos? Conflitos? Pânico? Irresponsabilidade?

Para cada palavra citada, para cada pergunta acima, temos com certeza várias respostas. Para alguns conclusivas, para outros inconclusivas. Mas tenho certeza que uma questão é comum a todos: para onde estamos indo? Como será o depois da pandemia do novo coronavírus? E respondo: ninguém sabe ao certo, pois o sistema econômico mundial que comanda após a 2ª Guerra Mundial todas as ações e demandas do planeta se deparou com um fenômeno desconhecido.

Não há vacinas, não existem remédios e faltam investimentos em pesquisas e ciência e tecnologia. Mas, é unanimidade, por parte das pessoas sérias e dos setores de comando da saúde do mundo, que as pesquisas e a ciência poderão salvar ou minimizar os danos da Covid-19.

Hoje, 30 de março de 2020 (ontem), as informações apontam que nos países onde está mais grave a amplitude do vírus e o crescimento ocorre em escala exponencial (infectados e mortes), estes não foram escolhidos por poder econômico, poder bélico ou poder político. Castiga cidades, Estados e países que não adotaram medidas de prevenção na hora certa. A estrutura dos sistemas de saúde pública e mesmo privado (hospitais, leitos, UTIs, capacidade de exames e profissionais) é insuficiente para uma pandemia. É nas cidades, nos municípios onde as coisas acontecem.

Sob orientações dos governos federal e estadual, os prefeitos, Câmaras de Vereadores e organizações representativas da sociedade devem agir de forma planejada, racional e inteligente para que tenhamos o menor número de mortos possíveis. Quais as medidas? Evitar aglomerações, fazer o isolamento, adotar procedimentos preventivos (lavar mãos, desinfetar ambientes, medir temperatura etc…etc…etc) e manter decretos com esse viés. Mas, por quanto tempo deveremos fazer isso? Empresas fechadas, escolas fechadas, população isolada em suas casas, quem vai pagar a conta? E a economia como ficará?

Possivelmente dependerá do tempo, por quanto mais dias ou meses isso perdurará, mas teremos setores decretando falência, empresas demitindo e assim por diante. Qual a solução? Com certeza o isolamento e fechamento dos estabelecimentos estão dando o melhor resultado.

Organizações, líderes, pessoas aprenderam o que nestes poucos dias sobre a pandemia? Vejam os exemplos mundo afora. A coisa é séria e deve ser enfrentada como num regime de guerra.

A chanceler Angela Merkel, da Alemanha, deu um pronunciamento magnífico e foi taxativa: “… esse é o maior desafio que estamos enfrentando desde o fim da 2ª Guerra. Não podemos deixar de fazer nossas tarefas. Será necessário um grande sacrifício e está em nossas mãos…”. Líderes mundiais (Alemanha, Espanha, Itália, França, Reino Unido e até Estados Unidos), todos adotam aquilo que está recomendado para o bem de sua gente.

E, como localmente nos municípios da região, pode-se contribuir para reduzir prejuízos no campo humano como a perda de vidas de nossos irmãos? A primeira atitude é nossos líderes manterem a serenidade, adotando uma postura de autoridades comprometidas com as orientações superiores, afirmo, seguir rigorosamente os decretos, boletins e a legislação maior a ser respeitada. Aliás, os governantes e comandantes dos poderes públicos poderão ser responsabilizados em descumprimento às orientações superiores, inclusive da Organização Mundial da Saúde (OMS), podendo ter que responder no futuro, diante do Tribunal Internacional, pelas mortes. Por segundo, estruturar os sistemas públicos de saúde em cada cidade, a fim de atender infectados pelo coronavírus, além de buscar a ampliação de leitos de UTIs, leitos para internamento, ampliar as equipes e os profissionais e ter materiais de proteção da vida destes profissionais para não serem contaminados (na Itália 15% estão mortos), ter EPI’s, mais respiradores e disponibilizar materiais para testes diagnósticos do vírus. Já será um grande passo.

No campo econômico os municípios podem, legalmente, contribuir e socorrer os mais necessitados. A hora é agora. Entendo que é o momento das Associações Comerciais e Câmaras de Vereadores oferecer estudos e alternativas aos poderes Executivos. Marechal Cândido Rondon, por exemplo, tem, conforme a última prestação de contas, um superávit considerável. Seria possível reforçar o apoio ao Fundo Municipal de Saúde (materiais, equipamentos, mais pessoal) e criar um Fundo Social e de socorro comercial e econômico para os microempresários e para todos os cidadãos, utilizando, por exemplo, alguns dos milhões em caixa, 15, 20 milhões e minimizar as dificuldades de todos.

O Poder Público deve se preocupar com a população carente, concedendo auxílios e recursos diretos (via lei municipal em consonância com decretos federal e estadual). Para os comércios (MEIs/micros), que estão em vias de “quebrar”, disponibilizar um “oxigênio” (isenção de IPTU/ISS, com 30%, 40%, 50% de descontos). Os recursos com certeza voltariam a circular em nossa economia local mais adiante. Sem medo de errar, poder-se-ia atingir grande parte dos cidadãos de Marechal Cândido Rondon em um momento único sem comprometer o futuro financeiro de nosso município, bastando reordenar algumas prioridades. O que menos se precisa neste momento são atos de irresponsabilidade que podem custar caro, custar vidas. Solidariedade, visão humanitária e justiça social serão o combustível para sairmos dessa e construirmos uma sociedade melhor.

 

Lair José Bersch é professor da Unioeste

lairbersch@hotmail.com

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